Geraldo de Campos Freire
Geraldo de Campos Freire nasceu na cidade de São Paulo, em 24 de fevereiro de 1942. É filho de Jerônymo Geraldo de Campos Freire e de Amélia Porto de Campos Freire.
Cursou o ensino médio no Colégio São Luiz (1952-1959) e ingressou, em 1961, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), graduando-se em 1966. Ainda enquanto estudante, em 1965, integrou a equipe de cirurgiões coordenada pelo seu pai, que realizou o primeiro transplante de rim intervivos – com sucesso – na América Latina.
Fez residência no Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP (1967-1968), especializando-se em urologia, e, subsequentemente, cumpriu estágio de aperfeiçoamento no exterior, durante dois anos (1969-1970).
Regressando, dedicou-se à carreira universitária na FMUSP, obtendo o título de doutor com a tese Avaliação da Implantação Ureteral Extravesical no Alotransplante de Rim (1973), sob a orientação do professor Gilberto Menezes de Góes . Obteve a livre-docência com a tese Complicações Urológicas do Alotransplante Renal (1976), e tornou-se, em 1987, professor associado do Departamento de Cirurgia. No HC foi o chefe da unidade de transplantes renais de 1971 a 1987, e após essa data, chefiou o setor de endoscopia, além de tornar-se responsável pelos grupos de próstata e de tumores vesicais.
Dentre outros cargos que exerceu salientam-se: presidente do Departamento de Urologia da Associação Paulista de Medicina; vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia; credenciado em transplante renal do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; e chefe do Serviço de Transplante Renal do Hospital Santa Cruz.
Geraldo de Campos Freire atuou em pesquisas, particularmente atinentes aos métodos diagnósticos e terapêuticos da hiperplasia prostática benigna, e frequência do adenocarcinoma incidental da próstata. Obteve, em 2002, o título de especialista pela Sociedade Brasileira de Urologia e pela Associação Médica Brasileira.
Dentre os prêmios e comendas recebidos salientam-se: Gran Taça de Prata pelo Lions Club de Turim, no VI Festival Internazionale del Filme Cientifico pelo filme “Homotransplante” (1969); medalha de bronze da Bristish Medical Association Competition (1969); Hors Concurs na Jornada Internazionale del Cinema Medico (1969); Gran Premio Assoluto Golfo di Salerno no XXII Festival Internazionale Del Cinema da Formato Ridotto (1969); 2º lugar na II Mostra Internacional do Filme Científico da Secretária de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado da Guanabara (1970); Gran Premio Assoluto Razzo D’Oro na XVII Rassegna Internazionale Elettronica-Nucleare e Tele-Radio-Cinematografica (1970); Award of Merit no 4o Congresso Médico Australiano (1971); medalha do Hospital da Aeronáutica de São Paulo (1984); láurea Pero Vaz de Caminha do Instituto Histórico e Cultural Pero Vaz de Caminha (1984); Prêmio Dr. Benjamin P. Ceriani (Buenos Aires – Argentina, 1984); 1º lugar no Concurso Cinematográfico Sant’Anna do XVIII Congresso Americano de Urologia e IV Congresso Latino-Americano de Urologia Infantil (1986); e 3º lugar no concurso de videocassete do Prêmio Roberto Rocha Brito (1986).
Geraldo de Campos Freire ingressou na Academia de Medicina de São Paulo, em 17 de abril de 1991, tornando-se membro honorário desse sodalício. Publicou 22 trabalhos científicos; 50 resumos em anais de congressos; dois capítulos em livros; e 4 artigos em jornais ou revistas. Proferiu 49 palestras ou conferências; participou de 34 congressos e simpósios, e atuou em 35 mesas-redondas. Participou de bancas examinadoras, sendo quatro de mestrado; quatro de qualificação de doutorado; 11 de doutorado; três de livre-docência; e 19 de diversos concursos públicos. Foi orientador de duas teses de mestrado e quatro de doutorado.
É de sua lavra o livro para leigos O Prazer de Viver Bem com a sua Próstata (1999)
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
Jerônymo Geraldo de Campos Freire foi o segundo catedrático de urologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
O paciente chamava-se Walter de Oliveira e conviveu durante oito anos com o rim transplantado, vindo a falecer em 1973, com o órgão enxertado funcionando normalmente.
Consigna-se que o primeiro transplante de órgãos (rim) do Brasil e da América Latina ocorreu no Hospital dos Servidores do Estado “Pedro Ernesto” da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em abril de 1964, pela equipe chefiada pelo urologista Alberto Gentile (1913-1981), ex-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU, 1969-1971). Entretanto, o primeiro Programa de Transplante Renal sistematizado iniciou-se em 21 de janeiro de 1965, sob a coordenação do nefrologista Emil Sabbaga e do urologista Jerônymo Geraldo de Campos Freire (1910-1975 – presidente da SBU para o biênio 1973-1975) no Hospital das Clínicas da FMUSP. (Referência: “História da Urologia Mundial e Brasileira” de autoria de Helio Begliomini, Thiago Souto Hemerly e Rodrigo Lessa P. Nascimento. In: Urologia Moderna, compêndio organizado pela SBU – Seccional de São Paulo, 2013, no prelo).
Gilberto Menezes de Góes tornou-se professor titular de urologia da FMSUP, substituindo o professor Jerônymo Geraldo de Campos Freire. É também o patrono da cadeira nº 117 da Academia de Medicina de São Paulo.