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Biografia

Cássio Ravaglia

Cássio Ravaglia nasceu em 9 de agosto de 1928, na cidade de São Paulo. É filho de Francesco Ravaglia e de Bianca Ravaglia. 

Graduou-se em 1952, na 35a turma da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Desde os bancos acadêmicos, no início dos anos de 1950, interessou-se pelo movimento estudantil. Foi presidente da Juventude Universitária Católica (JUC) em 1951, ocasião em que instituiu pela primeira vez na FMUSP, a celebração da Missa ao Cadáver, em homenagem àqueles seres anônimos de doaram seus corpos para o estudo anatômico. 

Foi inscrito sob o número 2.439 no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), em 9 de abril de 1957. 

Após a sua formatura fez residência no Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP dedicando-se à clínica médica e, particularmente, à endocrinologia. Nessa instituição de ensino também se enveredou pela carreira universitária, atuando na 1a Clínica Médica liderada pelo professor Antonio Barros de Ulhôa Cintra. 

Cássio Ravaglia, um dos primeiros médicos a exercer a endocrinologia no estado de São Paulo, foi membro fundador da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). 

Aprimorou-se no estudo do hormônio de crescimento. Interou juntamente com os doutores Paulo A. A. Galvão, H. Shibata, G. Hoxter e Lício Marques de Assis o primeiro grupo, no Brasil, a produzir hormônio de crescimento humano e aplicá-lo com sucesso em deficientes nos anos de 1960. 

Foi pioneiro em nosso meio a estudar o comportamento metabólico e causal da obesidade. Criou e chefiou o ambulatório de obesidade no HC – FMUSP, que, posteriormente, foi denominado de Grupo de Obesidade e Doenças Metabólicas. Nessa área de atuação resultou sua tese de doutorado defendida em 1973, versando sobre o tema Jejum e Obesidade

Foi também o primeiro a utilizar no País, no Hospital Gastroclínica , em diabéticos graves, um pâncreas artificial – o “Biostator”, trazido da Clínica Mayo (Rochester, EUA), cujos resultados foram apresentados no Congresso da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia em 1984, em Canela (RS). 

Cássio Ravaglia galgou a condição de professor assistente doutor do HC – FMUSP e aí atuou por 32 anos (1955-1987) entre atribuições didáticas e assistenciais, além de ter contribuído pela formação em clínica médica, endocrinologia e metabologia de um sem-número de especialistas. 

Professores da Divisão de Endocrinologia da 1ª  Clínica Médica, serviço dirigido pelo professor Antonio de Barros de Ulhôa Cintra, em 1962. Da esquerda para a direita: Lício Marques de Assis, Willian Nicolau, Cássio Ravaglia, Antonio Coelho Neto, Dorina Epps, Virgílio Gonçalves Pereira, Mario Mansur Gueiros, Rômulo Pieroni, Wlater Luthold, Geraldo Medeiros Neto  e Walter Bloise. 

Foi também professor da Escola de Enfermagem da USP (1960-1968); professor titular da Faculdade de Medicina de Londrina e, em Sorocaba, da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 

Contribuiu para a expansão do conhecimento de sua especialidade e publicou cerca de 80 trabalhos. É autor da monografia Simpósio sobre Obesidade (em coautoria com Eugênio Chiorboli, 1983). Ministrou diversas aulas e palestras em cursos, simpósios e congressos, no Brasil e no exterior. 

Recebeu o Prêmio Diogo de Fariada Associação Paulista de Medicina, em 1970, em coautoria pelo trabalho “Estudo sobre Níveis Plasmáticos de Hormônio Tireoidiano”; e menção honrosa, em 1996, com a monografia A Importância do Médico Clínico Geral, conferida pela Abrange – Associação Brasileira de Medicina de Grupo. Essa entidade também o convidou para integrar a comissão do Prêmio Jornalismo – Medicina da Abramge. 

Cássio Ravaglia foi um dos fundadores do convênio Interclínicas, em 1964. Integrou o corpo clínico dos hospitais: Edmundo Vasconcelos , Santa Catarina, Samaritano, Igesp – Instituto de Gastroenterologia de São Paulo, Centro Transmontano, Evaldo Foz, onde foi diretor clínico, e Oswaldo Cru , onde recebeu, em 1996, o título de membro honorário por relevantes serviços prestados. 

