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Coluna do livro

22.10.2014 | Gerais

L’uomo delinquente  

Neste número, a Coluna comenta uma das mais polêmicas obras da criminologia mundial, de modo especial, da psiquiatria forense: L’uomo delinquente, de Cesare Lombroso, cuja primeira edição é de 1876, que viria a influenciar profundamente as concepções sobre os criminosos. Seguiram-se outras quatro edições: 1878, 1884, 1889, 1896, todas pela Fratelli Bocca Editori, Milano. A da APM é a última, dividida em três tomos, com 1.904 páginas, as quais, lidas à distância de mais de cem anos, ainda guardam ensinamentos preciosos. 

O tomo I aborda: embriologia do delito (o delito nos organismos inferiores, os equivalentes do delito e das penas nos animais, o medo, a dor física, a educação, a velhice etc.); anatomia patológica e antropológica do delito (capacidade crânica, capacidade cerebral, circunferência cerebral, proporção entre as anomalias, antropometria do esqueleto ósseo, da fisionomia, parte estatística, com estudo de 6.608 delinquentes etc.); biologia e psicologia do delinquente nato (dados físicos, sensibilidade dos órgãos dos sentidos, dados psicológicos, reincidência no crime etc.). 

O tomo II: o louco moral e suas características; o delinquente epiléptico e suas características; o delinquente por força irresistível e suas características; o delinquente louco e suas características; o delinquente ocasional e suas características. E o tomo III: a etiologia do delito (influência climática, influência das raças, influência cultural, educação, sexo etc.); profilaxia e terapia do delito (substitutivos penais, meios de prevenir, o papel da religião etc.). 

A bem ver, as ideias lombrosianas, desde quando surgiram, se tiveram por um lado aceitação, por outro, estão entre as que sofreram as mais acerbas, variadas e implacáveis críticas. Os franceses as atacaram duramente na ocasião do II Congresso de Antropologia Criminal, realizado em Paris, em 1889. A seguir, foram violentamente hostilizadas pelo padre católico Agostino Gemelli (1878-1959), que publicou, em 1911, a monografia intitulada Cesare Lombroso: i funerali di un uomo e di una dottrina. Racismo, falsificação de estatística e invenção de casos clínicos foram algumas das acusações que lhe imputaram. Os críticos são implacáveis quando citam a sua obra. 

O livro em comento está na Biblioteca da APM desde o seu período inicial de formação, na década de 1970, garimpado por Duílio Crispim Farina, nos alfarrábios centrais. A encadernação é original, em bom estado.