Início do Biênio 2023-2024 da Diretoria da Academia de Medicina de São Paulo
Ilustríssimos acadêmicos:
José Luiz Gomes do Amaral, mui digno presidente da insigne Academia de Medicina de São Paulo, em seu nome quero também saudar os ex-presidentes aqui presentes: Guido Arturo Palomba e Luiz Fernando Pinheiro Franco;
Giovanni Guido Cerri, neste ato representando o doutor Francisco José Barcellos Sampaio, presidente da gloriosa Academia Nacional de Medicina, a mais antiga entidade médica do Brasil;
Akira Ishida, vice-presidente da pujante Associação Paulista de Medicina;
William Eduardo Nogueira Soares, presidente da veneranda Academia de Medicina de Sergipe;
Jurandir Marcondes Ribas Filho, presidente da veneranda Academia de Medicina do Paraná;
José Hugo de Lins Pessoa, meu dileto, dedicado e inesquecível professor de pediatria. Quanta honra para mim estarmos juntos aqui, nesse momento, após quase 50 anos! Em seu nome cumprimento os ilustríssimos confrades e confreiras deste honorável e mais antigo sodalício da medicina bandeirante;
Antônio Carlos Lima Pompeo, meu amigo e um dos mais afamados urologistas brasileiros da atualidade,presidente da Sociedade Brasileira de Urologia – sede nacional (2020-2021), pujante e modelar entidade médica, na qual trabalhei orgulhosamente em diversos cargos e funções por mais de 20 anos!
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Parodiando e complementando a frase do célebre filósofo espanhol José Ortega e Gasset (1883-1955) – “Eu sou eu e minha circunstância“, diria que “Eu sou eu e minha circunstância e meus amigos”.
Impossibilitado de mencionar todos os presentes, pois todos de certa forma fazem parte da minha vida, ou seja, do meu eu, por dever de consciência permitam-se citar alguns:
Ilustríssimos professores doutores:
Luiz Gonzaga Bertelli, meu presidente na insigne Academia Paulista de História;
Eloisa Silva Dutra de Oliveira Bonfá, confreira deste vetusto sodalício e primeira mulher a se tornar diretora da renomada e centenária Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em seu nome cumprimento carinhosamente todas as mulheres presentes;
Roni de Carvalho Fernandes, atual vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia – sede nacional, neste ato, representando o presidente doutor Alfredo Felix Canalini;
Lybio José Martire Júnior, meu presidente na Sociedade Brasileira de História da Medicina;
Sergio Gemignani, outrora meu calouro na faculdade, agora meu presidente na Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Paulista;
Claudio Francisco Atílio Gorga, colega de trabalho no Serviço de Urologia do Hospital do Servidor Público Estadual, tradicional hospital de ensino e minha segunda casa (!), onde estamos atuando por 40 anos;
Eurípedes Balsanulfo Carvalho, presidente da Associação Médica do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual;
Rosa Maria Custódio, jornalista, poetisa e memorialista e Carlos Ferrara Júnior, advogado, educador e reitor da Universidade São Camilo, em seus nomes saúdo meus confrades e confreiras da honorável Academia Cristã de Letras.
Estimados governadores de Rotary International – Salvador Strazzeri, Walter Kwast e Maria Lucia Giancoli Strazzeri, em seus nomes saúdo meus companheiros rotarianos;
Ricardo Silva, diretor administrativo do Instituto de Medicina Humanae Vitae – Imuvi, modelar entidade em atendimento ambulatorial, em que fui cofundador e onde trabalho há 35 anos;
Diletas voluntárias da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Ruth e Cristina;
Meus estimados e inesquecíveis amigos de minha infância – Júlio, e juventude – Egle;
Queridos familiares – minha esposa – Aida Lúcia; meus três filhos – Enrico, Bruno e Giovanna; meus irmãos – Pedro e Silvana; parentes, convidados e telespectadores que assistem esta cerimônia pela internet.
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Permitam-me, inicialmente, oscular a medalha que carrego em meu peito da veneranda Academia de Medicina de São Paulo, pois, acredito, que este singelo gesto possa lhes dizer muito mais do que as palavras a seguir.
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Meus amigos!