Cássio Ravaglia. À esquerda enquanto jovem assistente da Divisão de Endocrinologia da 1a Clínica Médica do HC – FMUSP, em 1962. À direita, proferindo uma conferência em 2005, no Centro Transmontano de São Paulo. 

Apoiou ações sociais como o Projeto Cidadania – Caminhadas com Segurança promovido pelo Instituto de Ortopedia & Saúde (IOS), sendo homenageado em sua sexta edição. 

Defensor da medicina liberal, da salutar relação médico-paciente e da dignidade profissional do médico, atuou como delegado em mandatos da Associação Paulista de Medicina (APM, 1999-2002) e da Associação Médica Brasileira (AMB). 

Monarquista, acreditou ser essa a melhor forma de governo para o Brasil, e assim votou no plebiscito de abril de 199310, ocasião em que era também presidente do Conselho Monárquico do Estado de São Paulo (1991-1993). Fez também parte do conselho deliberativo do Instituto Brasil Imperial (2010). 

Preocupado com a renovação moral e cívica, assim como com a política e a cultura escreveu diversos artigos em jornais e revistas exprimindo seus pensamentos. A título de ilustração citam-se: “Treatment of Adrenocortical Cancer”; “Assistência Médica no País é Problema Grave”; “A Faculdade de Medicina e o Ensino Médico”; “Medicina Livre em uma Sociedade Livre”; “O Funcionalismo do Estado Clamando por Justiça”; “Antidistônicos e Público”; “José Vicente Martins Campos – In Memoriam”; e “Ressurge um Grande Personagem – O Médico Clínico”, dentre outros. 

Cássio Ravaglia ingressou na Academia de Medicina de São Paulo em 23 de março de 1983, galgando a condição de membro honorário desse sodalício. 

Casou-se com Giselda Duarte de Oliveira Ravaglia, falecida aos 79 anos, em 29 de outubro de 2009. São seus filhos: João Luiz, Cíntia e Lia; e seus netos: Vitor, Léo e Daniel .

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Antonio Barros de Ulhôa Cintra é o patrono da cadeia nº 33 da Academia de Medicina de São Paulo. 

Lício Marques de Assis foi membro honorário da Academia de Medicina de São Paulo. 

Hospital Gastroclínica teve posteriormente seu nome mudado para Hospital Edmundo Vasconcelos. 

Geraldo Antonio Medeiros Neto é membro titular da cadeira nº 33 da Academia de Medicina de São Paulo sob a patronímica de Antonio Barros de Ulhôa Cintra. 

Walter Bloise é membro honorário da Academia de Medicina de São Paulo. 

Diogo Teixeira de Faria foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, por um mandato anual entre 1904-1905, e é o patrono da cadeira nº 58 desse sodalício. 

Edmundo Vasconcelos é o patrono da cadeira nº 47 da Academia de Medicina de São Paulo. 

Oswaldo Gonçalves Cruz é o patrono da cadeira no 99 da Academia de Medicina de São Paulo. 1

A proposta monárquica obteve 7,3 milhões de votos. 

Em coautoria com Antonio da Silva Coelho Netto, Bernardo Léo Wajchenberg, Virgílio Gonçalves Pereira, José Shnaider, Armando Aguiar Pupo, Antonio Barros de Ulhôa Cintra. Annals of Internal Medicine 59 (1): 74-78, 1963. 

O Estado de S. Paulo – edição de 17 de setembro de 1967, página 31. 

O Estado de S. Paulo – edição de 24 de outubro de 1971, página 137. 

O Estado de S. Paulo – edição de 20 de novembro de 1986, página 37. 

O Estado de S. Paulo – edição de 18 de março de 1988, página 26. 

O Estado de S. Paulo – edição de 27 de setembro de 1989, página 2. 

Arquivos de Gastroenterologia 36 (4): 167-168, 1999. 

Suplemento Cultural da Associação Paulista de Medicina no 208 (novembro): 6, 2009. 

O Estado de S. Paulo – edição de 1o de novembro de 2009, caderno C, página 8. 

Cassio Ravaglia faleceu em 21 de junho de 2015, aos 86 anos.