Coluna do livro
Medicina Curativa ou Método Purgante
Interessantíssimo livro apócrifo, traduzido do francês e analisado por Le Roy, pseudônimo de um “cirurgião consultante”. A obra chega a impressionar, pois nela, para todos os males do corpo, sejam quais forem (dor de dente, parto difícil, sarampo, pleurite, câimbra, afecção dos olhos etc.), o tratamento é por meio de purgantes, “porque todas as afecções não são outra cousa que huma situação opposta ao estado de saúde. Portanto, cumpre sempre evacuar a origem da causa, único meio de aniquila-las todas, conforme o axioma: tirada a causa cessa o afeito” (p. 55). E, o que mais chama a atenção, se o paciente não melhorar, dá-se a ele mais purgante: “Todas as vezes que o doente não melhora com o vomitório-purgante, deve-se dar hum gráo de purgativo sufficientemente energico, para que produzão abundantes e numerosas evacuações; porque nos casos perigosos ou de dores insuportáveis deve provocar-se de alguma sorte huma continuidade de evacuações e sem interrupção, que são indispensáveis para remover o perigo” (p. 237).
Interessante notar também que, se a doença é do estômago para cima, dá-se vomitórios; se do estômago para baixo, purgantes; mas o autor anônimo adverte que o ideal, para todas as doenças, é o vomitório-purgante, e quanto mais grave a moléstia, mais numerosas e mais fortes devem ser as doses.
O livro foi publicado em 1826, em Lisboa, na Impressão Régia, e tem 287 páginas, mais 14 inumeradas; capa em pleno couro, necessitando restauro; miolo em excelente estado de conservação.
A obra foi doada à APM em 1982, por Duílio Crispim Farina.
Guido Arturo Palomba
Diretor Cultural da APM