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Projeto Ética, por Acad. Affonso Renato Meira

02.04.2012 | Gerais

Reflexões sobre o ensino da Ética Médica nas Escolas de Medicina do Estado de São Paulo


A atual Diretoria da Academia de Medicina de São Paulo na pretensão de conhecer a situação do ensino da Ética Médica nas Escolas de Medicina do Estado de São Paulo e com a intenção de apresentar uma
colaboração para essa atividade curricular divulgando os seus achados entre os responsáveis das disciplinas nas diversas Escolas, elaborou e deu início no segundo semestre de 2011 um projeto denominado Projeto Ética, dirigido aos Diretores das Escolas de Medicina do Estado de São Paulo.
“A educação médica, o número de médicos necessários ao Brasil, à qualidade do ensino médico e o nível dos formandos em medicina, oriundos das escolas médicas brasileiras, estão entre outros assuntos polêmicos e discutíveis e discutidos na atualidade do nosso país.
Para se balizar não basta discutir ao nível teórico sobre números relativos às diversas regiões do território brasileiro ou fazer comparações com o que se conhece como realidades no exterior. É preciso conhecer a verdade do que ocorre no seu meio.” *
Nesse sentido o projeto consistiu, em sua primeira etapa, entrar em contato com 31 Escolas de Medicina
locadas no Estado de São Paulo através de uma carta assinada pelo Presidente da Academia, solicitando a
colaboração da Direção da Escola em enviar os seguintes dados: Nome da Instituição; Endereço; Endereço eletrônico; Nome do Diretor; Carga horária de aula teórica de Ética Médica; Carga horária de aula prática de Ética Médica; Serie do curso ou nível em que a matéria é ministrada; Nome e titulo do docente responsável pelo ensino da matéria. Essa correspondência foi enviada no início do mês de agosto de 2011.
“Com o objetivo de conhecer como as Escolas de Medicina do Estado de São Paulo preparam seus alunos para depois de formados sejam considerados bons médicos, não só nos aspectos científicos, mas também nos éticos, é que a Academia de Medicina de São Paulo desenvolve este levantamento singelo como início de um projeto realizado, junto com todas as Escolas Médicas paulistas, com a finalidade de conhecer e de promover no que for necessário e possível à qualidade do ensino médico.” *
Como inúmeras Escolas não haviam respondido até setembro de 2011 ao pedido dirigido pela
Academia foi nessa oportunidade enviada, via Internet, uma reiteração da solicitação na qual foi
feita referência à carta anterior.
“O médico desejável tem algumas qualidades que devem ser destacadas ao lado da sua capacidade profissional. São qualidades de bom médico ser competente, honesto, pontual, íntegro, justo, dedicado, capas, responsável, digno e saber decidir em prol do paciente como primeira escolha.” *
Finalmente no final do semestre em novembro de 2011 foram contatadas por telefone as Escolas que não haviam atendido as solicitações anteriores.
Respostas:
Foram obtidas 18 respostas (58,1%), das quais 8 (25,8%) só depois do envio da correspondência
eletrônica. Telefonicamente não foi obtida informação alguma.
Entre as Escolas que não responderam encontrou se uma variedade na escala entre as que são
consideradas as melhores, como outras situadas mais abaixo. Da mesma maneira se
evidenciaram, também, Escolas públicas como particulares.
Resultados:
Os dados enviados não permitiram obter resultados definidos, pois a variação encontrada foi muito grande. No que se referem às aulas teóricas as informações obtidas mostraram que são oferecidas mais de 200 horas de aulas teóricas em duas Escolas; mais de 100 horas em outras duas; entre 64 e 84 horas em cinco Escolas; menos de 36 horas em cinco, das quais duas informaram serem aulas teórico práticas. Das demais que responderam três informaram não oferecer ensino teórico ou prático, baseando o curso no “Aprendizado Baseado em Problemas” não possuindo docentes dedicados à Ética Médica. Outra restante declarou que o ensino é variável.
No referente ao ensino prático as respostas mostraram não serem realizadas discussões práticas em treze Escolas, das quais três oferecem ensino baseado em “Aprendizado Baseado em Problemas”, duas oferecem ensino teórico prático e outra informou que o ensino prático é variável. As outras informaram oferecer respectivamente 4hs, 8 hs, 28hs, 42 hs e 212 hs. de horas aula de ensino prático.
As respostas referentes ao nível ou série que a matéria era ministrada informaram uma variedade de momentos do currículo da Escola para ministrar a disciplina. Assim foram coletados dados de Escolas em que o ensino se iniciava no primeiro semestre do curso, em outras que o curso se diluía em vários momentos ou em todo curso e finalmente algumas que citavam a existência da matéria no internato.
Apesar de não ter sido explicitamente solicitado alguns dos dados enviados demonstraram uma falta de definição ou clareza à respeito do título em que deve ser ministrada o assunto que é lecionada sob diferentes rubricas como: Bioética; Bioética Vivencial; Bioética e Formação Humanística; Medicina, Paciente e Sociedade; Deontologia; Clínica Médica; Saúde Coletiva, Medicina Legal e inclusive Ética Médica.

Comentário e Conclusão:
É preocupante a Diretoria de uma Escola de Medicina não considerar a solicitação de responder um simples questionário que lhe foi enviado pela Academia de Medicina de São Paulo e subscrito pelo Presidente. Essa preocupação aumenta quando o assunto é o ensino de Ética Médica, matéria que todo médico, em qualquer momento de sua vida profissional, deve ter em mente.
Maior preocupação, ainda surge quando entre as 18 Escolas que responderam ao levantamento 3 (16,6%) responderam que não existe o ensino como matéria curricular.
Na impossibilidade de ser encontrada uma tendência no que refere ao número de horas de aula teórica ou prática, do momento do curso que deva ser ministrado o ensino de Ética Médica, assim como, a que título à matéria deve ser ministrada, fica sem propósito fazerem-se outros comentários e estendê-los como orientação a ser seguida pelas diferentes Escolas.
Talvez como corolário fosse valioso pensar na importância dessa matéria para a formação do médico.


*da correspondência enviada