Conheci há muitos anos, um jovem que muito entusiasmado com a sua profissão, disse-me certa feita, que desde a sua infância, já alimentava desejo de ser médico. Aliás, a senhora Jacinta, sua primeira professora, sabedora dessa incontida tendência, escolheu-o quando contava com seis anos para protagonizar o papel de médico numa minipeça de teatro, por ocasião do encerramento de seu jardim da infância, onde conseguiu tratar a contento – apesar da grande aflição da mãe! – o filho enfermo de sua coleguinha de classe.
Aliás, ser médico para ele, não foi somente um desejo que o acompanhou durante sua infância, adolescência e juventude, mas, confidenciou-me que foi o maior sonho que teve em toda sua vida! A fim de ganhar tempo, não poupou esforços e juntamente com o terceiro ano do colegial noturno, fez, na parte da manhã, o curso preparatório para o vestibular. Devido ao intenso estudo de segunda a domingo, com poucas horas de sono, disse-me que esse foi para ele, o pior ano de sua vida! Contudo, foi recompensado com a aprovação no vestibular, na Faculdade de Medicina de Jundiaí, e as brincadeiras interativas do trote aplicadas pelos veteranos lhe foram um verdadeiro batismo na ciência e na arte hipocrática, inimaginável e inesquecível pódio conquistado em sua juventude!
Em sua primeira moradia, uma modesta pensão onde dividia um acanhado quarto com um colega de turma, chegou a ver ratos passando por debaixo da cama. Contudo, esse e tantos outros percalços, à medida que se lhe apareciam, eram superados pela forte vocação de ser médico!
A narrativa de sua cativante saga universitária era mesclada com arroubos de muita alegria e incontida satisfação. Contou-me, que logo no início do primeiro ano, ao lado da porta do Laboratório de Anatomia, conheceu a “Oração ao Cadáver Desconhecido”, do patologista Karl von Rokitansky (1804-1878), datada de 1876, que influenciaria profundamente a sua vida como aluno, médico e pessoa:
“Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te de que esse corpo nasceu do amor de duas almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquele que em seu seio agasalhou.
Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens; por certo amou e foi amado e sentiu saudade dos outros que partiram; acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece.
Seu nome, só Deus o sabe; mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente.”
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Aquele jovem aprendeu a venerar seus mestres, pois, muito mais do que conhecimentos teóricos e estéreis, ensinaram-lhe na linhas e nas entrelinhas – sem a menor pieguice – a defender insopitavelmente a vida humana – da fecundação à morte, inestimável e maior dádiva que se pode receber; a externar respeito, atenção, carinho e compaixão – virtudes inegociáveis que se deve ter com o próximo, particularmente, no tratamento da pessoa que padece, constituindo-se nas mais lídimas e evidentes expressões de se exercer o humanismo na profissão. Sem dúvida nenhuma, as dezenas e dezenas de professores e assistentes que teve ao longo de sua graduação, quer em anfiteatros, quer em laboratórios quer à beira do leito, quer em cirurgias lhe foram indeléveis em sua mente. E ele me declinou, emocionadamente, diversos nomes de seus inesquecíveis professores e assistentes, igualmente apaixonados pela medicina!
Contou-me que vivenciou seu curso de medicina integralmente: 24 horas por dia e 365 dias por ano, durante os seis anos, dedicando-se intensamente aos estudos, assim como ao Departamento Científico e às competições esportivas do Diretório Acadêmico Professor Alphonso Bovero. Ademais, participou de pesquisas experimentais com animais e foi coautor de artigos publicados com professores, além de ter apresentado trabalhos num congresso brasileiro realizado em Porto Alegre, ao final de seu curso.
Esteve presente em ligas acadêmicas, diversos cursos e estágios de extensão universitária e até no Projeto Rondon. Teve a honra e gratidão de ter sido monitor durante dois anos de fisiologia; 1,5 ano de clínica médica, e outros 6 meses de urologia. Ademais, enquanto terceiranista, foi cofundador da revista Perspectivas Médicas, sendo, respectivamente, seu editor associado e, como quartanista, seu editor.
