Antônio Caetano de Campos
Antônio Caetano de Campos, médico e educador, nasceu em 17 de maio de 1844, na cidade de São João da Barra, Estado do Rio de Janeiro. De família pobre, seus primeiros anos foram de lutas e privações.
Formou-se pela Escola de Medicina da antiga Corte, em 1867, participando como cirurgião da armada na Guerra do Paraguai.
Em 1870, transferiu-se para São Paulo, conseguindo logo grande clientela. Ainda encontrava tempo para lecionar. Rangel Pestana, reconhecendo as altas qualidades de Caetano de Campos como educador, sugeriu a Prudente de Moraes, então presidente do Estado de São Paulo, sua nomeação para o cargo de diretor da Escola Normal.
O médico Caetano de Campos, diretor da Escola Normal de São Paulo, entre janeiro de 1890 e 1891, lançou a pedra fundamental do prédio que levaria seu nome, onde o curso normal iniciava a mulher para o mercado de trabalho, fornecendo-lhe alguma cultura geral sem dispensar os trabalhos manuais.
Lecionando na cadeira de biologia e administrando a modelar escola, deu nova orientação ao ensino.
Foi graças à orientação e influência de Caetano de Campos que surgiu a lei no 27 de 12 de março de 1890, reformando a Escola Normal e convertendo em escolas modelos, as escolas preliminares anexas.
Essas escolas foram criadas pelo próprio Caetano de Campos e eram dirigidas por duas notáveis professoras: Maria Guilhermina Loureiro de Andrade, que havia permanecido quatro anos nos Estados Unidos, estudando métodos de ensino, e Marcia Browne, educadora norte-americana.
Foi também médico da Beneficência Portuguesa e diretor clínico da Santa Casa de Misericórdia.
Educador por vocação, conhecedor das deficiências do aparelho educacional da monarquia e politicamente convencido dos benefícios da instrução, que só o regime republicano poderia proporcionar, sacrificou seus interesses pessoais para se dedicar ao magistério.
Caldeira Filho, um de seus biógrafos, assinala que a dignidade da profissão foi por ele projetada em merecido relevo e imposta, então, ao respeito público.
Quando o renomado mestre faleceu, em São Paulo, o jornal “O Estado de São Paulo” notificou sua morte, acentuando em sua grande figura as linhas dominantes: “médico desvelado pelos seus doentes, cidadão exemplar, patriota modelo, republicano convicto” e, por último, “fanático da instrução pública”.
Pelágio Lobo registrou que Caetano de Campos teve em sua vida dois fanatismos que se igualaram em intensidade e eram resultantes de uma formação moral de imensa fatalidade: o fanatismo da assistência médica para os doentes e o fanatismo da assistência escolar para os analfabetos. A ambas essas classes de moléstias consagrou sua curta existência.
O trabalho de Caetano de Campos foi o de fomentar os governantes de São Paulo pela causa da instrução, que ele sabia ser a semente da nossa grandeza futura. Com isto, soube valorizar o mestre-escola, geralmente tão esquecido.
Sud Mennucci referiu, certa vez, que, na vida assombrosa de Caetano de Campos, o que mais lhe impressionara foi o seu remate. Doente, aceitou árduas incumbências, realizando obra magnífica, morrendo na ativa, enfrentando o destino, sacrificando-se pelo próprio ideal, mas realizando o grande milagre de concretizar um sonho.
Caetano de Campos faleceu prematuramente aos 47 anos, em 12 de setembro de 1891, dando o melhor de sua vida à educação da mocidade e abrindo novos horizontes para a instrução pública em nosso meio.
Em 1894, no dia 2 de agosto, a Escola Normal Caetano de Campos instalava-se condignamente no magnífico prédio da Praça da República, na cidade de São Paulo. E, assim, o nome abençoado do renomado médico seria perpetuado e apontado à mocidade brasileira como grande “fanático da instrução popular”.
Reformas posteriores alteraram-lhe a denominação, chegando-se a tirar o nome de Caetano de Campos dado à Escola Modelo e também ao majestoso aspecto arquitetônico do edifício.
Finalmente, em homenagem a Caetano de Campos, o governo do Estado, por decreto de dezembro de 1939, devolveu seu nome à Escola Normal da Praça da República, na cidade de São Paulo.
Antônio Caetano de Campos foi honrado post-mortem como patrono da cadeira no 28 da Academia Paulista de Letras, fundada em 27 de novembro de 1909.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.