Academia de Medicina de São Paulo realiza “Sessão da Saudade”

A Academia de Medicina de São Paulo retornou com a realização de suas Tertúlias Acadêmicas na última quarta-feira, 12 de fevereiro. Tradicionalmente, a primeira edição do ano é destinada à “Sessão da Saudade”, em que os membros do sodalício relembram a trajetória e homenageiam acadêmicos falecidos durante o ano que se passou.
O presidente da entidade, Helio Begliomini, apresentou a sessão e salientou a importância de recordar os confrades. “Na vocação acadêmica, um de seus requisitos é preservar a memória dos membros. A Sessão da Saudade visa fazer isso. Esta homenagem é perene.”
Os médicos homenageados na conferência foram Marcello Marcondes Machado, Euclydes Fontegno Marques, José Carlos Souza Trindade e Wilmes Roberto Gonçalves Teixeira, figuras marcantes da Medicina, que deixaram o seu legado diante de uma atuação nobre e dedicada.
Homenagens
Sidney Glina falou sobre Marcello Marcondes Machado. O médico construiu a sua carreira na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e no Hospital das Clínicas. Dentre suas realizações mais marcantes, está a implementação do Laboratório de Fisiopatologia Renal. Ele também foi o responsável por criar, instalar e chefiar o Departamento de Propedêutica e Clínica Médica da Faculdade de Medicina do ABC, a convite da própria instituição.
“O professor faleceu em março de 2024, após 90 anos muito bem vividos. Era apaixonado pela Medicina, tinha um caráter agregador, incentivando os mais jovens, e transformou a Nefrologia da FMUSP. Professor, amigo e muito preocupado com a formação de seus estudantes, era um visionário”, descreveu Glina.
Em seguida, Paulo Manuel Pêgo Fernandes recordou a atuação de Euclydes Fontegno Marques. Segundo Fernandes, que conviveu com ele e realizou operações ao lado do especialista, o médico era “uma usina de ideias e a todo tempo estava tentando melhorar”. Sua dedicação ao transplante cardíaco é notável, contribuindo para mudar a história da Cardiologia não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina.
“Ele recebeu inúmeros prêmios, homenagens e comendas. Uma coisa que me chama a atenção é o prêmio de melhor trabalho cirúrgico da Academia de Medicina de São Paulo”, disse, relembrando, ainda, do livro “A face oculta dos transplantes”, de autoria de Marques. “Certo dia, estava em cirurgia com o professor Adib Jatene e ele me perguntou se eu tinha lido, e disse para eu ler novamente porque lá estava tudo que eu precisava saber.”
Antonio Carlos Lima Pompeo fez uma apresentação emocionada sobre o amigo José Carlos Souza Trindade, com quem teve ampla convivência desde o primeiro ano na faculdade de Medicina. Segundo Pompeo, Trindade teve a vida profissional dedicada inteiramente à Medicina, à pesquisa, à vida associativa e à orientação de seus alunos. O homenageado fez história na Faculdade de Medicina de Botucatu, em que atuou como professor, diretor e reitor.
“Uma carreira brilhante. Orientou dezenas de estudantes, doutores, mestres e teve uma produção científica notável, com mais de 200 publicações. Foi um exemplo para todos nós, eu acompanhei tudo isso. Eu acho que nós herdamos dele uma carga importante como cidadãos, profissionais e chefes de família. Eu gostaria que levassem a nossa admiração diante desta homenagem. Trindade, missão cumprida”, expressou.
Por fim, Sérgio Bortolai Libonati descreveu a história de Wilmes Roberto Gonçalves Teixeira, médico que desde a infância se destacou nos estudos, sendo considerado um dos estudantes de maior destaque do Colégio Bandeirantes – instituição em que, além de concluir o ensino médio como bolsista, foi considerado o melhor aluno.
“Entrou na Faculdade de Medicina da USP e se graduou em 1955, na 38ª turma. Ele fez residência em Cirurgia no Hospital das Clínicas e voltou para Mogi das Cruzes [local em que a família morava],trabalhando como médico e professor de Medicina Legal. Era um escritor compulsivo e escreveu vários livros. Ele era um homem muito bom, longevo, que deixa muitas lembranças boas. Os amigos não morrem, apenas partem antes que nós. Esteja na paz, Wilmes”, complementou.
Finalizando as apresentações, o presidente da AMSP manifestou a sua satisfação pela oportunidade de a Academia contar com membros tão marcantes. “São pessoas brilhantes, que todos nós tivemos orgulho de ombrear com eles aqui nesta casa. Esta sessão vai ficar para a saudade também, não só pelo alto nível das apresentações, mas pelos familiares que aqui se encontram.”




Texto: Julia Rohrer – Comunicação – Associação Paulista de Medicina
Fotos: Academia de Medicina de São Paulo – Direitos Autorais Reservados