Falou-me com nostalgia que os seis anos da faculdade lhe passaram mui rapidamente e a quantidade extraordinária de experiência acumulada lhe valeu ouro! Na solenidade apoteótica de sua formatura – no Palácio das Convenções do Anhembi – muito emocionado e introspectivo, não cansava reiteradamente de agradecer a Deus, não somente por lhe ter possibilitado realizar seu sonho de infância, mas também por ter conseguido aprovação em alguns programas de residência médica, optando por uma das duas vagas oferecidas pelo Serviço de Urologia do Hospital do Servidor Público Estadual. Durante a sua graduação, lembrou-se com carinho de uma das máximas que seu velho professor de anatomia, Olavo Marcondes Calazans, dizia: “Todo o curso de medicina valeria a pena, mesmo que fosse para se fazer apenas um só diagnóstico ou para mitigar a dor de um só enfermo”.
Por sua vez, aquele jovem médico disse-me também que, assim como seus conhecimentos oriundos da Faculdade de Medicina de Jundiaí lhe abriram as portas para o Hospital do Servidor Público Estadual, o tirocínio aí auferido serviram-lhe de trampolim para seu mestrado no Hospital São Paulo da tradicional e afamada Escola Paulista de Medicina, bem como, posteriormente, a interagir e a ombrear não somente com os mais renomados profissionais de sua área de atuação, da medicina e da ciência, como também com intelectuais de escol dos mais diversos campos da cultura, história, literatura e do saber.
Por fim, segredou-me que a sua pós-graduação na Escola Paulista de Medicina permitiu-lhe alguns anos depois – ainda jovem médico – não somente a ser selecionado pela Rotary Foundation,a uma bolsa de estudos profissionais na Austrália, bem como almejar a se candidatar e ser eleito membro titular da augusta Academia de Medicina de São Paulo. Contou-me que guardou com carinho a cópia da ficha de aprovação de sua elegibilidade, assinada pela comissão composta por quatro insignes acadêmicos: Alípio Corrêa Netto (1898-1988), Carlos da Silva Lacaz (1915-2002), Geraldo Vicente de Azevedo (1907-1998) e Marco Segre (1934-2016). E assim tomou posse, conjuntamente com outros cinco recipiendários, em 8 de agosto de 1986, numa inesquecível efeméride ocorrida no anfiteatro do Instituto Oscar Freire, na gestão do professor Odon Ramos Maranhão (1924-1995), genro do eminente e lendário professor de medicina legal Flamínio Fávero (1895-1982).
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Meus caros amigos!
Sou efusivamente grato a Deus, por ter permitido que aquela inocente criança desejosa de ser médico, tenha se transformado naquele adolescente, jovem, adulto, e agora, senescente, que me tornei. Ah!… Se o tempo pudesse retroceder – voltar mais de meio século!… e outra chance tivesse, não tenho dúvida alguma, de que sofreria as mesmas agruras para conquistar o maior sonho que tive em toda a minha vida – ser médico!
Relembrando meu estimado professor de anatomia, Olavo Marcondes Calazans, sou igualmente grato a Deus por ter permitido que pudesse ter realizado e continuar realizando não somente um, mas um sem-número de diagnósticos e de ter curado, mitigado o sofrimento ou mesmo acalentado esperanças a milhares e milhares e milhares de pessoas que a mim vieram buscar ajuda nesses quase nove lustros no sublime ofício de Hipócrates (460 a.C. – 370 a.C.).
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Meus amigos!
Fui convidado pelos ilustres acadêmicos Afiz Sadi (1924-2010, in memoriam) e Guido Arturo Palomba, ex-presidente (2002-2003 e 2007-2008), para atuar na diretoria liderada pela acadêmica Yvonne Capuano (2009-2010) – a terceira mulher que presidiu a secular Academia de Medicina de São Paulo –, em trabalho diversificado que tenho orgulhosa e prazerosamente realizado há 14 anos, a convite reiterado de presidentes que têm se sucedido no comando da entidade. Entre as funções que exerci ou tenho exercido encontram-se: 2o tesoureiro (2009-2010); diretor da Comissão de Patrimônio (2013-2014 e 2015-2016); diretor de Comunicação (2017-2018 e 2019-2020); vice-presidente (2021-2022) e editor do boletim Asclépio (2017-2018, 2019-2020 e 2021-2022).
