Eduardo Rodrigues Alves
Eduardo Rogrigues Alves nasceu em 1881 e trabalhou no Instituto Bacteriológico do Estado de São Paulo. Em 1912 foi deslocado para a Secção de Proteção à Infância e, em seu lugar, foi nomeado Manuel Pais de Azevedo como médico assistente.
Em 1918 o Instituto Pasteur de São Paulo foi reinaugurado. A instituição havia passado a ser estadual em 1916. O prédio tinha sido reformado o que lhe deu novas feições. Por ocasião de sua reinauguração foi convidado a dirigi-lo o médico Eduardo Rodrigues Alves, que permaneceu 30 anos à frente da entidade.
Nessa segunda fase do Instituto Pasteur de São Paulo 3 , devido ao pequeno número de funcionários, os recursos foram aplicados no aperfeiçoamento de técnicas de fabricação de vacina, no soro antirrábico e no diagnóstico e tratamento da raiva. Os relatórios de Eduardo Rodrigues Alves à direção da Saúde Pública mostravam que sua principal preocupação era o controle da doença, que se deveria dar pela eliminação dos cães vadios. Em vários trechos desses documentos ele apresentou propostas para a melhoria dos serviços de recolhimento de cães e o estabelecimento de normas para a criação doméstica destes animais.
Eduardo Rodrigues Alves foi membro da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser seu 27º presidente, exercendo um mandato anual entre 1925-1926.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
As fotos foram gentilmente cedidas pela biblioteca do Instituto Pasteur de São Paulo.
O Instituto Bacteriológico do Estado de São Paulo recebeu essa denominação em 1893, sendo fundado no ano anterior (1892) como Laboratório de Bacteriologia do Estado de São Paulo. Em 1940 passou a denominar-se Instituto Adolfo Lutz.
O Instituto Pasteur de São Paulo nasceu como uma instituição privada e filantrópica através de um grupo de médicos e beneméritos paulistas interessados no desenvolvimento das ciências biomédicas e da saúde coletiva no estado. A iniciativa foi do jovem médico Ulysses Paranhos e do clínico português Bittencourt Rodrigues, que moveram uma campanha com o objetivo de se criar uma instituição antirrábica na cidade. Logo, Ignácio Wallace da Gama Cochrane, ex-deputado e diretor da Superintendência de Obras Públicas do estado, e o desembargador José Maria do Valle encamparam a ideia, conseguindo fundos junto à elite econômica paulista para estabelecer o instituto, que foi inaugurado em 5 de agosto de 1903.
A organização do instituto previa a existência de um conselho diretor, que foi composto por Ignácio Wallace da Gama Cochrane (presidente), Bittencourt Rodrigues (vice-presidente), José Maria do Valle (tesoureiro), Alberto Seabra e Joaquim José da Nova (ambos secretários). Para o cargo de diretor técnico foi contratado o médico italiano Ivo Bandi, que permaneceu apenas um mês na direção do instituto. Após várias tentativas de se contratar um renomado cientista estrangeiro para dirigir a instituição, no final de 1905, o médico italiano Antonio Carini, na época trabalhando em Berna (Suíça), aceitou ocupar o cargo.
O período de 1906 a 1915 foi bastante profícuo para o Instituto Pasteur, que sob a direção de Carini transformou-se numa importante instituição antirrábica, também voltada para pesquisa e atividades de formação de quadros técnicos no campo da microbiologia. Além disso, produzia e comercializava diversos produtos de uso médico e veterinário, como vacinas, soros e reagentes para diagnósticos.
A partir de 1914, com as dificuldades econômicas provenientes do advento da I Guerra Mundial e, em virtude do desenvolvimento de instituições estaduais que desempenhavam algumas das funções do instituto, como o Butantan, fabricante de um grande número de produtos biológicos; e a Faculdade de Medicina, responsável pela formação médica, a visibilidade da instituição começou a declinar e, junto com ela, as doações que a mantinham também se reduziram. Logo ingressou em uma forte crise financeira, agravada ainda mais com a progressiva diminuição dos subsídios vindos de diversas municipalidades e do governo estadual, e em pouco tempo as rendas auferidas tornaram-se insuficientes para a manutenção do instituto no âmbito privado.
Por se tratar de um serviço voltado à saúde pública, o governo estadual interessou-se em dar continuidade às atividades antirrábicas já desenvolvidas pelo Instituto Pasteur. Assim, celebrou-se um acordo com a instituição, transferindo-a para o Serviço Sanitário do estado. Pelos termos do acordo, ficava o serviço público responsável somente pela preparação da vacina e pelo atendimento aos vitimados por animais suspeitos. Em 21 de março de 1916 efetivou-se a doação da instituição ao governo paulista, marco de encerramento da primeira fase do Instituto Pasteur de São Paulo. In: Teixeira LA, Sandoval MRC, Takaoka NY. “Instituto Pasteur de São Paulo: Cem Anos de Combate à Raiva.” História, Ciências, Saúde – Manguinhos [online]. Vol 11 (3): 751-766, 2004.
Eduardo Rogrigues Alves faleceu em 31 de agosto de 1956, aos 75 anos. Era filho do comendador Antônio Rodrigues Alves e de Francisca Galvão de França Rodrigues Alves. Foi casado com Maria Urioste Rodrigues Alves. (O Estado de S. Paulo, edição de 1/9/1956, página 7).