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Biografia

Antonio Barros de Ulhôa Cintra

O professor Antonio Barros de Ulhôa Cintra era de família tradicional de São Paulo, onde nasceu em 13 de setembro de 1907. Era sobrinho do professor de pediatria, Delphino Pinheiro de Ulhôa Cintra. Sua vocação médica sempre foi inquestionável, formando-se na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em 1930. 

Após alguns anos em que considerou a pediatria como opção ou possibilidade de carreira, mudou de rumo ao tomar conhecimento das novas ideias vindas dos professores alemães que se radicaram nos Estados Unidos da América, fugindo do terror nazista. 

No auge da Segunda Grande Guerra, embarcou para Boston, onde, no Massachussetts General Hospital da Harvard Medical School, encontrou o professor Fuller Albright. Esse genial americano, justamente conhecido como “pai da moderna endocrinologia”, havia lançado revolucionários conceitos sobre as moléstias das glândulas endócrinas e do metabolismo de doenças ósseas. 

Com Albright, o professor Cintra ficou fascinado com as doenças ósseas metabólicas e, voltando ao Brasil, com o auxílio financeiro de amigos dedicados, montou no Hospital das Clínicas o Serviço de Moléstias da Nutrição e o Laboratório Metabólico da Primeira Clínica Médica. 

O professor Cintra assumiu a cátedra na FMUSP após concurso público e foi o indiscutível pioneiro do conceito inovador de que o endocrinologista deve, a par do conhecimento clínico e teórico da doença, ter grande familiaridade com o laboratório clínico ou de pesquisa – do leito à bancada laboratorial e vice-versa. 

Chamado a reger e dirigir a Universidade de São Paulo como reitor2 e, mais tarde, como secretário da Educação do governo Abreu Sodré, realizou um trabalho excepcional. A criação da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por lei 5.918 de 18 de outubro de 1960, sancionada pelo governador Carvalho Pinto, teve participação decisiva de Ulhôa Cintra, sendo o presidente do primeiro Conselho Superior da Fapesp, cargo que manteve até 1973. 

Voltou o professor Cintra à sua querência na faculdade de medicina, onde continuou a colocar o seu tempo e a sua vida na tarefa de formar médicos; a descobrir fatos; a elucidar mecanismos de doenças; a curar pacientes; a ensinar muito; a pesquisar continuamente. Formou na Primeira Clínica Médica um extraordinário número de discípulos e seguidores que, mais tarde, foram seus sucessores tanto na FMUSP, como professores em outros centros universitários. Foi o fundador dos Laboratórios de Investigação Médica (LIM) do Hospital das Clínicas da USP e o seu primeiro diretor-geral. 

Mesmo após a sua aposentadoria em 1978, jamais deixou de ir ao Hospital das Clínicas onde assistia e participava de todas as reuniões; compartilhava das visitas à enfermaria; discutia aspectos complexos de casos clínicos complicados; e emitia judiciosas opiniões, mostrando uma incrível atualização médica. 

O professor Ulhôa Cintra faleceu no final do ano de 1998, aos 91 anos. Foi, sem dúvida, um paradigma de educador, médico, professor universitário e cientista, sendo justamente homenageado como patrono da cadeira no 33 da augusta Academia de Medicina de São Paulo. 

NOTAS: 

Esta biografia é uma autoria do Acad. Antonio Barros de Ulhôa Cintra , titular da cadeira no 33 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Antonio Barros de Ulhôa Cintra.

Pequenas inserções e adaptações do texto ao perfil desta secção, assim como as notas de rodapé foram feitas pelo Acad. Helio Begliomini, Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Exerceu a reitoria da USP de 1960 a 1963. 

Contribuiu também na elaboração da lei de criação da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, e da Faculdade de Ciências Médicas de Botucatu.