Assim, ao longo desse tempo atuei em diversos cargos, mas, de modo especial, dediquei-me de corpo e alma, particularmente, ao resgate da historiografia deste caríssimo sodalício, vindo a lume algumas publicações e inéditas revelações. Nessas diuturnas pesquisas que muito me consumiram, mas que igualmente muito me alegraram, pude constatar que muitos dos antigos professores que tive na saudosa Faculdade de Medicina de Jundiaí fizeram parte da ínclita Academia de Medicina de São Paulo!
Estimulado pelos ilustres e estimados presidentes Guido Arturo Palomba e José Luiz Gomes do Amaral, bem como por diversos outros membros de nossa grei, ousei, dentre tantos expoentes e renomados acadêmicos e acadêmicas que perfazem a indiscutível riqueza humana, profissional, científica, ética, intelectual e curricular de nosso sodalício, coordenar uma chapa de sucessão, tarefa em que fui igualmente apoiado e incentivado pelos confrades da última diretoria, sem a ajuda dos quais, enfatizo, essa empreitada seria impossível de ser levada a cabo.
Torna-se, pois, imprescindível nominar e enaltecer os confrades e confreiras com os quais dividiremos a honra e a responsabilidade de trabalhar no próximo biênio, à causa da querida Academia de Medicina de São Paulo. Reconhecendo-me como o menor dentre os participantes desta diretoria (2023-2024), pois conheço o admirável histórico profissional que cada um deles possui, certamente, com este seleto time estarei muito fortalecido:
Walter Manna Albertoni (vice-presidente); Sérgio Bortolai Libonati (secretário geral); Flávio Antonio Quilici (secretário adjunto); Paulo Manuel Pêgo-Fernandes (primeiro tesoureiro); Marilene Rezende Melo (segunda tesoureira); Juarez Moraes de Avelar (diretor cultural); Edmund Chada Baracat (diretor de comunicação); Comissão de Patrimônio: Giovanni Guido Cerri, Guido Arturo Palomba (Diretor) e José Luiz Gomes de Amaral; e Conselho Científico: Linamara Rizzo Battistella (Diretora), Ramiro Colleoni Neto e Sônia Maria Rolim Rosa Lima.
Agradeço, muito emocionado, a inefável deferência que meus pares me deram através do último escrutínio, de ser um dos sucessores do condestável Luiz Pereira Barreto, fundador e primeiro presidente desta casa, que tem por epônimo seu nome.
Deram-me também o beneplácito de suceder a uma legião de esculápios probos, cultos, éticos, renomados, que não somente se destacaram e fizeram história na medicina paulista, mas vários deles também alcançaram renome nacional e internacional. E neste seleto rol faz-se mister reverenciar a título ilustrativo, alguns desses notáveis, que já não estão mais conosco:
Carlos de Arruda Botelho, Augusto Miranda de Azevedo, Arnaldo Vieira de Carvalho, Arthur Vieira de Mendonça, Diogo de Faria, Domingos Rubião Meira, João Alves de Lima, Synesio Rangel Pestana, Antônio Cândido de Camargo, Celestino Bourroul, Ovídio Pires de Campos, José Ayres Netto, Luiz Manuel de Rezende Puech, Enjolras Vampré, Américo Brasiliense de A. M. Filho, José Pereira Gomes, Cantídio de Moura Campos, Antônio de Almeida Prado, Zeferino do Amaral, Antônio Carlos Pacheco e Silva, Flamínio Fávero, Jairo de Almeida Ramos, Franklin de Moura de Campos, Antônio Carlos da Gama Rodrigues, Alípio Corrêa Netto, João Alves Meira, Carmen Escobar Pires, Benedicto Augusto de Freitas Montenegro, Felício Cintra do Prado, Eurico Branco Ribeiro, Mário Ramos de Oliveira, Eurico da Silva Bastos, Adherbal Machado Tolosa, Carlos da Silva Lacaz, Plínio Bove, Waldyr da Silva Prado, Durval Sarmento da Rosa Borges, Virgílio Alves de Carvalho Pinto, Michel Abu-Jamra, Antônio Spina França Netto, Irany Novah de Moraes, Odon Ramos Maranhão, Fernando Proença de Gouvêa, José Rodrigues Louzã e Luiz Celso Mattosinho França, dentre tantos outros da elite médica paulista.
