Antonio Ferreira de Almeida Júnior
Antonio Ferreira de Almeida Júnior, mais conhecido por Almeida Júnior, nasceu aos 8 de junho de 1892, em Joanópolis (SP). Era filho de Antonio Ferreira de Almeida e de Othília Caparica de Almeida. Sua mãe faleceu quando tinha apenas quatro anos de idade. Iniciou seu curso primário da cidade de Joanópolis, dando continuidade em São Paulo, no 2º Grupo Escolar do Brás.
A morte muito precoce de sua mãe e, possivelmente, o segundo casamento de seu pai, contribuíram para que Almeida Júnior fosse criado por seus avôs, Anselmo e Bruna Caparica, até pelo menos 1902, pois, em 1905, já tinha concluído o curso primário em São Paulo. Tornou-se independente muito jovem, pois se referia a seu pai como “Tonico” e, ainda moço, teve importante participação nas decisões sobre os rumos da vida de sua irmã mais velha, Adília.
Almeida Júnior formou-se professor normalista em 1909, na Escola Normal da Praça da República, em São Paulo. Em 1910 iniciou suas atividades no magistério como professor primário da Escola Isolada da Ponta da Praia. Ainda nesse ano passou a lecionar na Escola Modelo Isolada de São Paulo.
Entre 1911 e 1914 foi professor de francês na Escola Normal de Pirassununga. Atuou ainda no magistério na escola noturna para meninos operários no Instituto Disciplinar (1915-1919); auxiliar de direção (1919); e auxiliar do diretor-geral do Ensino da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (1919-1920).
Solicitou licença de seu cargo de professor e esteve na Europa em 1913, aos 21 anos, depois de receber sua parte da herança da mãe. A visita a França e a outros países, bem como o contato com George Dumas durante a sua estadia em Paris, foram muito importantes em sua vida.
Almeida Júnior graduou-se, em 1921, com 29 anos, pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, defendendo a tese O Saneamento pela Educação.
Casou-se, em 24 de fevereiro de 1922, com Maria Evangelina de Almeida Cardoso. Desse conúbio nasceu Roberto Luiz Ferreira de Almeida, que foi promotor público em São Paulo.
Entre 1920 e 1930 lecionou biologia e higiene na Escola Normal do Brás, hoje, Instituto de Educação Padre Anchieta.
Como bolsista da Fundação Rockefeller, tornou-se assistente extranumerário até 1923 do laboratório de higiene, à época, uma cadeira da faculdade de medicina.
Atuou também como professor de física, química e história natural no Liceu do Rio Branco, escola particular de cuja fundação foi um dos colaboradores, além de dirigi-la no período de 1928-1934.
Em 1928 foi nomeado, por concurso, professor livre-docente de medicina legal da Faculdade de Direito de São Paulo do Largo São Francisco, galgando a condição de professor catedrático, em 1941.
Almeida Junior foi também um dos fundadores da Universidade de São Paulo, em 1934. Entre outros cargos que desempenhou salientam-se: chefe do serviço médico escolar do Estado de São Paulo, tendo colaborado na elaboração do Código de Educação do Estado de São Paulo (1933); diretor de ensino da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (1936-1938); membro do Conselho Penitenciário do Estado de São Paulo (1944); secretário da Educação e Saúde Pública do Estado de São Paulo (1945-1946); membro do Conselho Nacional de Educação e do Conselho Federal de Educação (1962).
Almeida Júnior também participou da política partidária, tendo sido presidente da União Democrática Nacional (UDN) nos biênios de 1951-1952 e 1953-1954. Essa sua faceta política foi considerada por seus familiares e amigos, dissonante e frustrante em sua trajetória. Foi candidato a deputado federal, em 1950, mas não se elegeu.
Como reconhecimento à sua importante atuação na área da educação recebeu os seguintes prêmios e homenagens: Prêmio Educação Visconde de Porto Seguro, concedido pela Fundação Visconde de Porto Seguro (1957); Grande Oficial da Ordem Nacional do Mérito Educativo, concedido pelo governo federal (1957), e Prêmio Moinho Santista, setor educação (1970).
Ao lado de Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Anísio Teixeira e Cecília Meireles, foi um dos autores do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova” em defesa do ensino e da reorganização da educação em consonância com a realidade brasileira.
Almeida Júnior publicou pelo menos onze livros, alguns com sucessivas edições, principalmente aqueles destinados a atividades didáticas. Publicou também muitos artigos em jornais paulistanos; pareceres para conselhos de educação e outros textos pertinentes à área de medicina legal.
Entre suas principais obras sobre medicina, educação e problemas legais, incluem-se: Cartilha de Higiene (1922); Noções de Puericultura (1927); Escola Pitoresca (1934, 1951 e 1966); Biologia Educacional: Noções Fundamentais (teve 22 edições de 1931 a 1969); Lições de Medicina Legal (1948, chegou à sua 20ª edição e alcançou grande êxito no meio jurídico); Problemas do Ensino Superior (1956); Escola Primária (1959) e Manifesto dos Educadores Democratas em Defesa do Ensino Público (1959).
Almeida Júnior aposentou-se oficialmente, em 1962, quando completou 70 anos de idade e cinquenta de atuação no funcionalismo público, tendo então recebido o título de Servidor Emérito do Estado.
Segundo depoimento de suas sobrinhas, “ele foi principalmente uma pessoa irônica e afável, apesar de retraído; era calmo e austero, dotado de senso de humor, vivacidade e sensibilidade” (Figura 2).
Esses traços de sua personalidade foram também destacados por seu colega, professor doutor João Baptista de Oliveira Costa Júnior, em discurso proferido por ocasião de sua morte no salão nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo: “(…). Como cidadão, representava o homem na sua mais pura concepção: o homem bom, íntegro, trabalhador, discreto, integrado no espírito de solidariedade social; o que, todavia, não o impedia de manifestar-se, muitas vezes, com fina ironia, não insolente nem agressiva, mas apenas de advertência a qualquer ato que o desagradasse”.
Antonio Ferreira de Almeida Júnior faleceu em 4 de abril de 1971, na cidade de São Paulo, com 79 anos incompletos. Seu nome é honrado como patrono da cadeira nº 35 da augusta Academia de Medicina de São Paulo; patrono da cadeira nº 4 da Academia Paulista de Psicologia; e patrono da cadeira no 17 da Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo – AFPESP. Também dá nome a uma escola pública na cidade do Guarujá (SP), no bairro Jardim Tejereba, e a uma rua na cidade de São Paulo, no bairro Vila Guarani.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.