José Afonso de Mesquita Sampaio

José Afonso de Mesquita Sampaio, mais conhecido por Afonso de Sampaio, nasceu na cidade de São Paulo, em 19 de março de 1900. Era filho de Geraldo de Mesquita Sampaio e de Ismália de Souza Queiroz Sampaio. Teve família numerosa. Foram seus 10 irmãos: Marcelo, Eduardo, Geraldo, Maria, Antonia, Fernando, Luiz, Paulo, Oswaldo e Margarida de Mesquita Sampaio. 

Fez seus estudos preliminares no Ginásio São Bento (1911) e na Escola Americana (1915). Ingressou na Faculdade de Farmácia e Odontologia de São Paulo em 1916, graduando-se farmacêutico em 1918. 

Matriculou-se, em 1921, na Faculdade Nacional de Medicina, hoje, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no então Distrito Federal, diplomando-se em 1925. 

José Afonso de Mesquita Sampaio dedicou-se à carreira universitária na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Foi professor assistente efetivo de clínica médica nas áreas de propedêutica, laboratório e patologia médica, na cátedra regida pelo professor Antonio de Almeida Prado(1926-1946), galgando a condição de professor livre-docente dessa instituição de ensino. Lecionou na 15a cadeira e trabalhou ao lado dos doutores Samuel Leite Ribeiro, Ariovaldo Caselli de Carvalho e do professor Otávio Augusto Rodovalho, que por um tempo exerceu a chefia interina. 

José Afonso de Mesquita Sampaio foi fundador e redator da revista São Paulo Médico em 1928. Nesse mesmo ano tornou-se sócio fundador e membro da primeira diretoria do Sindicato Médico de São Paulo. 

Em 1936 tornou-se colaborador efetivo da revista O Hospital, editada no Rio de Janeiro, e vice-presidente da Liga da Luta Contra a Tuberculose. 

De fevereiro a agosto de 1937 empreendeu viagem de estudos à Europa comissionada pela FMUSP e pelo Hospital Municipal, realizando cursos de aperfeiçoamento em Viena – Áustria, e, em 1938, assumiu o cargo de redator chefe da revista São Paulo Médico. 

Dentre outros cargos que exerceu salientam-se: medico efetivo da Caixa de Aposentadoria e Pensões da Estrada de Ferro Sorocabana (1934-1936); chefe interino de clínica do Hospital Municipal da Prefeitura de São Paulo (1936-1937); e chefe da Secção de Glândulas Endócrinas do ambulatório de neurologia da Santa Casa de Misericórdia e da FMUSP (1939-1944). Atendeu também em consultórios particulares localizados na Rua da Consolação e na Avenida 9 de Julho. 

Orador, fez diversas palestras, discursos e conferências, tendo como ilustrações: “Tireoide e Estados Renais” (1931); “Sintomatologia Clínica do Hipertireoidismo”; “Alcoolismo como Fator de Velhice Precoce” (1935); “Discurso de Despedida para a sua Viagem de Estudos à Europa” (1937); “Saudação ao Professor Benedito de Paula Santos” (1942); “Hipotensão Arterial” (1945); palestrante do III Congresso MédicoSocial Brasileiro ; “Como Diagnosticar Tuberculose Ocular” (1953); e “Infecções – Sistema Endócrino e Alergia” , dentre outras apresentações. 

José Afonso de Mesquita Sampaio elaborou e publicou solo ou em coautoria diversos trabalhos, tendo como exemplos: “Em Torno da Chamada Hipertensão Solitária e da sua Terapêutica Baseada na Concepção Etiopatogênica Atual” (1930); “Hipertireoidismo – Sua Etiopatogenia, Classificação, Sintomatologia e Terapêutica” (1937); “O Problema da Luta Contra a Tuberculose em Alguns dos Principais Centros Europeus” (1937); “Impressão de sua Estadia em Alguns dos Principais Centros Europeus” (1937); “Em Memória de Francisco de Castro” (1938); “Transtornos de Crescimento e Glândulas de Secreção Interna” (1940); “A Propósito do Êxito do II Congresso Pan-Americano de Endocrinologia” (1941); “O Valor Médico-Social da Endocrinologia Moderna” (1941); “Conexões dos Reumatismos Crônicos com as Paratireoides” (1941); “A Endocrinologia em Face das Infecções Otorrinolaringológicas” (1941); “Síndromes de Hiperparatireoidismos” (1942); “Estudo Clínico das Afecções Ósseas e Osteoartrósicas Ligadas às Paratireoides” (1942); “Desenvolvimento e Glândulas Endócrinas” (1942); “Contribuição para o Estudo da Hematologia nas Diferentes Endocrinopatias” (1942); “Os Distúrbios das Glândulas Endócrinas como Problema Social” (1943); “Fisiopatologia dos Grandes Queimados à Luz da Endocrinologia” (1943); “Endocrinologia e Medicina Clínica” (1944); “O Problema das Amigdalites em Patologia Geral ” (1945); “Estudo Crítico de 397 Casos de Hipertireoidismo – Estudados sob o Aspecto Hematológico (1945); “Estudo Crítico da Prova de Viggo-Schmidt em 287 Casos” (1945); “Puberdade Precoce por Tumor da Região Pineal e por Tumor da Suprarrenal – Considerações Anatomoclínicas Sobre Dois Casos” (1947); “Tireoide e Anemias” (1948); “Hipertireoidismo e Parasitoses Intestinais” (1950); “Tireoidites Agudas – Estudo Clínico e Terapêutico – A Propósito de Três Casos” (1950); “Diabete e Catarata – Estudo Fisiopatológico e Terapêutico” (1950); “Terreno Endocrinopático e Infecção – Estudo Clínico e Experimental” (1950); “Diabete Melito com Síndrome de Kimmelstiel e Wilson. Considerações a Propósito de um Caso” (1950). 