A Casa de Luiz Pereira Barreto tem albergado ao longo de sua secular existência, ilustres e afamados filhos de Hipócrates, expoentes que honraram e têm honrado a medicina, quer como cientistas, quer como professores, quer como clínicos, quer como cirurgiões, quer como intelectuais, que se destacaram nas mais diversas especialidades da profissão.
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Meus amigos!
Esta augusta casa também orgulhosamente recepcionou, abrigou e perenizou Francisco Franco da Rocha (15/4/1895), Vital Brazil Mineiro da Campanha (1/5/1895)[1], Jeanne Françoise Joséphine Marie Rennotte (1895), Clemente Miguel da Cunha Ferreira (antes de 1897), Emílio Marcondes Ribas (1/8/1910), Antônio Carini (22/2/1911), Walter Seng (15/3/1911), Raul Carlos Briquet (1/5/1911), Geraldo Horácio de Paula Souza (1/12/1915), Alphonso Bovero (antes de 1918), Luciano Gualberto (12/2/1917), Carlos Justiniano Ribeiro das Chagas (antes de 1918), Manoel Augusto Pirajá da Silva (1919-1920), Ernesto de Souza Campos (15/5/1920), João Penido Burnier (antes de 1924), Octávio de Carvalho (1/7/1925), Manoel de Abreu (antes de 1926), Durval Bellegarde Marcondes (15/1/1931); Edmundo Vasconcelos (2/5/1931), Renato Locchi (1/7/1931), Antônio Prudente de Meireles de Morais (1/10/1937), Rodolpho de Freitas (16/8/1938); Walter Edgard Maffei (3/1/1938), Dante Pazzanese (16/11/1938), Euryclides de Jesus Zerbini (2/12/1941); Darcy Vilela Itiberê (1/10/1942); Augusto Amélio da Motta Pacheco (9/11/1944); Domingos Delascio (23/2/1956); Gil Soares Bairão (19/2/1964); Jerônymo Geraldo de Campos Freire (19/2/1964); Costabile Gallucci (15/12/1965); Roberto Rocha Brito (25/4/1967); Gilberto Menezes de Góes (23/26/1976); Daher Elias Cutait (31/3/1977), Nelson Rodrigues Netto Júnior (26/4/1984); e Adib Domingos Jatene (17/4/1991), dentre muitíssimos outros luminares.
Ademais, neste cenáculo bandeirante igualmente fizeram parte quatro Prêmios Nobel: Charles Robert Richet (antes de 1918), Marie Skłodowska Curie (antes de 1927), Antônio Caetano de Abreu Freire Egas Moniz (antes de 1930) e Alexander Fleming (1954), além de outros 14 relevantes médicos que foram indicados a esse renomado galardão.
Assim, dezenas e dezenas de outros membros, pela notoriedade que tiveram em suas contemporaneidades são também perenizados, dando nomes a ruas, avenidas, praças, escolas, hospitais, unidades de saúde, anfiteatros, museus, bibliotecas, prêmios, patronímicas de cadeiras de silogeus, centros acadêmicos e até a dois municípios: a Estância Turística de Pereira Barreto e a cidade de Franco da Rocha.
Esse imensurável cabedal curricular – ético, científico, histórico, educacional, cultural, intelectual e profissional –, dificilmente passível de se reunir em quaisquer entidades de classe, tem se constituído secularmente – sem dúvida alguma!!! – no maior patrimônio da veneranda Academia de Medicina de São Paulo.
Para concluir, gostaria de tecer algumas modestas, mas densas considerações sobre meu antecessor imediato, na presidência deste querido sodalício com uma singela comparação, mas de grande significado. Sabemos pela história, que no crepúsculo do século XIX, Mathias de Vilhena Valladão e Sérgio Florentino de Paiva Meira associados a um pugilo de outros renomados médicos, muito ansiavam pela fundação de uma entidade, que congregasse a classe médica paulista. Embora todos possuíssem predicados sobejos, escolheram alguém que estava incontestavelmente num patamar superior para presidir e impulsionar a então Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo que, há 69 anos, denomina-se Academia de Medicina de São Paulo. E a escolha, sem questionamentos e delongas, apontou para Luiz Pereira Barreto, que além de ser um renomado médico, escritor, pensador, administrador e político, era um dos mais ilustres, queridos e respeitados líderes daquela época.
