Da passagem de Sociedade para Academia
Quando Eurico Branco Ribeiro assumiu a presidência, em 7 de março de 1954, em sessão solene, foi colocada em votação a mudança do nome, de Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo para Academia de Medicina de São Paulo, isso porque, a rigor, a Sociedade já funcionava como Academia, com suas vagas limitadas e o seu método de selecionar novos membros por trabalhos científicos e títulos. Em seu discurso de posse, Eurico Branco Ribeiro disse:
De fato, foi ela (Sociedade de Medicina) organizada dentro de uma estrutura acadêmica. Não é instituição aberta, como geralmente as sociedades de medicina, mas somente abre as suas portas a profissionais credenciados, com uns tantos anos de tirocínio, mediante concurso de títulos e aprovação de um trabalho inédito de livre escolha do candidato. O número de cadeiras é restrito e só quando se dá uma vaga é que se abre concurso para preenchê-la, tal como nas academias e como nestas cada cadeira tem um patrono. Assim sendo, na realidade, a nossa Sociedade é uma Academia de Medicina e Cirurgia (Anaes Paulista de Medicina, junho de 1954, n. 6, p. 453).
Eurico Branco Ribeiro
Fonte: Disponível em: <https://www.academiamedicina saopaulo.org.br/biografias/146/BIOGRAFIA-EURICO-BRANCO-RIBEIRO.pdf>. Acesso em: 28 de agosto de 2012
Sobre essa Assembleia Geral de 7 de março de 1954, Eurico Branco Ribeiro escreveu:
Por deliberação da grande maioria da Assembleia Geral da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, de 7 de março de 1954, que é constituída por 120 membros titulares e eméritos, que ali ingressaram através de concurso de trabalho inédito e títulos, acaba de ser a veterana entidade científica de São Paulo promovida à categoria de Academia de Medicina de São Paulo. O certo é que a veterana Sociedade, agora Academia, vai passar por uma fase de grande interesse no seio da nossa classe médica, porquanto a maioria almejará, como coroamento de sua vida profissional, ingresso no seio de tão importante sodalício científico. Teremos daqui em diante, na disputa das vagas em concurso, verdadeiras competições médicas (Anaes Paulista de Medicina, junho de 1954, n. 6, p. 454).
A reforma estatutária de 1954 também alterou o organograma da entidade:
- Presidente
- Vice-presidente
- Secretário-geral
- Secretário Adjunto
- Tesoureiro
- Secretaria de Mesa (dois membros)
- Presidente de Seção: Medicina Geral
- Presidente de Seção: Cirurgia Geral
- Presidente de Seção: Medicina Especializada
- Presidente de Seção: Cirurgia Especializada
- Presidente de Seção: Ciência Aplicada à Medicina
- Presidente de Seção: Medicina Social
- Comissão de Patrimônio (quatro membros)
Com a mudança de Sociedade para Academia, manteve-se o brasão, que passou a ser circundado pelo novo nome. Praticamente não houve alteração nas reuniões científicas-culturais sistematicamente realizadas. Tanto antes quanto depois, reuniões clínicas e debates eram realizados, e personalidades ilustres eram convidadas para dar conferências, expedientes todos providenciados pelos Presidentes das várias seções. Registre-se que logo após a mudança do nome, deu-se mais um momento sublime quando, em 8 de novembro de 1956, a Academia se reuniu extraordinariamente para receber um dos maiores nomes, senão o maior, da psiquiatria mundial contemporânea de então, o Professor Henri Ey, de Paris, que foi saudado, em nome dos presentes, pelo Professor Fernando Bastos. Henri Ey proferia pelo mundo palestras sobre os mais interessantes temas da área, entre eles, a “patologia da consciência”, “as tendências atuais da psiquiatria”, “a organização dos hospitais psiquiátricos” e também “a noção de esquizofrenia”, tema abordado na palestra daquele dia.
Medalha da Sociedade de Medicina de São Paulo, 50 anos
Fonte: Acervo do autor
Medalha da Academia de Medicina de São Paulo, 100 anos
Fonte: Acervo do autor