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Biografia

Nelci Zanon Collange

Nelci Zanon Collange nasceu em Antônio Prado (RS), aos 5 de agosto de 1959. Graduou-se em medicina pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), em 1986. Atleta amadora, jogava vôlei pelo time da medicina. Na área associativa e de liderança, participou ativamente da vida estudantil, com vários cargos no Diretório Acadêmico das áreas da Saúde, e chegou à vice-presidência do Diretório Central de Estudantes da UCS. 

Fez internato no Hospital Municipal Miguel Couto (RJ), em 1986. Morando no hospital participou ativamente do grupo da cirurgia do trauma e da neurocirurgia. Na residência médica em neurocirurgia, no Hospital do Servidores do Estado do Rio de Janeiro, entre 1987 e 1991, a formação exigia tempo integral e a liderança e atuação associativa não tinham mais lugar. Fez especialização em neurocirurgia pediátrica, na França, passando pelos Hospitais Jean Minjoz, em Besançon, sob a chefia do professor doutor Alan Czorny, e, em Marseille, no Hospital Latimone Enfant’s. Trabalhar com o professor doutor Maurice Choux foi um privilégio. Ele ensinou, na prática, o que ele tinha acabado de publicar: infecção em cirurgia de derivação ventrículo-peritoneal (DVP) abaixo de 1%, um sonho para qualquer neurocirurgião, um trabalho clássico entre os mais citados por quase 30 anos. 

Após um Curso Europeu de Neurocirurgia Pediátrica recebeu o diploma de pósgraduação em neurocirurgia pediátrica. Vinte anos após, foi professora convidada para dar conferências nesse mesmo curso, em 2019, em Montegrotto, Itália. 

Na volta da França iniciou a vida acadêmica, realizando mestrado e doutorado na Unifesp . A decisão por São Paulo foi uma sequência natural, pois era o único lugar, no Brasil, em que tinha uma pós-graduação em neurocirurgia e era lá que Nelci Zanon Collange queria estar. 

Em São Paulo assumiu o Serviço de Neurocirurgia Pediátrica do Hospital Santa Marcelina, em Itaquera, por mais de uma década, e, ao mesmo tempo, trabalhava com neurocirurgia do trauma na Unifesp – Escola Paulista de Medicina, onde mais tarde passou a se dedicar às malformações cerebrais congênitas, onde ainda trabalha até hoje. Nessas mais de duas décadas em São Paulo, atividades neurocirúrgicas em vários outros hospitais públicos e privados abriram-lhe muitas portas e permitiram uma rede de contatos em todas as esferas. 

Na vida associativa, Nelci Zanon Collange foi membro fundador da Sonesp – Sociedade dos Neurocirurgiões do Estado de São Paulo, onde exerceu várias funções administrativas. Após a obtenção do título de especialista em neurocirurgia pela SBN – Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, em 1998, com a chancela da AMB3 , exerceu vários cargos em administrações sucessivas, chegando à coordenação do Departamento de Neurocirurgia Pediátrica, que coincidiu com a presidência da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia Pediátrica, de 2013-2015 (hoje, membro do conselho da entidade). Na SBN também criou o Departamento das Mulheres na Neurocirurgia, que mais tarde converteu-se em Comissão das Mulheres na Neurocirurgia, onde ainda está atuando como coordenadora, em 2020. Na Associação Brasileira de Mulheres Médicas (ABMM) exerceu a função de diretora de Eventos Sociais e chegou a ser presidente eleita, em 2020. 

Ensinando e aprendendo, sua dedicação à causa da neurocirurgia fez dela uma das pioneiras no Brasil a ser reconhecida pela American Association of Neurological Surgeons, entidade fundada, em 1931, como Harvey Cushing Society, com o título de International Fellow, em 2015. Na sequência, após fazer um curso online da Universidade de Harvard, PPCR – Princípios e Práticas em Pesquisa Clínica, criou e dirigiu um “site center” no Hospital Samaritano, em São Paulo. Através do programa de filantropia institucional, ela mediou a criação de um segundo “site center” em Brasília, atuando como moderadora entre os organismos governamentais, inicialmente no Denit – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, e, nos dois anos seguintes, no grupo da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O grupo da Anvisa e o “site center” do Hospital Samaritano foram os melhores em participação entre os mais de 40 países participantes do curso PPCR naquele período. 

Internacionalmente, em 2011, Nelci Zanon Collange ficou conhecida por ser capa de uma revista científica – Child’s Nervous System. A pedido do editor chefe, professor doutor Concezio Di Rocco, escreveu um artigo sobre os desafios das mulheres na neurocirurgia, no Brasil, enfatizando a criação da primeira equipe de neurocirurgia pediátrica do mundo, composto por mulheres e liderado por ela. Essa capa resultou num convite para ser palestrante no Congresso Mundial de Neurocirurgia Pediátrica, em 2013, em Seul, Coréia, onde foi eleita vice-presidente no Comitê das Mulheres da Neurocirurgia da Federação das Sociedades Mundiais de Neurocirurgia – WFNS. Depois de quatro anos (2017), em Istambul, foi eleita presidente do Comitê de Neurocirurgia Pediátrica da WFNS, e reeleita em Pequim, 2019, por mais dois anos. Entregará o cargo em 2021, em Bogotá, na Colômbia. 

