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A SAÚDE E A MEDICINA EM SÃO PAULO

04.03.2015 | Acadêmicos, Gerais

Affonso Renato Meira
Presidente da Academia de Medicina de São Paulo
Professor Emérito da Fac. de Medicina da Univ. São Paulo

O povo sempre procurou, com diversas orientações, solução para os aspectos que prejudicavam seu bem estar. São Paulo, quando ainda uma aldeia, procurava cura aos seus males nos pajés que realizavam diversas atitudes místicas, desde oferendas materiais ao oferecimento à vida de animais e até a vida de seres humanos aos deuses ou nos sacerdotes milagreiros que benziam os doentes. Os povos agrafos até os chamados civilizados assim procederam. No território paulista a presença de médicos preparados através de estudos obtidos alhures se caracterizou, mais tarde, como outra solução disponível para o cuidado com a saúde. Só a partir de 1914, quando se iniciou o primeiro curso de medicina, na hoje denominada Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo é que a cidade passou a se adaptar para ter médicos formados localmente. Antes disso, porém, médicos emigrantes, procuravam se reunir para trocar informações, A primeira entidade médica a se formar no Estado ocorreu em 1888 que, todavia teve duração pouco duradoura, sendo dissolvida em 1891. Foi, somente em 1895, que no centro da cidade de São Paulo formou-se um contingente expressivo dos mais reconhecidos médicos que exerciam a profissão nessa cidade para fundar uma associação que os reuniria, Surgiu assim a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo no dia 7 de março. Nomes marcantes da medicina paulista a ela se dedicaram a partir de seu primeiro Presidente Luiz Pereira Barreto. Na realidade, era nessa Sociedade que a nata da medicina paulista discutia os avanços da ciência da saúde trocando suas experiências. Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, nome proeminente no planejamento, organização e fundação da primeira Faculdade de Medicina no Estado, era membro ativo dessa Sociedade. No fim dos anos 20 do século passado mais precisamente em 1929 um acontecimento marcante foi a fundação do Sindicato dos Médicos de São Paulo, em 28 de fevereiro, cujo primeiro Presidente foi Flamínio Fávero, grande mestre da Ética Médica. Todavia o sindicato só foi ser reconhecido oficialmente em 29 de maio de 1941. Médicos como Barbosa Corrêa, Oscar Monteiro de Barros frente a isso, se reuniram a Alberto Nupieri e iniciaram um movimento para formar uma nova associação, vez que a Sociedade tinha característica de academia, com exigências para o ingresso e o Sindicato vivia a problemática do reconhecimento. 

Surgiu, em 29 de novembro de 1930, a Associação Paulista de Medicina cujo primeiro presidente foi Domingos Rubião Alves Meira. 

Com o surgimento de outra Escola de Medicina na cidade, em 1933, a Escola Paulista de Medicina, com o crescimento da Associação Paulista de Medicina, com o reconhecimento do Sindicato dos Médicos de São Paulo e o avançar dos saber da ciência da saúde, São Paulo começava a ter a aparência de ser um dos centros em que se praticava uma medicina do mais alto nível. Assim foi para em 1954, durante a presidência de Eurico Branco Ribeiro, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo adotasse o nome de Academia de Medicina de São Paulo continuando com a missão de manter a tradição da medicina paulista, ao lado de discutir a realidade do presente. Em 1957 de acordo com o determinado por legislação federal, se estruturou em São Paulo, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, que registra os médicos com o objetivo de cuidar do comportamento ético dos praticantes da medicina no Estado e cuja carteira de médico de número 1 foi entregue a Flamínio Fávero. 

Essas instituições isoladamente ou em conjunto escrevem hoje, em uma cidade que se pratica uma medicina, reconhecida mundialmente como das mais evoluídas, a história do presente, editando publicações científicas e organizando congressos, palestras, conferências, cursos, tertúlias, debates, fóruns que se refletem para mais de 30 Escolas de Medicina sediadas no Estado e para os mais 120.000 médicos que atendem a população do Estado.