Georges Arié
Georges Marcel Joseph Léon Arié, figura das mais ilustres da cirurgia plástica brasileira e mundial, nasceu em São Paulo, aos 9 de janeiro de 1915. Bacharelou-se em ciências e letras pelo Liceu Franco-Brasileiro em 1932, e graduou-se pela Escola Paulista de Medicina em 1940, onde foi o 1o presidente do Departamento de Cancerologia e secretário do Departamento de Cultura Científica do Centro Acadêmico Pereira Barreto.
Foi assistente da cadeira de técnica operatória e cirurgia experimental da Escola Paulista de Medicina de 1941 a 1944; 1o assistente do serviço cirúrgico do eminente professor Antonio Prudente, de 1940 a 1946, quando então, seguindo as trilhas do grande mestre, tomou o rumo definitivo de também lutar contra o câncer, faceta que norteou seus passos até o fim de sua vida.
Daí para frente foi cirurgião da 1a Clínica de Tumores da Associação Paulista de Combate ao Câncer e chefe do 3o Serviço Cirúrgico do Instituto Central — Hospital Antônio Cândido de Camargo da mesma associação (serviço de mama) desde sua fundação, em 1953, até o seu falecimento.
Em 1947 foi bolsista estagiário da Foundation Curie da Universidade de Paris. Exerceu diferentes cargos de importância na Associação Paulista de Combate ao Câncer, além de presidente do Departamento de Cancerologia da Associação Paulista de Medicina e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Foi também membro e diretor de diferentes sociedades nacionais e internacionais de cirurgia plástica, cancerologia e mastologia. Ministrou inúmeras aulas e palestras e frequentou muitos congressos médico-cirúrgicos brasileiros e mundiais. Publicou vários trabalhos científicos, versando quase todos sobre doenças mamarias benignas e malignas, havendo apresentado sua técnica original de mastoplastia redutora no Congresso Latino-Americano de Cirurgia Plástica de Havana, em 1956, publicada na Revista Latino-Americana de Cirurgia Plástica de janeiro de 1957 “Tratamento Cirúrgico da Hipertrofia e da Ptose Mamários”, surpreendentemente bem acolhida no Brasil e no exterior.
Em 1970 foi agraciado com a medalha Anchieta pela Câmara Municipal da Cidade de São Paulo como preito de gratidão pelos seus relevantes serviços à coletividade.
Arié foi um pai extremoso e excelente marido, ótimo médico, magnífico especialista, amigo sincero e dedicado ao bem comum. Atraía todos os seus inúmeros amigos pelo seu permanente bom humor, revelando-se um invejável contador de alegres histórias que exibiam sempre suave conotação crítica de acontecimentos e de pessoas, sem o menor laivo de amargura, despeito ou censura.
Ninguém melhor que Arié apregoou os princípios éticos da cirurgia plástica, sempre se conduzindo rigidamente dentro de seus preceitos. Ninguém melhor que Arié sabia da importância de um diagnóstico bem elaborado para a decisão do tratamento adequado.
A placa e a foto post-mortem introduzidas no Instituto Central da Associação Paulista de Combate ao Câncer e na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, além das centenas de cartas de condolências recebidas por sua esposa, bem demonstram quem foi Arié, falecido repentinamente em 3 de março de 1974, na cidade de São Paulo.
Um mês após sua morte, a Confederação Internacional de Cirurgia Plástica e Reconstrutora introduzia, oficialmente, o Prêmio Georges Arié para o melhor trabalho original sobre a especialidade.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica criou o Prêmio Georges Arié, que anualmente é outorgado ao melhor trabalho científico sobre mastoplastia, sendo eleito pela Comissão de Prêmios durante o Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Juarez Moraes de Avelar, titular da cadeira nº 73 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Georges Arié.