Luiz Roberto Ramos
Luiz Roberto Ramos nasceu em São Paulo, aos 10 de julho de 1953, em uma família de médicos e professores universitários. É filho Vera Ramos e Oswaldo Luiz Ramos, professor titular de nefrologia na Escola Paulista de Medicina (EPM). Teve como avô paterno, Jairo Ramos , professor catedrático de medicina e fundador da Escola Paulista de Medicina (EPM), onde lecionou durante toda a sua vida.
Em 1971, após prestar o vestibular (Cescem ), ingressou na Escola Paulista de Medicina. Nessa época, seu avô já estava aposentado, mas seu pai era uma liderança atuante na faculdade, e foi seu professor no estágio de clínica médica do quarto ano. No quinto ano fez parte da diretoria do Centro Acadêmico, onde teve sua iniciação política. No sexto ano, integrou pela primeira vez, a equipe médica que prestava assistência aos indígenas do Parque Nacional do Xingu, experiência que influenciou sua opção pela pediatria no exame de residência. Como residente voltou algumas vezes ao Xingu já como médico pediatra. Nos primeiros dois anos de residência na pediatria ajudou a fundar a Associação do Médicos Residente da EPM, em 1977, e fez parte da diretoria da Associação do Médicos Residentes do Estado de São Paulo, em 1978. Nessa época, casou-se pela primeira vez com uma psicóloga. No terceiro ano fez residência no Departamento de Medicina Preventiva da EPM e se especializou em saúde pública na Faculdade de Saúde Pública da USP (1979). Tornou-se médico sanitarista e, concursado, ingressou na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Em 1980, estimulado pelo professor Baruzzi, que coordenava as ações no Xingu, conseguiu bolsa do Conselho Britânico para fazer mestrado de Community Health, na prestigiosa London School of Hygiene and Tropical Medicine (LSHTM), na Universidade de Londres.
Em 1982, terminado o mestrado e decidido a fazer o doutorado, conheceu Alexandre Kalache, médico brasileiro que trabalhava em Oxford. O encontro foi um divisor de águas. Já naquela época, o doutor Kalache tinha claro que o Brasil passaria por uma grande transformação demográfica que faria dos idosos o grande grupo de interesse em termos de saúde pública (ele veio a se tornar diretor do Programa de Saúde do Idoso na Organização Mundial da Saúde). Ele conseguiu convencer um pediatra sanitarista a fazer o primeiro estudo populacional com idosos, no Brasil. A vida tomou outro rumo após esse encontro: os índios do Xingu o haviam levado para a pediatria e, o doutoramento em Londres, o levou para a gerontologia.
Em 1983, Luiz Roberto Ramos prestou concurso na EPM e iniciou carreira docente como professor auxiliar na disciplina de epidemiologia do Departamento de Medicina Preventiva. Nesse ano, conseguiu sua primeira bolsa de pesquisador do CNPq5 e mante-se como bolsista de produtividade desde então, após 11 renovações da bolsa, inicialmente bienais, depois trienais e, posteriormente, quadrienais (última bolsa em 2019 até 2023). Em 1984, a Fapesp6 aprovou seu primeiro auxílio à pesquisa, para realizar o inquérito populacional. Em setembro de 1985, com nova bolsa do Conselho Britânico, embarcou para Londres com o banco de dados e defendeu seu PhD7 na Universidade de Londres com a tese “Growing Old in São Paulo, Brazil”, em 1987. Foram ao todo, sete anos desde o início do mestrado, com quatro mudanças de casa e de país. Nesse período teve seus dois primeiros filhos com sua primeira esposa, mas na volta ao Brasil, casou pela segunda vez, com uma jornalista com quem veio a ter uma filha alguns anos depois.
No Brasil, precisava conhecer e se fazer conhecer na comunidade gerontológica brasileira. Passou a ser convidado para os congressos da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), e, em 1988, teve sua primeira participação importante no Congresso Nacional da SBGG, apresentando os dados do seu PhD. Desse momento em diante teve uma forte relação associativa com a SBGG; pertenceu à diretoria da Seção São Paulo em dois mandatos (1988-1991 e 1991-1994); foi editor da revista da SBGG e presidente da Comissão Científica de dois congressos da SBGG, um internacional, em São Paulo (1991), e um nacional, em Salvador (2002).