Não tenho dúvida nenhuma de que se a Academia de Medicina de São Paulo fosse fundada hoje, dentre os nomes que seriam cogitados para ser seu primeiro presidente, indiscutivelmente sobressairia a figura de José Luiz Gomes do Amaral – homem pacífico, conciliador, respeitado e mui querido, que tem exercido não somente uma carreira universitária exitosa, mas também tem se destacado há anos, na vida médica associativa. Dentre os principais cargos que galgou à mercê de sua competência e ratificação pelo voto de seus pares, têm-se:
Na Associação Paulista de Medicina (APM) atuou como primeiro vice-presidente em dois mandatos trienais (1995-1997 e 1997-1999), e como presidente em mais outros quatro mandatos trienais (1999-2002; 2003-2005; 2018-2020 e 2021-2023). Na Associação Médica Brasileira (AMB) exerceu as funções de vice-presidente para a Região Centro-Sul num mandato trienal (2003-2005), e como presidente em mais outros dois mandatos trienais (2005-2008 e 2008-2011). Na Federação Brasileira de Academias de Medicina (Fbam) tem atuado como vice-presidente da Região Sudeste (2020-2022). Ademais, José Luiz Gomes do Amaral foi o terceiro brasileiro a ser eleito presidente da World Medical Association (WMA, 2011-2012), entidade que reúne 97 Associações Médicas Nacionais, que representam mais de nove milhões de médicos neste planeta!!!
Se o grande Luiz Pereira Barreto serviu durante um ano nosso sodalício em seus albores, José Luiz Gomes do Amaral atuou em dois mandatos bienais como diretor associado do Departamento Científico (2003-2004 e 2005-2006) e como presidente em outros dois mandatos bienais (2019-2020 e 2021-2022).
José Luiz Gomes do Amaral é, inquestionavelmente, um dos mais respeitados próceres não somente da medicina paulista, mas brasileira! Mas como suceder a alguém com tamanha liderança e respeito! Esse grande desafio, só pude me atrever a aceitar em minha pequenez, tendo não somente o apoio da diretoria entrante, mas também constando nela, o dileto acadêmico e amigo José Luiz Gomes do Amaral.
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Meus caros amigos!
Nesta peroração gostaria, uma vez mais, não somente de agradecer a Deus por mais esta dádiva e desafio recebidos em minha vida, mas rogo humildemente a Ele, que me conceda as condições físicas e mentais necessárias para juntamente com meus confrades e confreiras de diretoria transpor, a contento, as dificuldades que surgirem.
Por oportuno, sou também muito grato a Deus pela família e numerosos familiares que tive desde tenra idade, onde vivenciei o amor, a partilha, a simplicidade, a benquerença, o desprendimento, a honestidade, a solidariedade, o respeito ao próximo e, particularmente, aos mais idosos; a necessidade do trabalho, que dignifica o ser humano, dentre tantas outras virtudes cristãs.
Agradeço de modo mui carinhoso, a minha querida esposa Aida Lúcia, com quem já dividi em quase cinco décadas muitas alegrias e lágrimas, bem como aos meus amados filhos, Enrico, Bruno e Giovanna e suas belas famílias.
Se naquela memorável noite de 8 de agosto de 1986, quando tomei posse na querida Academia de Medicina de São Paulo, meus pais não se continham de alegria, tenho certeza de que hoje, junto a Deus, eles continuam velando pelos seus três filhos, sete netos e onze bisnetos no caminho da retidão e do bem. A eles, a minha grande saudade e eterna gratidão!
Muitíssimo obrigado!
Helio Begliomini
[1] As datas, entre parênteses, referem-se ao ingresso no sodalício quer como membro titilar, honorário, correspondente nacional ou correspondente internacional.
[1] Discurso de posse na presidência da Academia de Medicina de São Paulo (2023-2024), em solenidade de gala realizada, no dia 7 de março de 2023, às 19h30, no Auditório Professor Doutor Adib Domingos Jatene da Associação Paulista de Medicina.