José Afonso de Mesquita Sampaio tornou-se membro correspondente da Academia Nacional de Medicina (1943) e recebeu os seguintes prêmios desse silogeu: Prêmio Miguel Couto de Endocrinologia com o trabalho “Estudo da Hematologia no Hipertireoidismo” (1943); Prêmio oficial com o trabalho “Fisiopatologia e Clínica do Hiperparatireoidismo” (1943); e o Prêmio Alvarenga com o trabalho “Amígdalas – Infecção Focal. Estudo Clínico, Hematológico e Anatomopatológico” (1944). 

Foi igualmente membro da Associação Paulista de Medicina (sócio fundador, 1930; 1º secretário da Secção de Medicina, 1930; e presidente da Secção de Medicina Geral, 1936); Academia Germano-Ibero-Americana de Berlim (1937); Sociedade Paulista de História da Medicina (titular e fundador, 1940); Academia Brasileira de Medicina Militar (correspondente, 1942); Sociedade de Medicina de Porto Alegre (correspondente, 1942); Sociedade Médica da Santa Casa de Barretos (honorário, 1943); Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (irmão benfeitor, 1943); Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (honorário, 1943); Associação Médica do Instituto Penido Burnier de Campinas (honorário, 1943); Colégio Brasileiro de Cirurgiões (1944); Sociedade de Medicina Interna de Buenos Aires (correspondente, 1945); e Associação Médica Argentina (correspondente, 1945). 

José Afonso de Mesquita Sampaio fez parte do conselho científico da Revista Médica Pan-Americana (Recife, 1945). Teve sua inscrição sob o número 1.460 no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), em 18 de março de 1957, nas especialidades de clínica médica e endocrinologia. 

Publicou a coletânea Discursos, Entrevistas, Artigos e Prefácios (1946) e o opúsculo Ambulatório da Endocrinologia do Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – Sua Inauguração Oficial (1947). 

Em reunião ocorrida na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 30 de agosto de 1954, tornou-se, ao lado dos professores Waldemar Berardinelli (RJ) e Antonio Barros de Ulhôa Cintra7 (SP), e dos doutores: Ulisses Lemos Tôrres, Arnaldo C. Sandoval, Luciano Decourt e Eugênio Chiorbolli dentre outros, fundador da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). 

Fez também parte, em 1959, dos patrocinadores da Campanha de Arrecadação de fundos para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo . 

José Afonso de Mesquita Sampaio ingressou na Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, em 4 de janeiro de 1932, com a apresentação do trabalho “Considerações em Torno de um Caso de Adamantinoma”. Nessa instituição atuou como 1o secretário (1935-1936); vicepresidente (1941-1942); e dez anos após seu ingresso, no 41º presidente, exercendo seu mandato durante um ano, entre 1942-1943. Posteriormente, presidiu a Secção de Medicina Geral (1950-1951). Permaneceu nesse sodalício por 45 anos (!) e recebeu os títulos de sócio emérito e benemérito. 

José Afonso de Mesquita Sampaio faleceu em 16 de março de 1977, três dias antes de completar 77 anos.  

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

A foto inicial e parte das informações aqui consignadas foram obtidas no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo com a bibliotecária Maria Itália Causin – Livro “Quem é Quem no Brasil” – volume 4, páginas 734-736, 1955. 

O Estado de S. Paulo – edição de 19 de novembro de 1948, página 7, e O Estado de S. Paulo – edição de 18 de maio de 1978, página 27. 

Antonio de Almeida Prado foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1930-1931, e é o patrono da cadeira nº 102 desse sodalício. 

Apresentada na Secção de Medicina da Associação Paulista de Medicina. In: O Estado de S. Paulo – edição de 6 de dezembro de 1935, página 4. 

Realizado em Porto Alegre e iniciado em 2 de outubro de 1947. In: O Estado de S. Paulo – edição de 2 de outubro de 1947, página 7.

Proferida na Santa Casa de Ribeirão Preto – SP. In: O Estado de S. Paulo – edição de 28 de março de 1958, página 14. 

Antonio Barros de Ulhôa Cintra é o patrono da cadeia no 33 da Academia de Medicina de São Paulo. 

O Estado de S. Paulo – edição de 12 de dezembro de 1959, página 10.