Lamartine Junqueira Paiva

Lamartine Junqueira Paiva, mais conhecido por Lamartine Paiva, nasceu em Pouso Alegre (MG), em 6 de agosto de 1919. Era filho José de Paiva e Hercília J. Paiva. 

Graduou-se, em 1947, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), especializando-se em otorrinolaringologia. Nessa instituição de ensino dedicou-se à carreira universitária, galgando todos os postos da vida acadêmica, até a atingir a condição de professor titular e chefe da cadeira de otorrinolaringologia, que exerceu de 1970 a 1989, ano de sua aposentadoria compulsória. 

Foi um dos mais queridos professores da FMUSP. Suas qualidades humanas eram reconhecidas por aqueles que com ele conviveu. Assim, o dr. José Câmara retratou suas virtudes: “Lamartine Junqueira Paiva era tranquilo, solícito, prestativo, humilde, modesto, amigo, companheiro e a todos atendia com cortesia e boa vontade. Inúmeras vezes vimo-lo interromper os seus afazeres quando alguém lhe batia à porta – fosse um seu colega de cátedra ou o mais humilde serviçal do hospital – pedindo-lhe que lhe olhasse a garganta, por exemplo. Imediatamente, com solicitude ia o professor Lamartine ao ambulatório, examinava-o, dava-lhe a receita, um sorriso e uma palavra de ânimo e conforto e, em algumas circunstâncias, ajuda material! Com discrição e respeito. Alma genuinamente generosa. Tinha as duas mãos para doar e nenhuma para receber!” 

Lamartine Paiva desenvolveu intensa atividade universitária. Participou de muitos congressos; orientou diversas teses e publicou inúmeros trabalhos, divulgando e engrandecendo o serviço a que pertenceu. 

A título de ilustração encontram-se alguns dos muitos artigos que escreveu. Os mencionados a seguir foram publicados na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, hoje, Brazilian Journal of Otorhinolaryngology: “Contribuição para o Controle da Dor no Pós-Operatório da Amigdalectomia no Adulto” (1964); “Imunopatologia em Otorrinolaringologia – Ponderações Clínicas” (1971); “Bioquímica do Nariz Normal e das suas Moléstias. Angiofibroma Rinofaríngeo Juvenil” (1971); “Contribuição para o Estudo do Nasofriboma Juvenil” (1974); “Nossa Experiência com a Eletrococleografia na Avaliação Auditiva” (1975, coautoria); e “A Embolização no Tratamento do Nasofriboma Juvenil” (1976). 

Dentre as entidades a que pertenceu, salienta-se que era membro honorário da Academia de Medicina de São Paulo, ingressando nesse sodalício em 31 de março 1978, e nele permanecendo por 29 anos! 

Lamartine Junqueira Paiva faleceu em 3 de outubro de 2007, aos 88 anos, vítima de infarto agudo do miocárdio. Seu corpo, após ser velado na congregação da FMUSP, foi sepultado no Cemitério São Paulo, situado na Rua Cardeal Arcoverde, no bairro de Pinheiros. Sua missa de sétimo dia foi celebrada na Igreja São Domingos Sávio, no bairro de Perdizes, no dia 10 seguinte. 

Por oportuno, retornamos às palavras do dr. José Câmara por ocasião de seu falecimento: “Pessoas como o professor Lamartine ajudam a construir um mundo melhor e dizem a nós, brasileiros, que este País tem também gente decente, exemplos que são de ética, honradez, dignidade, caráter, desprendimento e honestidade, elevandonos a autoestima achincalhada por algumas excelências, antíteses de todas essas virtudes. 

Os que tivemos o privilégio de com ele conviver por muitos anos nas lides diárias do hospital universitário, agradecemos a Deus o ter-nos concedido essa graça e, se a sua morte nos trouxe muita tristeza; se a terra se empobreceu com a sua partida; com certeza o céu, enriquecido pela sua chegada, preparou-lhe uma grande festa. 

Que Deus o tenha consigo na vida eterna e lhe conceda o lugar de honra que merecem os que na vida terrena praticaram o bem incondicionalmente.

Bem-aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus (Mt 5,8)”. 

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Lamartine Junqueira Paiva foi precedido como titular de otorrinolaringologia da FMUSP por Raphael da Nova (1956-1970); Antônio de Paula Santos (1923-1956) e  Henrique Lindemberg (1916- 1928). Foi sucedido por Aroldo Miniti (1990-2006) e Ricardo Ferreira Bento (2006-).