Mortalidade infantil no Brasil
A taxa de mortalidade infantil é indicador confiável para refletir as condições de vida e de saúde das populações. Estima o risco de morte entre menores de um ano e expressa as falhas no atendimento à saúde.
Em 2016, essa taxa atingiu 14 óbitos por 1.000 nascimentos, o que representa um aumento de 5% sobre o ano anterior (bem superior à taxa média mundial de 3,2%, segundo Relatório da UNICEF, de 2017). A esse respeito já se manifestou a Sociedade Brasileira de Pediatria, solicitando às autoridades de Saúde do país, medidas pertinentes para enfrentar o problema.
A Academia de Medicina de São Paulo não poderia deixar de manifestar sua preocupação quanto a essa triste realidade. Depois de 26 anos de um ciclo de queda contínua desse indicador, quando dados do Ministério da Saúde nos mostravam que, entre 1990 e 2012, houve uma diminuição de 54 para menos de 14 o número de mortes para cada 1.000 crianças nascidas vivas no Brasil, nos deparamos com esse lamentável dado referente a 2016 e com perspectiva de que não haja melhora em 2017!
Segundo as autoridades de Saúde do país, a epidemia de zika vírus de um lado e as consequências da crise econômica sobre a população, de outro, seriam responsáveis por esses dados. Contudo, outros fatores estão atuando, conforme já foi apontado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, tais como “a falta de recursos e de infraestrutura para funcionamento da rede pública de assistência; a desvalorização dos profissionais que prestam cuidados (médicos e demais membros das equipes); o desmonte das equipes especializadas no atendimento de crianças, sobretudo nas salas de parto e nos primeiros anos de vida; e a dificuldade de acesso dos pacientes aos serviços de saúde (consultas, exames, internações e cirurgias).”
Assim, determinantes sociais, associados à baixa cobertura vacinal trazem risco do aumento da incidência de doenças infectocontagiosas (sarampo, meningite, tuberculose, sífilis congênita, dentre outras), criam um quadro multifatorial responsável por essa situação preocupante.
A solução exige um esforço conjunto das autoridades de Saúde, dos governos Municipal, Estadual e Federal, ao lado da atuação dos profissionais da Saúde e atividades de divulgação, com o objetivo de implementar as ações necessárias ao controle da situação vigente.
José Roberto de Souza Baratella
Presidente
Academia de Medicina de São Paulo
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