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Biografia

Plínio Bove

Plínio Bove, neto de italianos, nasceu na cidade de São Paulo, em 13 de março de 1909. Era filho de Miguel Bove e de Anna Faraone Bove. 

Graduou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em 1933 (FMUSP). Ainda como acadêmico, participou da Revolução de 1932, prestando serviços no Hospital Miliar, ocasião em que teve contato com a cirurgia de guerra e socorros de urgência. 

Iniciou suas atividades na 2ª Clínica Cirúrgica da FMUSP, onde ocupou os cargos de assistente voluntário, assistente extranumerário, subchefe e chefe de grupo e de professor. Teve grande participação no Departamento de Cirurgia, sendo valiosa sua colaboração no curso de pós-graduação dessa disciplina. Foi um dos precursores do estudo da gastroenterologia no Brasil e criador de técnicas próprias, tanto no que se refere ao diagnóstico de patologias, quanto a inovações cirúrgicas dessa especialidade, posteriormente adotadas por outros profissionais. Na pesquisa dedicou-se de modo particular à cirurgia das vias biliares e do pâncreas, tendo publicado mais de 100 trabalhos nessa subespecialidade. É também de sua lavra o livro Processos Inflamatórios da Junção Colédoco-Pancreatoduodenal. Contribuição ao seu Diagnóstico e Tratamento (1953). 

Plínio Bove sempre se interessou pela difusão do conhecimento médicocientífico. Auxiliado pelos médicos Ubiratan Dellape e Felippe Figlioni Filho, foi o primeiro cirurgião a realizar uma intervenção cirúrgica televisada no Brasil. O feito fez parte do programa da 2ª Jornada Pan-Americana de Gastroenterologia ocorrida em São Paulo, em 1950. A intervenção realizada – coroada de êxito – foi uma colecistectomia. Essa e outras intervenções foram realizadas no Hospital das Clínicas e televisadas para uma grande plateia médica reunida em salas especiais no Edifício Saldanha Marinho, a cerca de quatro quilômetros de distância. O evento foi patrocinado pela E. R. Squibb and Sons e pela General Electric, que ofertaram e instalaram a aparelhagem televisora e os materiais pertinentes, constando, entre eles, de 20 aparelhos receptores de televisão com telas de 16 polegadas, que permitiram adequada recepção visual e auditiva dos procedimentos. 

Essa efeméride foi noticiada também fora do estado de São Paulo. Em “O Jornal do Rio de Janeiro” – órgão dos Diários Associados, foi registrada em 27 de julho (quinta-feira) de 1950 uma matéria sobre essa façanha. Dentre outras informações acima mencionadas, salientava: “Antes de ter início a primeira operação a ser televisada, o professor Benedicto Montenegro , presidente da 2a Jornada PanAmericana de Gastroenterologia, ressaltou a importância do feito e frisou as possibilidades ilimitadas que oferece a televisão ao ensino médico, em virtude de permitir o estudo de imagens detalhadas por grandes auditórios e a grandes distâncias.”

Fotografia publicada em “O Jornal do Rio de Janeiro” – órgão dos Diários Associados, em 27 de julho (quinta-feira) de 1950, consignando que Plínio

Bove foi o primeiro cirurgião brasileiro a realizar uma cirurgia (colecistectomia) televisada no Brasil. 

Plínio Bove participou, em 1954, por ocasião do IV Centenário da cidade de São Paulo, ao lado de expoentes da cirurgia paulista, na condição de tesoureiro da Comissão Executiva, da organização do IV Congresso Pan-Americano de Gastroenterologia e o VI Congresso Brasileiro de Gastroenterologia, eventos respectivamente da Associação Interamericana de Gastroenterologia e da Federação Brasileira de Gastroenterologia. 

Ademais, esteve presente em inúmeros congressos, elevando o prestígio da cirurgia brasileira. Pertenceu a 20 entidades médicas do Brasil e do exterior. Ingressou na Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, em 18 de maio de 1951, tendo tido a honra de ser o 61º presidente desse sodalício, num mandato anual entre 1963-1964. 

Plínio Bove foi um insigne profissional, além de cidadão e pai de família exemplar. Faleceu na cidade de São Paulo, em 27 de agosto de 1995, aos 86 anos. Seu nome é honrado com uma praça na cidade de São Paulo, no bairro Alto de Pinheiros. 

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Parte do material aqui consignado foi obtida na biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 

Benedicto Augusto de Freitas Montenegro foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, por um mandato anual entre 1952-1953, e é o patrono da cadeira nº 21 desse sodalício.