PortugueseEnglishSpanish
Biografia

Nicolau de Moraes Barros

Nicolau de Moraes Barros, mas conhecido por Moraes Barros, nasceu aos 18 de agosto de 1876, na cidade de Piracicaba (SP). Fez seus primeiros estudos no Colégio Piracicabano.

Graduou-se em 1902 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Depois de formado seguiu para a Europa, onde, durante quatro anos, em duas viagens, se especializou em ginecologia e obstetrícia, frequentando e trabalhando nos serviços de maior prestígio naquela época. Em Berlim esteve com os renomados médicos Stoeckel e Bumm; em Paris com Pinard e Pozzi; e, principalmente em Viena, com Schauta Hitschman, Adler e Chrobak.

De regresso ao Brasil, radicou-se na cidade de São Paulo, onde exerceu as funções de médico assistente da Maternidade de São Paulo e cirurgião-adjunto da Santa Casa de Misericórdia.

Em 1920, quando faleceu Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, catedrático de ginecologia da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, surgiu-lhe a oportunidade de concorrer à sua sucessão, disputando com grandes especialistas da época.

Em 1921, conquistou por concurso a cátedra de ginecologia da Faculdade de Medicina de São Paulo, hoje, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), função que exerceu por 23 anos, até 1944, quando se aposentou por limite de idade, sendo distinguido com o título de professor emérito.

Nicolau de Moraes Barros estruturou a Escola Paulista de Ginecologia, em cuja sombra se formou uma plêiade de discípulos de elite, que difundiram os seus ensinamentos pelo país.

Sua grande projeção clínica e social fizeram-no respeitado e acatado como figura exponencial da medicina paulista. Possuiu grande fortuna, pois era oriundo de uma família de banqueiro. Contudo tinha espírito democrático; era encantador no trato de nobres sentimentos; possuía a verdadeira expressão do médico por suas atividades elevadas e cavalheirescas, sem a vulgaridade que a tantas diminui.

De acordo com seu biógrafo Carlos da Silva Lacaz, Nicolau de Moraes Barros foi um “professor incomparável e didata nato. Suas aulas, sempre calçadas nos postulados da escola alemã, tornaram-se famosas. Sabia, como ninguém, transmitir aos seus alunos os tesouros da ginecologia. Fiel às doutrinas da escola alemã, lutou anos seguidos para implantar em nossos meio a conduta abstencionista, antimutiladora, de respeito ao órgão por amor à função. Em nosso meio, no tratamento das anexites e nos processos inflamatórios genitais da mulher imperava a conduta intervencionista, mutiladora”.

“Limitou, igualmente, as indicações cirúrgicas do fibromioma do útero, operação fácil espetaculosa, mas altamente demolidora, pois removendo o útero, ia suprimir a função menstrual em mulheres ainda moças, com todo o cortejo de funestas consequências.

Incentivou a radioterapia entre nós. Na lendária enfermaria de clínica ginecológica da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, instalou, com um de seus assistentes, dr. Erich Muller Carioba, recém-chegado Freiburg, o primeiro aparelho de radioterapia do Brasil, e que se tornou o marco inicial da luta sem tréguas contra o câncer do útero”.

Na parte técnica, foi o introdutor da “via baixa”, condenando a “via alta”, a única em uso até então nos tratamentos das ginocopatias.

O professor Jose Medina, que o sucedeu na cátedra, destacou em oportuno trabalho o que promoveu Nicolau de Moraes Barros para a prevenção do câncer ginecológico. O renomado mestre foi o primeiro a introduzir no Brasil a colposcopia, pois trouxe da Alemanha o colposcópio de Zweifel, aparelho rudimentar para a época atual. Tratava-se de uma pequena lupa, visando ampliar ligeiramente as condições do colo do útero.

Nicolau de Moraes Barros publicou poucos trabalhos, mas é de sua lavra o livro Lições de Clínica Ginecológica (1944), com 107 ilustrações, registrando as aulas que proferiu em seu serviço.

Nicolau de Moraes Barros foi membro e sócio benemérito da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de presidir esse sodalício num mandato anual entre 1912-1913. Foi também membro da Associação Paulista de Medicina, American College of Surgeons; Academia Peruana de Cirujanos; e Sociedade Brasileira de Ginecologia (membro honorário), dentre outras.

Nicolau de Moraes Barros faleceu em 7 de março de 1959, aos 83 anos.

Seu nome é honrado como patrono da cadeira nº 17 da augusta Academia de Medicina de São Paulo. Dá nome a uma escola estadual na cidade de Santo André. Na cidade de São Paulo dá nome a uma rua no bairro Jardim das Bandeiras; outra no bairro de Pinheiros, e uma praça no bairro da Barra Funda.

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante dois mandatos anuais entre 1901-1902 e 1906-1907, e é patrono da cadeira nº 11 desse silogeu

Carlos da Silva Lacaz foi presidente da Academia de Medicina de São Paulo durante um mandato anual entre 1962-1963, e é o patrono da cadeira nº 53 desse sodalício.

Jose Medina é o patrono da cadeira nº 19 da Academia de Medicina de São Paulo.