Na Sociedade Internacional de Neurocirurgia Pediátrica – ISPN, Nelci Zanon Collange é membro da comissão científica há vários anos, e passou por diversos comitês, ocupando, em 2020, a vice-presidência do Comitê de Educação dessa honrosa entidade, onde também atua no Comitê Executivo desde 2018. 

Com essas atividades educativas, nos últimos três anos teve o privilégio de viajar e dar palestras em mais de 20 países, em quatro continentes, sendo cinco em países na África. Nos Cursos de Neurocirurgia Pediátrica promovidos pela ISPN, com número limitado de professores, o habitual é que um conferencista faça de cinco a sete conferências em dois a três dias. Como vice-presidente do Comitê de Educação e um excelente relacionamento com os dois presidentes do Comitê, que se sucederam, o doutor Federico de Rocco (Itália) e o doutor Sandip Chatergee (Índia), sempre teve o privilégio de optar em quais países escolheria participar dos cursos! 

De 2015 a 2018, Nelci Zanon Collange idealizou e produziu o projeto do livro sobre a “Genealogia da Família ZANON”, descendentes do casal de imigrantes Luigi Zanon e Domenica De Bona, nascidos entre 1884 e 2015, com a bibliotecária Manuela Bernardi e Caio Vinicius Torques, geólogo. Eles escreveram o livro dos antepassados dela que contabilizou mais de 1.400 pessoas, descendentes diretos dos imigrantes Italianos (Luigi, procedente de Belluno, região do Vêneto, norte da Itália), sem contabilizar os parentes por vínculos sociais (casamentos). Como exemplo, a Nelci Zanon recebeu o número 5.10.3, por ser a terceira filha, do décimo filho, do quinto filho de Luigi. Portanto, bisneta dos imigrantes. Parafraseando Edmund Burke (1729-1797) “As pessoas não serão capazes de olhar para a posteridade, se não tiverem em consideração a experiência dos seus antepassados” (citado pelo acadêmico Helio Begliomini, no livro “Prógonos da Academia de Medicina de São Paulo ”). 

Em 2019, juntamente com a doutora Giselle Coelho, escreveu o primeiro livro de simulação neurocirúrgica pediátrica – “Da Simulação à Prática, Neurocirurgia Pediátrica”, pela Editora Elsevier. O professor Benjamin Warf, catedrático de Harvard, coautor de alguns dos projetos, afirmou: “a era da prevenção e dos tratamentos em medicina está bem encaminhada: na próxima década, o foco será encurtar o tempo de treinamento dos cirurgiões através da simulação cirúrgica e vocês foram visionárias em antecipar a criação de um modelo neurocirúrgico pediátrico, único no mundo, compatível com imagens de tomografia e ressonância magnética”. Com esse modelo, a doutora Giselle Coelho ganhou o Prêmio Jovem Neurocirurgiã no Mundo, pela WFNS, em 2015, na Itália. 

Outros projetos de pesquisa em andamento que celebram a carreira acadêmica de Nelci Zanon Collange são: “Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua” (pilotado por Luanda André Collange Grecco – estudos de fase 1 e 2, na paralisia cerebral em crianças, pertence a esse grupo de estudos); “Cirurgia Fetal para Fechamento da Mielomeningocele Através de Videolaparoscopia / Fetoscopia” – estudos de fase 1 (pilotado pela doutora Denise  Pedreira); E o mais recente, “Monitorização da Pressão Intracraniana Não Invasiva” (PICNI), em estudos de fase 1, em andamento. 

Para coroar essa brilhante história de sucesso, Nelci Zanon Collange foi eleita, em 2020, ano do equilíbrio, membro titular desta honrosa Academia de Medicina de São Paulo, descrita pelo doutor Arary da Cruz Tiriba5 , no prefácio do “Prógonos da Academia de Medicina de São Paulo” do acadêmico ilustre, doutor Helio Begliomini: “a casa dos dedicados policlínicos indígenas, edificada em primeira mão por Luiz Pereira Barreto, em 1895”.

NOTAS: 

Biografia e foto foram fornecidas pelo autor.

Pequenas inserções e adaptações do texto ao perfil desta secção, assim como as notas de rodapé foram feitas pelo Acad. Helio Begliomini, Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Em decorrência das recomendações dos órgãos estatais de saúde pública de não aglomeração por causa da pandemia do cononavírus, a posse ocorreu em reunião virtual, através da Plataforma Zoom. 

Unifesp: Universidade Federal de São Paulo.

AMB: Associação Médica Brasileira. 

 Este livro veio a lume em janeiro de 2014 e contém 431 páginas. 

Arary da Cruz Tiriba é membro titular e emérito da cadeira nº 81 da Academia de Medicina de São Paulo, tendo por patrono Adolpho Lutz (1855-1940)