Fares Rahal
Fares Rahal nasceu aos 3 de maio de 1930, na cidade de São Paulo. E filho de Nemer Rahal e de Odette Jabur Rahal.
Graduou-se pela Escola Paulista de Medicina (EPM), em 1956. Foi estudante dedicado e cumpridor rigoroso de suas obrigações. Ainda enquanto acadêmico, completou seu embasamento clínico a partir de 1952, na primeira Medicina de Homens da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que tinha como chefe o professor Oscar Monteiro de Barros .
Em 1980, diagnosticou e operou Oscar Monteiro de Barros de choque hemorrágico por ruptura de fígado consequente a um acidente automobilístico, e trazido à Santa Casa após atendimento em outro pronto-socorro.
Sua formação cirúrgica foi ampla, dedicando se à medicina de forma integral na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, no Hospital Nove de Julho e no Hospital Regina Coelli. Participou ativamente da instalação e desenvolvimento do Departamento de Cirurgia da Santa Casa e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, que foi criada após grande esforço de Cristiano Altenfelder e Silva e Emílio Athiê.
Fares Rahal deu testemunho da importância dos Hospitais da Santa Casa abrigarem a faculdade, um completando o outro nos seus desígnios de melhor atendimento aos doentes e propiciar ensino adequado e de padrão científico.
Sua vida acadêmica foi movida por um desígnio de pensar, querer e vencer as dificuldades porventura encontradas; e sua carreira universitária acompanhou a história da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e a história e o desenvolvimento do Departamento de Cirurgia no ensino e na atividade cirúrgica.
Conquistou a livre-docência, em 1974, após brilhante concurso, em que um dos professores examinadores, na prova cirúrgica disse: “por este eu me deixo operar”.
Fares Rahal proferiu aulas para os diversos cursos curriculares e organizou os cursos de pós-graduação na faculdade. Organizou diversos dos seus setores e os desenvolveu. Criou prêmios, homenageando professores e estimulando a pesquisa e publicações nacionais e internacionais para conquistá-los.
Implantou a cirurgia bariátrica na Santa Casa de São Paulo, tornando-a referência nacional e fonte de vários trabalhos e teses. Foi também responsável pela área de estômago, cabeça e pescoço.
Professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, diretor do Departamento de Cirurgia onde normatizou as condutas; membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, fez evoluir a pós-graduação e recebeu incontáveis homenagens.
Na Sociedade de Gastroenterologia de São Paulo atuou como tesoureiro (1969- 1971); presidente eleito (1980-1982) e presidente efetivo (1983-1985).
Seus colegas destacam suas qualidades de homem. Amigo prestativo, nunca disse não quando solicitado. Ético, perfeccionista, rígido nas condutas pessoais, distinguiu-se entre seus pares.
Publicou numerosos artigos, capítulos de livros mostrando incansável atividade e espírito de contribuição. Participou de uma centena de bancas examinadoras, incluindo mestrado, doutorado, livre-docência e de professor titular. Era convidado por sua postura acadêmica, pela avaliação rigorosa do candidato, contribuindo para sua formação de forma sempre cavalheiresca, porém firme. Teve 477 participações em congressos e em outras atividades congêneres.
É conhecido por seus trabalhos científicos como, por exemplo, um estudo sobre as “Contusões Abdominais em Crianças”, decorrentes da queda de tanques de lavar roupa, soltos, comuns antigamente. Foi também pioneiro, no Brasil, na utilização do açúcar na cicatrização de feridas cirúrgicas. Mesmo septuagenário, manteve-se ativo apesar do avançar da idade.
É casado com Samira e desse conúbio nasceram quatro filhas e um filho: dois engenheiros, duas advogadas e uma fonoaudióloga; e oito netos. São suas palavras: “Devo muito do que sou à minha mulher, de quem sou eterno devedor pelo desvelo e carinho que dedica a mim e aos nossos filhos”.
Fares Rahal ingressou como membro da Academia de Medicina de São Paulo em 19 de fevereiro de 1964, galgando a condição de membro honorário.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
Oscar Monteiro de Barros foi presidente da Academia de Medicina de São Paulo durante um mandato anual entre 1956-1957, e é o patrono da cadeira nº 69 desse sodalício.
Fares Rahal faleceu no dia 02 de novembro de 2016, aos 86 anos.