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Biografia

Marcelo Pio da Silva

Marcelo Pio da Silva, mais conhecido simplesmente por Marcelo Pio, nasceu no município de Casa Branca (SP), em 1915.

Graduou-se pela Escola Paulista de Medicina (EPM) em 1941. Ainda na condição de acadêmico, dedicou-se ao estudo do sistema hematopoético, atuando como monitor, em 1938, na cátedra de patologia geral, no serviço do professor Marcos Lindenberg. Fez estágio voluntário de 1939 a 1941 com professor José Oria, na cadeira de histologia e embriologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), chefiada pelo professor Carmo Lordy. José Oria deu-lhe os ensinamentos sobre citomorfologia normal e patológica do sangue e dos órgãos hematopoéticos, tendo trabalhado como seu assistente extranumerário de 1943 a 1945.

Durante os anos de 1944, 1945 e 1946, num período de dois meses, Marcelo Pio frequentou o serviço do professor Alfredo Pavlovsky, especialista argentino, estudioso das hemopatias em geral, especialmente das coagulopatias hereditárias – hemofilias A e B. Além desses estágios na Argentina, viajou por centros europeus e americanos para conhecer sua organização e funcionamento, estando com os renomados professores Di Guglielmo, Fieschi, Astaldi, Jean Bernard, Undritz, Nathan Posenthal, Leon Jacobson e Oliver Jones.

Marcelo Pio fez sua carreira universitária na EPM, tendo sido nomeado em 1942, logo após a sua graduação, assistente voluntário de clínica propedêutica médica, chefiada pelo professor Jairo Ramos. Aí ficou encarregado da direção do laboratório, realizando, em especial, os exames hematológicos.

Paralelamente, foi nomeado diretor do Serviço de Hematologia Clínica, cargo que ocupou até 1951, exercendo tanto funções assistenciais aos portadores de hemopatias, quantas funções docentes. De 1941 a 1951, o Serviço de Hematologia funcionou em situação precária como agregado do laboratório de clínica propedêutica. Em 1951, Jairo Ramos criou o Departamento de Clínica Médica, que, por sua vez, proporcionou a criação da disciplina de hematologia, a qual passou a ser dirigida por Marcelo Pio da Silva, que deu extraordinário avanço na especialidade.

Marcelo Pio conquistou a docência-livre em 1967 com a tese Contribuição para o Estudo do Sangue Periférico e da Medula Óssea em Índios do Alto Xingu e, por concurso, em 1971, tornou-se professor titular da disciplina de hematologia da EPM.

A hematologia evoluiu rapidamente e, já no início da década de 1970, havia vários docentes-livres na disciplina. Em 1976, segundo José Ribeiro do Valle, no Departamento de Medicina trabalhavam os seguintes professores dessa especialidade: Marcelo Pio da Silva (titular); Carlos Nogueira Ferraz, José Elias Cury, José Kerbauy e Celso Carlos de Campos Guerra (adjuntos), além de Renato Pasquin (assistente) e Mitie Matsumoto (auxiliar de ensino).

Assim, o início da hematologia na EPM se deve a Marcelo Pio, sendo não somente o responsável pela sua implantação, mas também pela maneira como influenciou de modo marcante a formação de toda uma geração de hematologistas que continuaram o seu trabalho, tornando-se eles mesmos, novos incentivadores do seu desenvolvimento.

Segundo seus biógrafos Therezinha Ferreira Lorenzi e Michel Jamra, através de dados bibliográficos compilados durante quatro décadas pelo professor José Kerbauy da EPM, Marcelo Pio da Silva não somente organizou a disciplina, mas formou grande número de hematologistas que atuaram em postos de destaque em diversas escolas de medicina do país. Dentre eles salientam: José Gastão da Cunha Jr. e Hélio Moraes de Souza da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG); Paulo Eduardo de Abreu Machado da Faculdade de Medicina de Botucatu – Universidade Estadual Paulista (Unesp); e Paulo Siufi da Faculdade de Medicina de Campo Grande (MS).

Marcelo Pio aposentou-se compulsoriamente em 1985, deixando numerosos seguidores e uma disciplina repleta de atividades que incluíam estudo continuado através de reuniões; cursos de aperfeiçoamento e, principalmente, curso de pós-graduação stricto sensu.

Marcelo Pio da Silva faleceu em 1994. Seu nome é honrado com o patrono da cadeira nº 9 da augusta Academia de Medicina de São Paulo.

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

José Ória é o patrono da cadeira nº 125 da Academia de Medicina de São Paulo.

Jairo de Almeida Ramos foi presidente num mandato anual entre 1939-1940 da Sociedade de Medicina de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, e é o patrono da cadeira nº 75 desse
silogeu.