Cândido Espinheira
Cândido Espinheira não exerceu a clínica em larga escala. Era muito próximo de Emílio Ribas , que era o chefe geral do Serviço Sanitário.
Foi diretor do Hospital de Isolamento que, posteriormente, em 1932, passou-se a chamar Hospital Emílio Ribas.
Desempenhou seu cargo com grande dedicação e rigor. Proporcionou o desenvolvimento e a ampliação dessa instituição de saúde, dando-lhe as normas científicas. Era grande administrador e velava com abnegação pelos interesses desse nosocômio, como se fora a sua própria casa.
Foi sob suas vistas que Emílio Ribas fez as experiências probatórias de que o tifo amarílico não se transmite pelo vômito, confirmando os achados de Havana, em Cuba, quando o estegomia fasciata representou ser o agente transmissor da doença.
Nada deixou escrito sobre medicina. Entretanto, era frequentemente chamado para conferências quando se tratava de moléstias infecciosas, pois era considerado uma autoridade em doenças de notificação compulsória.
Cândido Espinheira, um dos expoentes da classe médica paulista do final do século XIX, foi um dos fundadores, em 7 de março de 1895, da insigne Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo. Nessa entidade participou ao lado de Marcos de Oliveira Arruda e Evaristo da Veiga da Comissão de Higiene.
Rubião Meira , seu biógrafo e contemporâneo, assim se refere sobre Cândido Espinheira: “Era bonachão, bondoso, incapaz de articular uma palavra contra quem quer que fosse; tinha gestos brandos onde se lia a grande tolerância de seu espírito. Já o conheci na idade bem madura e tive com ele relações senão de intimidade, pelo menos de grande cordialidade. Inteligente e bom foram os dois predicados que o destacaram em São Paulo, onde pôs sua vida ao serviço e tratamento das moléstias epidêmicas. Prestou serviços inestimáveis na campanha contra a febre amarela e a febre tifoide. (…) Cuidava de seus doentes com especial carinho, sempre constante e cuidadoso. (…) Em duas palavras pode-se traçar sua vida: a bondade e o devotamento. Foi um devotado à sua profissão e nada mais, não procurando nela os interesses materiais, mas só olhando pelo lado afetivo e de sacrifício que apresenta. (…) Foi, portanto, digno da benquerença popular”.
Cândido Espinheira nunca se imiscuiu em ações mercantilistas. Viveu como um idealista e, com o passar dos anos, foi vendo seus ganhos se desvanecerem. Foi um benemérito da cidade de São Paulo e seu nome era credor de gratidão e de respeito da população. Foi justo e deu a melhor parte de sua vida pelo bem dos cidadãos paulistanos, pugnando pelo saneamento e pela luta contra as doenças infecciosas.
Cândido Espinheira é honrado como patrono da cadeira nº 129 da augusta Academia de Medicina de São Paulo e dá nome a uma rua na cidade de São Paulo, no bairro de Perdizes.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
Emílio Marcondes Ribas é o patrono da cadeira nº 56 da Academia de Medicina de São Paulo.
Marcos de Oliveira Arruda foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo.
Evaristo da Veiga foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, e é o patrono da cadeira nº 107 desse sodalício.
Domingos Rubião Alves Meira foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante meio mandato anual entre 1905-1906 e um mandato anual entre 1911-1912, e é o patrono da cadeira nº 51 desse sodalício.