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Acadêmicos participaram de live falando sobre “Influência do Clima sobre a Saúde”

21.11.2024 | Acadêmicos

Na última terça-feira, 19 de novembro, a Associação Paulista de Medicina realizou a live “Influência do Clima sobre a Saúde”. A apresentação, transmitida pelo canal oficial da APM no YouTube, teve como objetivo relatar os principais impactos que as mudanças climáticas trazem para a Saúde da população e de que forma os governantes estão atuando para propiciar qualidade de vida, mesmo diante de um cenário repleto de condições adversas.

O diretor adjunto de Defesa Profissional da APM, Marun David Cury, foi o moderador da sessão, recebendo o Acadêmico Clóvis Francisco Constantino, que é diretor de Previdência e Mutualismo da entidade, e o Acadêmico Paulo Manuel Pêgo Fernandes, diretor Científico da entidade, como debatedores. Os palestrantes foram Paulo Hilário Nascimento Saldiva, patologista, e André Previato, coordenador da Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas (Seclima).

Saldiva relembrou que os seres humanos têm mecanismos de adaptação à temperatura, de modo que as informações que chegam ao sistema nervoso central e ao lobo frontal permitem diferenciar o que é frio e calor. “Com isso, conseguimos manter a temperatura dentro de uma faixa em que o corpo fica ao redor de 36 graus. Fisiologicamente, o nosso desafio foi nos adaptarmos ao frio.”

O médico apresentou a amplitude térmica de diferentes cidades, que estão mais adaptadas para lidar com os climas frios – como é o caso de Toronto, Estocolmo e Nova York – e indicou que, mesmo em cidades de um mesmo país, é possível haver variações muito específicas.

“Em São Paulo, a temperatura fica ao redor de 22º. Com essa temperatura, temos pessoas morrendo de frio em Teresina, ao passo que Teresina suporta, quase que sem efeito, temperaturas que vão além dos 32º, em que se tem muita gente em São Paulo morrendo de calor. Esse fenômeno indica que entre cidades do mesmo país existem diferentes zonas de preparação.”

Não obstante, variações consideráveis de temperatura também podem ocorrer dentro de uma mesma cidade. Em São Paulo, estudos demonstram que, na Zona Sul, por exemplo, pode haver um gradiente térmico de 6 graus na temperatura em comparação com as outras regiões do município.

“Nós estamos vendo o aumento de temperatura de 5 graus acima da média. Quando existem essas ondas [de calor ou de frio], existe um aumento na demanda do sistema. Você vê um aumento importante da internação na faixa etária dos nove anos, basicamente por doenças respiratórias. Isso se mantém para homens, inclusive nas faixas mais avançadas de idade. Crianças e idosos são os mais vulneráveis”, indicou.

O médico apresentou, também, as consequências que as queimadas trazem à Saúde da população e concluiu reforçando que as mudanças climáticas são um problema médico. “Nós temos milhares de pessoas afetadas e excesso de mortes por ano no Brasil. Neste momento, temos que capacitar, dar provimento às unidades básicas de Saúde, treinar as equipes de Saúde e Família e as UPAs. Precisamos de políticas que não cabem à Saúde, mas a Saúde pode fazer a defesa, como sempre fez, da sociedade protetora do ser humano, é o que eu acho que está faltando.”

Ações de combate

Em seguida, André Previato demonstrou de que forma a Prefeitura de São Paulo vem buscando medidas eficientes contra as mudanças climáticas, promovendo, assim, uma melhora na qualidade de vida e na Saúde da população. Ele salientou que as mudanças climáticas são alterações ocasionadas pelo aquecimento global, ressaltando que os gases de efeito estufa, apesar de serem essenciais para a vida na Terra por manterem a temperatura de um modo que o planeta seja habitável, tiveram um aumento gradativo da sua emissão na atmosfera, principalmente após a Revolução Industrial, elevando a temperatura média global.

No ranking global de emissões, o Brasil ocupa o sexto lugar, estando São Paulo em quinto lugar no País e o município de São Paulo na 13ª posição. “Isso está diretamente ligado a uma característica peculiar do Brasil, as suas emissões são principalmente advindas do uso da terra, agropecuária e desmatamento. No município de São Paulo, os principais riscos mapeados são as inundações, ondas de calor e secas meteorológicas, então, a Prefeitura tem uma série de medidas para enfrentar esses riscos.”

Neste contexto, quem mais sofre com as alterações climáticas são as populações que vivem em situação de vulnerabilidade. “No próprio evento do Rio Grande do Sul, sem precedentes da dimensão que foi, todos foram afetados, mas se você coloca em uma lupa, vê que quem demorou mais para sair de uma condição de emergência, a ter seus empregos de volta e acesso ao atendimento médico, foram as populações vulneráveis.”

Em São Paulo, de acordo com Previato, em relação às ilhas de calor e presença de vegetação, é possível observar que os locais mais quentes são, justamente, as regiões com menos arborização, em que se vive com maior insegurança social e se tem menos acesso ao serviço público e menor infraestrutura de Saúde.

Para reverter a situação, a Prefeitura possui o Plano de Ação Climática da Cidade de São Paulo, que tem a meta de reduzir 20% das emissões e alcançar emissões líquidas zero até 2050. Na Saúde, as ações estão sendo pensadas no intuito de fortalecer a preparação dos serviços, atualizando o Plano Municipal de Contingência de Arboviroses, fortalecendo o Programa VigiAr e expandindo o Programa Ambientes Verdes Saudáveis.

Além disso, o município também está atuando para colocar mais ônibus elétricos em circulação (já são 415 e a meta é chegar a 2.400), há o Plano Preventivo Chuvas de Verão, para atendimento emergencial e social, bem como o desenvolvimento de um plano municipal de saneamento básico.

“São Paulo, hoje, já tem 16% da sua área declarada como de proteção ambiental. Temos um bom índice de cobertura verde, mas como eu mostrei, é mal distribuído, então é muito importante para a cidade atuar nessa melhor distribuição de recursos e outros projetos para incentivo do verde”, finalizou, relembrando os benefícios que isso traz para a Saúde, como a diminuição da pressão alta, redução do estresse e dos distúrbios psicológicos, fortalecimento do sistema imunológico e apoio ao desenvolvimento mental das crianças.

Texto: Comunicação – APMAdaptado

Fotos: Reprodução live APM