Acadêmico Guido Arturo Palomba participou do programa Pânico da Jovem Pan
Na última segunda-feira, 30 de setembro, o Membro Emérito e membro da Comissão de Patrimônio Guido Arturo Palomba, participou do programa Pânico da Jovem Pan. Durante a entrevista, ele falou sobre a proposta do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de acabar com os manicômios judiciais no Brasil, apresentando uma contextualização histórica e mencionando casos de repercussão nacional.
Segundo Palomba, em 2023, o CNJ instituiu a Política Antimanicomial do Poder Judiciário que, se aprovada, libertaria todos os criminosos com doenças mentais. “Isso é algo inacreditável. A proposta pretende acabar com as casas de custódia e tratamento psiquiátrico. Quando soube disso, achei um verdadeiro absurdo”, declarou.
O especialista explicou que essa portaria, além de representar riscos para as pessoas com transtornos mentais, que podem ser expostas a situações de violência, compromete também a segurança da população. Ele acrescentou que a resolução prejudica, de forma particular, comunidades minoritárias, como LGBT+, quilombolas e indígenas, sugerindo a patologização de seus membros.
“Como é possível colocar o Maníaco do Parque, por exemplo, de volta nas ruas? Todos os que estão em regime de tratamento hospitalar estão nessa condição porque representam um perigo para a sociedade. Posso citar vários exemplos de pessoas que, equivocadamente, foram colocadas em liberdade e acabaram matando, morrendo ou fazendo as duas coisas. É uma sucessão de erros cometidos em nome de uma ideologia absolutamente decadente”, criticou.
Histórico
Em 1961, o escritor Thomas Szasz lançou o livro “O Mito da Doença Mental”, dando origem ao movimento antipsiquiatria. Segundo Palomba, a obra defende a tese de que os transtornos mentais são construções sociais criadas por médicos.
“No final dos anos 1970, surgiu David Cooper, que também acreditava que a doença mental não existia. Ele defendia que a cura para essas condições estaria em uma revolução social, e escreveu o livro ‘Psiquiatria e Antipsiquiatria’. Em seguida, na Itália, surgiu outro pensador com essa mesma ideologia, afirmando que, se a doença mental não existia, não poderiam existir hospitais psiquiátricos. Foi aí que começou um grande caos”, explicou Palomba.
Por conta desse movimento, na década de 1980, pacientes foram liberados sem o devido tratamento, resultando em abandono nas ruas. Segundo o psiquiatra forense, no último ano, adeptos dessas ideias reacenderam o movimento antimanicomial. “É uma ideologia que não se sustenta em lugar nenhum do mundo”, concluiu.
Foto: Reprodução/Jovem Pan
Texto: Comunicação – Associação Paulista de Medicina (adaptado)