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Biografia

Luiz Gonzaga de Amarante Cruz 

Luiz Gonzaga de Amarante Cruz, mais conhecido por Amarante Cruz, nasceu na cidade do Rio de Janeiro. Logo após a sua graduação em medicina, veio exercer a profissão na cidade de São Paulo, onde se radicou. Tornou-se conhecido por todo São Paulo. Lia e conhecia muito sobre a Europa e tinha grande noção do território desse continente através do estudo de mapas, embora jamais tivesse viajado para lá. Também apreciava música. 

De acordo com seu biógrafo Rubião Alves Meira , Amarante Cruz era “magro, tinha bigodinho preto e retorcido nas pontas; usava pince-nez, apresentava fisionomia inteligente, tinha olhar vivo, andava sempre apressadíssimo e era muito estimado por todos. Muito conversador, tinha largo círculo de amigos que o cercavam de muita afeição. Era bom e incapaz de praticar o mal. Não tinha inimigos. Seu feitio e sua franqueza não lhe granjearam adversários. Conservou até o fim de seus dias o tipo jovem; ninguém dizia ao certo a sua idade”. 

Dedicou-se à cirurgia e tornou-se um excelente operador, pois realizava rapidamente os atos cirúrgicos, aliás, como tudo o que fazia. Destacou-se também como cirurgião entre os indígenas. 

Amarante Cruz chegava cedo à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo onde chefiava seu serviço cirúrgico, sendo, nessa instituição, contemporâneo de trabalho de Affonso Régulo de Oliveira Fausto , Arthur Mendonça , Euzébio de Queiroz e Rubião Alves Meira, dentre outros. Entretanto, pouco frequentava as sociedades médicas, onde poderia apresentar os resultados de suas observações e de sua grande experiência. 

Era inteligente e chegou a fazer fortuna, mas, muito econômico, nunca a desfrutou. 

Amarante Cruz foi também médico da Força Pública de São Paulo, onde se tornou chefe do serviço clínico no posto de tenente-coronel. Não faltava aos seus compromissos e era muito dedicado no cumprimento do dever. 

Foi um dos fundadores da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo. Nessa entidade, Amarante Cruz juntamente com Erasmo do Amaral , Ignácio Marcondes de Rezende , Mathias de Vilhena Valladão e Sergio Florentino de Paiva Meira formaram uma comissão encarregada de redigir o primeiro estatuto, que foi apresentado na Assembleia Extraordinária em 18 de fevereiro de 1895. Nessa ocasião foi definida a data de 7 de março desse mesmo ano, como a de fundação do sodalício. 

Esse estatuto apresentava como finalidade da instituição: o estudo de assuntos relativos às ciências médicas e naturais; a defesa dos interesses da classe médica; a elaboração de pareceres sobre questões de interesse da classe médica; a publicação de boletins com os trabalhos dos sócios e de outros de interesse para a instituição; a promoção e o auxílio para a criação de instituições instrutivas e beneficentes relacionadas à profissão médica; a criação de uma biblioteca e de um museu relacionados ao estudo médico.

Amarante Cruz também participou na diretoria da Sociedade de Medicina de São Paulo ao lado de Arnaldo Vieira de Carvalho e Felix Buscaglia na Comissão de Cirurgia; e, ao lado de Randolpho Margarido da Silva e José Luiz de Aragão Faria Rocha, na Comissão de Sindicância. 

Médicos do corpo clínico da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 26 de novembro de 1903. Identificação dos nomes da esquerda para a direita. 

Na primeira fila, sentados: João Sodine, Delfim Cintra, Affonso Régulo de Oliveira Fausto, Arnaldo Vieira de Carvalho9 , comendador Nuno de Andrade, Luiz Gonzaga de Amarante Cruz, João Alves de Lina e José Pires Neto. 

Na segunda fila: Alcino Braga, Marino Freire, José Egídio de Carvalho, Arthur Mendonça, comendador Alberto de Souza, mordomo do Hospital Central; Macedo de Castro, Aristides Seabra, Francisco Queiroz Matoso e João Fairbanks. 

Na terceira fila: Luiz do Rego; médico visitante italiano, Azurem Furtado, Roberto Gomes Caldas, Euzébio de Queiroz Matoso, Olegário de Moura, Arthur Fajado, Corte Real, Diogo de Faria e Valmor de Souza.

Luiz Gonzaga de Amarante Cruz morreu de doença consumptiva, muito emagrecido e em estado depressivo num sanatório da cidade de São José dos Campos (SP). A ele foi dedicada uma placa na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, inaugurada em 24 de julho de 1910, com os seguintes dizeres: “Dr. Amarante Cruz – Homenagem à Constância e ao Mérito”. Seu nome é honrado como patrono da cadeira n o 97 da augusta Academia de Medicina de São Paulo. 

NOTAS: 

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

As fotos foram uma contribuição do acadêmico Manoel Ignacio Rollemberg dos Santos, fundador da cadeira no 97 da Academia de Medicina de São Paulo, cujo patrono é Luiz Gonzaga de Amarante Cruz, e de Maria Nazarete de Barros Andrade, coordenadora do Museu Augusto Carlos Ferreira Velloso da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. 

Domingos Rubião Alves Meira foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante meio mandato anual entre 1905-1906 e um mandato anual entre 1911-1912, e é o patrono da cadeira nº 51 desse sodalício. 

Affonso Régulo de Oliveira Fausto foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante meio mandato anual entre 1905-1906 e um mandato anual 1916-1917, e é o patrono da cadeira nº 67 desse sodalício. 

Arthur Mendonça foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1903-1904. 

Erasmo do Amaral foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo.  

Ignácio Marcondes de Rezende foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo. 

Mathias de Vilhena Valladão foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser seu presidente por um mandato anual entre 1898-1899, e é o patrono da cadeira nº 13 desse sodalício. 

Sergio Florentino de Paiva Meira foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ter sido seu presidente por dois mandatos anuais entre 1902-1903 e 1909-1910. 

Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser seu sétimo presidente, exercendo dois mandatos anuais entre 1901-1902 e 1906-1907, e é o patrono da cadeira nº 11 desse sodalício. 

João Alves de Lima presidiu a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante dois mandatos anuais entre 1907-1908 e 1913-1914. 

José Olegário de Almeida Moura presidiu a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1914-1915. 

Diogo Teixeira de Faria presidiu a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1904-1905, e é o patrono da cadeira nº 58 desse sodalício.