Em 1989, criou o Centro de Estudos do Envelhecimento (CEE) que viria a ser o embrião da futura disciplina de geriatria da Escola Paulista de Medicina. Em 1991, conseguiu um projeto temático da Fapesp – “Epidemiologia do Idoso” (Projeto EPIDOSO) e deu início, em 1991, ao primeiro estudo de coorte populacional com idosos, no Brasil, que segue os idosos na área do CEE há 30 anos. Com os dados do EPIDOSO propiciou inúmeras dissertações de mestrado e teses de doutorado. Em 1994, criou a disciplina de geriatria dentro do Departamento de Medicina da EPM, a qual chefiou até 2002. Em 1996, com apoio da Fapesp, fez o pós-doutoramento na Universidade de Harvard, na Unidade de Neuro-Psicogeriatria do Massachusets General Hospital, em Boston. De volta ao Brasil, em 1997, obteve o título de livre-docente em geriatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Nessa época teve mais duas filhas (gêmeas) com uma médica.
Em 2004, fez concurso para professor titular do DMP8 da EPM – Unifesp. Como professor titular, foi chefe do Departamento por dois mandatos (2005-2011). Coordenou o curso de mestrado e doutorado em Saúde Coletiva da Unifesp (2006-2010) e pertenceu ao Comitê Assessor da área de Saúde Coletiva na Capes (2004-2006). Nessa época iniciou novo casamento, com uma fonoaudióloga, que abraçou seus cinco filhos como se fossem dela, e continuam casados.
Luiz Roberto Ramos foi membro do Conselho Universitário da Unifesp, representando os professores titulares de 2005 até 2019. Por quatro anos foi vicepresidente da Fundação de Apoio da Unifesp (FAP – Unifesp, 2009-2013). Em 2010, ajudou a criar a Secretaria de Educação a Distância (Sead) da Unifesp, e exerceu as funções de secretário por dois anos. A partir de 2015, passou a coordenar a área de Promoção da Saúde e Longevidade no DMP / EPM, focado nos projetos de pesquisa do CEE.
Desde 2018 representa a EPM numa comissão intersetorial, com representantes da Subprefeitura do Distrito da Vila Mariana e de várias secretarias municipais, para tornar o entorno da EPM – onde habitam os idosos do projeto EPIDOSO – um Bairro Amigo do Idoso, segundo as diretrizes da OMS10. Desde 2018 coordena o tema Longevidade do Projeto Capes-Print-Unifesp, de internacionalização da pós-graduação, com vigência até 2023. Coordena também um Grupo de Trabalho para a constituição de um Instituto da Longevidade na Unifesp.
Durante sua carreira docente orientou 59 mestrados; 24 doutorados; e 4 pósdoutorados. Apresentou 140 trabalhos em certames científicos e publicou 168 artigos em periódicos indexados; 22 capítulos de livros; e um livro intitulado “Guia de Medicina Ambulatorial e Hospitalar Sobre Geriatria e Gerontologia” (2005). Luiz Roberto Ramos pertence ao corpo editorial do livro “Atualização Terapêutica”, criado por seu avô na década de 1950 e editado pelo seu pai, desde a morte do avô, na década de 1970, até a virada do século, quando faleceu. Desde então, participa como coordenador da Seção de Geriatria e, desde 2012, do Corpo Editorial da obra.
E o destino conspirou para que desse seguimento à saga familiar no campo da medicina! Médico formado pela EPM e professor titular de medicina preventiva na EPM, teve a benção de poder encaminhar a quarta geração médica na família do avô, com 2 filhas médicas formadas.
NOTAS:
Biografia e foto foram fornecidas pelo autor.
Pequenas inserções e adaptações do texto ao perfil desta secção, assim como as notas de rodapé foram feitas pelo Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
Em decorrência das recomendações dos órgãos estatais de saúde pública de não aglomeração por causa da pandemia do cononavírus, a posse ocorreu em reunião virtual, através da Plataforma Zoom.
Oswaldo Luiz Ramos (1928-1999) ingressou em 7/12/1994, como membro titular da Academia de Medicina de São Paulo. Também ocupou a cadeira nº 12 da Secção de Medicina, da vetusta Academia Nacional de Medicina, tendo por patrono Pedro de Almeida Magalhães (1864-1909).
Jairo de Almeida Ramos (1900-1972) ingressou em 1/2/1929, como membro titular da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tornando-se seu presidente (1939-1940). Seu nome é honrado como patrono da cadeira nº 75 desse augusto sodalício.
Cescem: Centro de Seleção de Candidatos às Escolas Médicas e Biológicas.
CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Fapesp: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
PhD: Originalmente “Philosophiae doctor” ou “Doctor philosophiae” ou, em português – doutor em filosofia, aplica-se, atualmente, à obtenção de um doutorado em diversas áreas do conhecimento.
DPM: Departamento de Medicina Preventiva.
Capes: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
OMS: Organização Mundial da Saúde.