Discurso de Posse como Membro Honorário da Academia de Medicina de São Paulo
Excelentíssimo Sr. Presidente da Academia de Medicina de São Paulo
Professor Acadêmico Hélio Begliomini, na figura de quem saúdo todos os membros da mesa de honra: Excelentíssimo Sr. Acadêmico Prof. Dr. José Luis Gomes do Amaral, na figura de quem saúdo todos os ex-presidentes dessa casa; Excelentíssimo Sr. Acadêmico Prof. Dr. Edmund Baracat, na figura de quem saúdo todos os Senhores e Senhoras acadêmicos, meus confrades e confreiras Excelentíssimo Sr. Acadêmico Prof. Dr. César Eduardo Fernandes, Presidente da Associação Médica Brasileira, na figura de quem saúdo todas as autoridades presentes nessa cerimônia.
Amigos queridos que na Associação Paulista de Medicina me dão a honra de suas presenças.
Minhas senhoras e meus senhores.
Na excelsa oportunidade de transpassar os umbrais da Academia de Medicina de São Paulo, faço minha oração de agradecimento pela acolhida generosa que os excelentíssimos confrades tiveram com meu nome.
Protágoras de Abdera já vaticinava que “O homem é a medida de todas as coisas. Das coisas que são, enquanto são. E das coisas que não são, enquanto não são”.
O que sou devo ao regaço materno e aqui lembro com afeto extremado da família que me viu nascer e aquela que constitui com minha amada Martha, que me deu meus filhos Arthur e Heitor.
Onde cheguei devo aos ensinamentos dos meus Mestres, Professores Jorge de Rezende, Paulo Belfort, Carlos Antonio Barbosa Montenegro e Jorge de Rezende Filho; à confiança dos meus pacientes e aos amigos que a vida me abençoou. Apenas para citar os que atuam na bela cidade de São Paulo e que estão comigo nessa celebração: Professoras Rosiane Mattar, Sue Yazaki Sun e Rita Mesquita, da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (TRA-CA-TRA!), templo hipocrático onde conquistei minha livre docência em Obstetrícia.
Homens fazem as instituições, mas as instituições também fazem homens. Minha gratidão à Universidade Federal do Rio de Janeiro e à Universidade Federal Fluminense, onde professo o Magistério Superior. Como ressoa a filosofia Ubuntu: “sou porque somos”, afinal tudo o que é bom tem origem, linhagem, tessitura e pedigree.
A coletividade exige tolerância e espírito republicano. Como são venturosas as associações as quais estou vinculado: a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e a Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro; a International Society for the Study of Trophoblastic Disease e a Associação Brasileira de Doença Trofoblástica Gestacional; e a Sociedade Brasileira de História da Medicina. Caminhar na mesma seara dos meus pares, não me deixa esquecer os propósitos dessa jornada.
Pertencer a essa egrégia confraria de sábios não teria sido possível sem o afeto e apoio dos amigos Acadêmico Professor Edmund Baracat e da salomônica gestão do Acadêmico Professor Helio Begliomini. Como olvidar dos amigos mais próximos, Acadêmicos que palmilham comigo as intempéries da tocoginecologia: Professores Marcelo Zugaib, José Maria Soares Júnior e César Eduardo Fernandes; e do Acadêmico Lybio Martire Júnior, a quem tive a honra de suceder na Presidência da Sociedade Brasileira de História da Medicina.
Congregam as academias a memória de sua arte, a história de seus baluartes, sendo tabernáculo da liturgia que mantém a essência de um mister. Como sou privilegiado por ser acolhido na Academia de Medicina de São Paulo. Oxalá possa devotar meu melhor para o engrandecimento da Medicina brasileira, como procuro fazer na Academia Nacional de Ginecologia e Obstetrícia, Academia Brasileira de Médicos Escritores, Academia Brasileira de Medicina Militar, Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, Academia de Medicina do Maranhão e a Academia de Medicina do Piaui.
No opúsculo desse elóquio, sejam minhas palavras finais para saudar dois conterrâneos membros da então Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, que se transmutou na gloriosa Academia de Medicina de São Paulo. Afinal, como vaticinava o Cardeal Richelieu, que reestruturou a Academia Francesa em 1635, o culto à memória dos que nos precede é o Graal que concede “à l’immortalité”. E, por isso, reverencio primeiramente Clemente Miguel da Cunha Ferreira que nasceu e morou no mesmo bairro em que eu na cidade de Resende, estudou na nossa Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, alcançando o Olimpo hipocrático na cidade de São Paulo, onde travou sua luta contra a tuberculose. Em seguida, honro a memória do fundador dessa Academia e seu primeiro presidente, Luiz Pereira Barreto, que, não obstante tenha se tornado esculápio em Bruxelas, nasceu e gozou sua infância em Resende. Factótum, sua caravana não apenas trouxe o café para São Paulo, como seu espírito Trismegisto influenciou, e para sempre, as plagas bandeirantes.
Gratidão registrada, fica meu pedido de desculpas pela duração dessa saudação. Não tive a agudeza shakespeariana de Polonius quando sentenciou: “a brevidade é a alma da inteligência”. Todavia, como diria o grande jesuíta Padre Antonio Vieira: “Simplicidade requer tempo. Peço desculpas por esta longa, porque não tive tempo de ser breve”.
Obrigado! Meu muito obrigado!