Hilário Veiga de Carvalho
Hilário Veiga de Carvalho nasceu em 1906. Graduou-se pela Faculdade de Medicina de São Paulo em 1929. Foi professor catedrático da disciplina de medicina legal da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) de 1956 a 1970, sucedendo, no cargo, o renomado professor Flamínio Fávero.
Trabalhou muitos anos no Instituto Oscar Freire e foi articulista de periódicos, tais como o jornal A Folha de S. Paulo, interessando-se também por temas de educação.
Em 23 de novembro de 1970 participou da homenagem que seus amigos lhe prestaram, que consistiu da inauguração de uma placa de bronze, com sua efígie (Figura 1), no ensejo do I Colóquio de Criminologia. Essa placa, elaborada pelo renomado artista Luiz Morrone, foi descerrada por sua esposa e colocada no vestíbulo do Instituto Oscar Freire. Na ocasião proferiram discursos os professores Oswaldo Portugal, em nome de seus amigos e como companheiro inseparável que foi de Oscar Freire; João Carvalhal Ribas, em nome dos colegas da FMSUP; e dr. João Ayush Morad Amar, em nome do corpo docente, técnico e administrativo do Instituto Oscar Freire.
Compareceram à efeméride ilustres personalidades do meio médico, jurídico e social. Após sua aposentadoria como docente, recebeu o título de professor emérito da FMUSP.
Pertencendo a uma orquestra de amadores, enquanto livre-docente, Hilário Veiga de Carvalho promoveu em 1945, a formação de uma corporação musical constituída somente por universitários, originado a Orquestra Universitária de Concertos. Nessa corporação foi designado seu diretor executivo.
Hilário Veiga de Carvalho foi delegado nacional da Associação Internacional de Medicina dos Acidentes do Tráfego (IAATM). A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) instituiu o prêmio Hilário Veiga de Carvalho como forma de reconhecimento aos profissionais que se destacaram na área de segurança e prevenção de acidentes no trânsito e que por intermédio do saber científico não medem esforços e dedicação em prol do desenvolvimento e da melhoria da qualidade de vida do cidadão no sistema de trânsito.
Hilário Veiga de Carvalho escreveu diversos artigos e pareceres. Traduziu a obra “A Crise nas Prisões” (1953) de Mariano Ruiz Funes. Dentre os livros que escreveu encontram-se: Medicina Social e do Trabalho (1964, em coautoria com Antônio Miguel Leão Bruno e Marcos Segre); Lições de Medicina Legal (1965, em coautoria com Antônio Miguel Leão Bruno e Marcos Segre); Criminalidade: Tentativa de Interpretação (s/d); Compêndio de Criminologia (1973); A Nova Lei Antitóxico – Comentários (1973); Discurso sobre o Sexo (1975); Paulo Eiró e os Direitos Humanos (1978); Tóxicos: Comentários à Recente Lei no 6.368/76 (1978) e Compêndio de Medicina Legal (1987, post-mortem).
O livro Medicina Social e do Trabalho, dedicado à memória de Raimundo Nina Rodrigues, espírito original da medicina legal brasileira, cujo centenário de nascimento ocorreu em 1962, foi um marco histórico. Segundo Hilário de Carvalho e seus colaboradores, “a medicina social tem por finalidade a aplicação dos conhecimentos médicos na solução ou atenuação dos problemas sociais em si mesmos considerados, e a aplicação dos conhecimentos sociológicos, a doutrina e a prática da medicina. Ela nasceu e cresceu vinda da medicina legal, estudando as vítimas decorrentes de acidentes do trabalho, criando certo número de ‘diminuídos’ – quanto à sua aptidão de enfrentar os problemas sociais da sua existência. Conjugando medicina com as ciências sociais, o médico recebe a informação sociológica, sem a qual não poderá integrar o seu papel no seio dos diferentes agregados humanos”.
Entre os vários e interessantes capítulos desse livro salienta-se o referente à “Patologia Social”, que engloba a marginalidade e os comportamentos antissociais; a prostituição, vícios em geral, desajustados, criminosos, egressos de hospitais e de presídios; e até a patologia política e dos políticos. Nesse particular, já se afirmou que “a doença secreta de um político pode ser tão perigosa, tão transcendental, tão funesta para o país como a sua diplomacia secreta. E que há neuroses coletivas dos governados que podem ser consequência de neuroses pessoais dos governantes e vice-versa”.
Hilário Veiga de Carvalho faleceu em 1978. Seu nome é também honrado numa rua no bairro do Morumbi da cidade de São Paulo, e como patrono da cadeira nº 122 da augusta Academia de Medicina de São Paulo.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.