José Luiz Lemos da Silva
José Luiz Lemos da Silva nasceu em 8 de abril de 1916, em Belém (PA). Era filho de Casimiro Gomes da Silva e de Julieta Lemos da Silva. Graduou-se pela Faculdade Fluminense de Medicina em Niterói, em 1938, aos 22 anos.
Um ano depois se mudou para São Paulo, onde começou a trabalhar como assistente na clínica de oftalmologia da Escola Paulista de Medicina (EPM, 1939-1946).
Foi convocado para o serviço ativo da Força Aérea Brasileira (FAB), atuando por dez anos como 1º tenente (1945-1955).
Trabalhou por muitos anos na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1939-2000), no INPS e no Banco do Brasil. Na Santa Casa foi assíduo palestrante do Curso de Atualização em Oftalmologia. Deu também atendimento em dois consultórios particulares.
José Luiz Lemos da Silva foi eleito presidente, em 1957, da Sociedade de Oftalmologia de São Paulo, pleito ocorrido na sede da Associação Paulista de Medicina (APM). Dentre outras funções e entidades médicas nas quais participou salientam-se: Sociedade de História da Medicina (sócio fundador), Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, conselho diretor dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia e do Conselho Latino-Americano de Estrabismo.
Ingressou em 1º de julho de 1958 na Academia de Medicina de São Paulo, sendo saudado pelo acadêmico José Benedito Moraes Leme, em cerimônia realizada na sede da entidade situada à Rua Roberto Simonsen nº 97. Atuou na diretoria e tornou-se fundador da cadeira nº 80 sob a patronímica de José Pereira Gomes. Galgou a condição de membro emérito e permaneceu nesse sodalício por 51 anos!
Durante seus 68 anos de atividade dedicada à oftalmologia exerceu vários cargos no serviço público; acumulou 119 títulos e publicou 170 trabalhos no Brasil e no exterior. Dentre eles citam-se a título de ilustração: “Ceratoplastia em Ceratocone” e “Congenital Ptosis. Examination and Diagnosis”.
Em 2006, quando completou 90 anos, a Sociedade Brasileira de Oftalmologia concedeu-lhe o título de Sócio Emérito e, até aquele ano, ainda mantinha seu consultório particular no centro de São Paulo.
José Luiz Lemos da Silva foi membro do Clube dos 21 Irmãos Amigos, representando o estado do Pará. Essa entidade tem como um de seus objetivos cultuar a brasilidade, divulgando conhecimentos e estudos a respeito do Distrito Federal e dos estados brasileiros. Presidiu-a na gestão 1994-1996, sendo sucedido pelo amigo rotariano Márcio Arroyo.
José Luiz Lemos da Silva também foi um ardoroso entusiasta do Rotary International. Ingressou no tradicional Rotary Club de São Paulo em 1º de abril de 1960, presidindo-o no ano rotário 1971/1972, cujo lema mundial dessa gestão era: “A Boa Vontade Começa Conosco”.
Em 1969 recebeu convite de Rotary International para passar seis meses na Nigéria, com a finalidade de treinar médicos nigerianos em cirurgia oftalmológica.
Contudo, um jovem médico rotariano canadense ofereceu-se para ficar nessa função durante um ano. Diante disso, José Lemos da Silva, indagado se poderia ficar lá pelo mesmo período, teve que declinar do convite, pois estava recém-casado em segundas núpcias; tinha três filhos para criar e um ano era muito tempo para ficar longe da família e de suas atividades profissionais. Assim, cedeu seu lugar ao jovem médico rotariano canadense.
Não obstante, atuou em diversas funções nessa nobre instituição, sobressaindose a de governador do Distrito 461, no ano rotário 1980/1981, cujo lema mundial dessa gestão era: “Encontremos Tempo para Servir”. Em seu mandato como governador fundou quatro clubes de Rotary e houve a conferência mundial do Rotary International em São Paulo.
José Luiz Lemos da Silva amava o Rotary e foi grande exemplo de dedicação à causa dessa instituição. Foi também membro honorário do Rotary Club de São Paulo – Bom Retiro. No dia 5 de junho de 2008, no Edifício Rotary em São Paulo, recebeu do governador Amilton Medeiros Silva (ano rotário 2008/2009) uma significativa placa pelo seu Jubileu de Ouro em Rotary – uma especial e merecida homenagem.
José Luiz Lemos da Silva adorava falar em público, relata o jornalista Estêvão Bertoni, que lhe dedicou um necrológio. Salienta que “não era daqueles oradores que não sabiam quando parar em encontros formais”. Seu filho Luiz Guilherme refere que “ele gostava de escrever os discursos antes. Improvisos, só em festas de família! De humor aguçado, sempre tratou bem as pessoas. Elogiava-as sempre de forma carinhosa e nunca pejorativa”. Ademais, complementa Luiz Guilherme: “Suas duas paixões eram a medicina e o Rotary. Ele tinha uma vida social muito ativa e gostava muito de encontrar os amigos. Nos anos de 1960 sua mulher morreu após uma cirurgia. Mesmo sem ter participado, ficou abalado e se recusava a operar parentes. Anos depois se casou de novo. Nos últimos dez anos, tinha ainda a companhia da maltês ‘Puppy’”.
José Luiz Lemos da Silva morreu de falência múltipla de órgãos, no dia 17 de agosto de 2009, contando com 93 anos. Deixou a esposa, Maria Lucia Villac Lemos da Silva; quatro filhos: Ana Elisa Lemos da Silva, Luiz Fernando Caiubi Lemos da Silva, Luiz Otávio Caiubi Lemos da Silva e Luiz Guilherme Villac Lemos da Silva; 12 netos, 5 bisnetos, muitos amigos e companheiros rotarianos. O enterro realizou-se no Cemitério São Paulo e a missa de 7º dia na Igreja São José, no Jardim Europa.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
Parte das informações aqui consignadas, assim como a foto, foram extraídas do boletim “Servir” do Rotary Club de São Paulo. Ano 85, nº 3.774 – edição de 21 de agosto de 2009, página 4.
INPS: Instituto Nacional de Previdência Social.
Jornal O Estado de São Paulo – Edição de 25 de abril de 1957, página 7.
Jornal O Estado de S. Paulo – Edição de 29 de junho de 1952 (domingo), página 25.
Pertenceu à Comissão de Patrimônio na gestão 2007-2008, juntamente com o acadêmico Nelson Guimarães Proença.
José Pereira Gomes foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante dois mandatos anuais entre 1927-1928 e 1950-1951.
Em coautoria com J. Furman. In: Archivos de La Sociedad Oftalmológica Hispano-Americana, 23 (10): 754-757, 1963.
Em coautoria com R. Felberg e L. Souza Queiroz. In: Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 33 (1): 8-12, 1970.
Posteriormente passou a se numerado como Distrito 4610.
Em primeiras núpcias casou-se com Hebe Caiubi Lemos da Silva.
Luiz Guilherme Villac Lemos da Silva foi o único filho do seu segundo matrimônio