Discurso de Posse como Membro Titular da Academia de Medicina de São Paulo
Prezado Presidente Helio Begliomini, presidente da Academia de Medicina de São Paulo. Prezados Acadêmicos Flávio Antônio Quílici, secretário da AMSP , Edmundo Chada Baracat, diretor de Comunicação da AMSP, José Luiz Gomes Do Amaral, representando o Presidente da Associação Paulista de Medicina e Cesar Eduardo Fernandes Presidente da Associação Médica Brasileira.
Prezados Acadêmicos e seus familiares.
Prezados amigos e amigas e minha família.
Esta é uma noite muito feliz onde alcanço uma posição muito importante para mim que é fazer parte da Academia de Medicina de São Paulo, uma entidade cuja história se confunde com a história da Medicina em nosso Estado e congrega os mais importantes nomes da medicina de SP e do nosso País. Só posso agradecer muito aos Acadêmicos por terem me dado esta oportunidade.
Fui eleito para a cadeira 126 cujo Patrono é Mario Ottoni de Rezende, Médico mineiro, nascido em 1883 e que se graduou em Medicina na então Faculdade Nacional de Medicina no Rio de Janeiro, no longínquo ano de 1906.
Com seu espírito inquieto iniciou sua vida profissional na pequena cidade de Sales de Oliveira, próxima a Ribeirão Preto. Logo em seguida foi para Europa, aprimorar-se em Cirurgia e Urologia. Na sua volta mudou-se para SP e começou a trabalhar na Santa Casa de Misericórdia, exercendo a Urologia na 1a Enfermaria de Homens.
Alguns anos depois decidiu se dedicar à otorrinolaringologia, que acabou sendo sua paixão profissional. Em 1921 volta à Europa agora para se aperfeiçoar nesta especialidade. Nesta época estagiou com os maiores nomes da otorrinolaringologia da Áustria, Alemanha e França.
Após quase um ano voltou a SP e passou a trabalhar no Serviço de ORL da Santa Casa, onde assumiu a chefia em 1933, formando inúmeros discípulos. Nesta época fundou, juntamente com Homero Cordeiro, a Revista Brasileira de ORL, tendo sido seu editor-chefe.
Publicou inúmeros trabalhos e livros. Um dos mais famosos foi a Fisiopatologia do Aparelho Vestibular em 1922.
Curiosamente em 1946, em pleno auge de sua carreira, pediu demissão da chefia do Serviço de ORL da Santa Casa, pois achava que “esta função deveria ter caráter rotativo para que os jovens pudessem mostrar suas qualidades de dirigentes e trazer para os serviços o espírito moço e sadio, necessário para o progresso da ciência médica”. Felizmente, os dirigentes da época não pensavam desta maneira e seu pedido não foi aceito. Mario Ottoni de Rezende só deixou a chefia em 1953, aos 69 anos.
Mario Ottoni de Rezende foi Presidente da Academia de Medicina de São Paulo, em 1936-1937, na época Sociedade de Medicina de São Paulo.
Talvez a síntese da quem foi Ottoni de Rezende esteja nas palavras de José Soares Hungria que disse que “Ele foi um homem de grande envergadura moral, de infatigável capacidade de trabalho e de lúcida inteligência, procurando sempre através de seus ensinamentos e rígida linha de conduta, dar aos que dele se cercavam alta consciência profissional e moral”.
Ottoni de Rezende faleceu em 1969. Hoje o Centro de Estudos de ORL da Santa Casa de Misericórdia de SP leva o seu nome, além de uma rua em Campos De Jordão.
O primeiro ocupante da Cadeira 126 e meu antecessor direto foi Luiz Freitag, médico gaúcho, nascido em 1936 e que se graduou em 1961 na Faculdade de Medicina de Santa Maria. No ano seguinte veio para São Paulo para um estágio em cardiologia na clínica do Prof. Luiz Decourt, no Hospital das Clínicas. Ficou mais seis anos como médico voluntário na 2ª clínica Médica e não saiu mais de SP.
Em 1968 foi aprovado em concurso no Hospital do Servidor Público Estadual na cadeira de Clínica médica. Percebendo que a maioria dos pacientes atendidos neste hospital eram maiores de 60 anos, lançou, juntamente com o Prof. Reinaldo Chiaverini, a ideia de fazer uma enfermaria exclusiva para idosos, passando a dedicar-se à Geriatria.
Em 1975 foi um dos fundadores da Seção São Paulo dá Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Com o interesse focado na geriatria escreveu A Cartilha do Idoso, em convênio com a Câmara Municipal de SP e o Rotary Clube de São Paulo e Como Transformar A Terceira Idade Na Melhor Idade em 2006.
Luiz Freitag continuou no Hospital do Servidor Público Estadual até 1984, quando se aposentou e continuou sua atividade assistencial em geriatria no seu consultório até seu falecimento em 28/1/2023 aos 87 anos.
Em 2013, em palestra no Rotary Clube de São Paulo, entidade que presidiu e foi por ela muitas vezes homenageado, Luiz Freitag definiu o que seria a fonte da juventude; “é a eliminação do sedentarismo e do tabagismo, manter controlada a hipertensão, o diabetes e a obesidade e aderir a um estilo de vida saudável, que proporcionarão menor possibilidade de câncer ou doenças coronárias ou vasculares. Manter atividades para ocupar o cérebro, a sociabilidade para reduzir o estresse. O maior inimigo é a falta de atividade física, pelo menos 30 minutos por dia. Cultivar amigos e participar de festas, não se deve perder nenhuma!”
Foi admitido na Academia de Medicina de São Paulo em 7/3/2012.
Cumprida a missão de manter viva a memória de nossos antecessores na nossa Academia, vou pedir licença ao Presidente Hélio Begliomini e fazer uma pequena quebra no protocolo para falar do meu padrinho Antonio Carlos Lima Pompeo, inicialmente meu Professor como assistente no Pronto Socorro de Cirurgia e na Clínica Urológica do Hospital das Clínicas, depois meu Professor Titular na Disciplina de Urologia do Centro Universitário FMABC, a quem tive a honra de suceder e agora meu Padrinho na Academia de Medicina de São Paulo e foi quem me despertou o interesse em me juntar a este sodalício e me mostrou os caminhos para fazê-lo. Pompeo é uma pessoa especial, agregador e com um coração enorme cheio de bondade e solidariedade. Tenho a honra de poder dizer que Pompeo é mais que um amigo, é um irmão que a vida me trouxe.
Finalmente quero agradecer à Lucia, minha esposa, pelo apoio incondicional que tem me dado ao longo dos mais de 30 anos que estamos juntos, sempre colocando razão nas minhas emoções e me ajudando a trilhar o que caminho que tenho seguido. Te amo.
È um orgulho poder ver meus filhos, Babi, Cau e Felipe, infelizmente a Flávia mora em Portugal e não pode vir, aqui sentados juntamente com Michel, Thais, assistindo a este momento tão significativo na minha carreira. Além disto, que alegria ver meus netos, Juliana, Carol e Digo, estarem aqui comigo e assistirem esta cerimônia tão importante para mim. Espero que meu exemplo frutifique! Infelizmente o Rafael meu neto amis velho não pôde comparecer.
Só tenho que agradecer á vida por tudo isto. Muito obrigado!