Ricardo Renzo Brentani
Ricardo Renzo Brentani, mais conhecido por Ricardo Brentani ou simplesmente Brentani, nasceu em 21 de julho de 1937, na cidade italiana de Trieste, província de Friuli-Venezia Giulia. Era o segundo filho de Segismundo e Gerda Brentani. Naturalizou-se brasileiro e cursou o secundário no Instituto Mackenzie de 1949 a 1955.
Graduou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), na 45a turma, em 1962, tendo o professor José Barros Magaldi exercido grande influência em sua formação.
Enquanto terceiroanista publicou juntamente com o professor Michel Rabinovitch, um artigo na prestigiosa revista Nature sobre a atividade da enzima ribonuclease. Ainda sob a liderança de Rabinovitch fez parte de um grupo de jovens pesquisadores que ganharia destaque no meio acadêmico. Assim, esteve ao lado de Nelson Fausto, que viria ser professor da Universidade de Washington; Thomas Maack, que teve de deixar o Brasil em 1964, fazendo carreira na Universidade Cornell; e Sérgio Henrique Ferreira, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto e ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Ricardo Brentani dedicou-se à carreira universitária na FMUSP, doutorando-se em 1966 pelo Departamento de Química Fisiológica e Físicoquímica, tendo como orientador o professor Isaias Raw, ocasião em que apresentou a tese Purificação e Propriedades do RNA Nucleolar de Fígado de Rato.
Obteve o título de professor livre-docente de bioquímica pelo Departamento de Bioquímica da FMUSP, em 1969, apresentando a tese Caracterização de um Biopolímero Informacional de Origem Nucleolar.
Tornou-se professor adjunto de bioquímica do Instituto de Química da USP, em 1972. De maio a julho desse mesmo ano atuou como guest worker no National Cancer Institute dos Estados Unidos da América. Galgou a condição de professor adjunto de terapêutica clínica II da FMUSP, em 1979, e, em 1980, a de professor titular de oncologia, sendo o primeiro docente nessa disciplina de uma universidade brasileira.
Orientou doze teses de doutorado e cinco dissertações de mestrado. Participou de diversos congressos, tendo publicado mais de 160 trabalhos em importantes periódicos de impacto, tais como as revistas Nature e Science.
Ricardo Brenani dedicou-se a três linhas de pesquisas: 1. Papel do nucléolo no processamento de mRNA; 2. Caracterização de mRNAs de colágenos; e 3. Adesão celular e metástase. Foi membro do corpo editorial das revistas International Journal of Cancer, Journal Tumor Marker Oncology, Cancer Epidemiology e Biomarkers and Prevention.
A partir de 1999 liderou um grupo de pesquisadores brasileiros no Projeto Genoma do Câncer Humano, que trouxe novos rumos ao estudo dos tumores.
Publicou, em colaboração, a obra Bases Moleculares da Medicina: Câncer (Brentani, R. R.; Brentani, Maria Mitzi; Menucci, Lelia; Villa, Luiza; Nagai, Maria Aparecida. São Paulo, Atheneu, 1992, 124 páginas) e dois capítulos em livros: 1. “Receptor Purification Using the Complementary Hydropathy Approach” (Brentani, R. R. and Pasqualini, R. In: Litiwack, G. Fo.: “Receptor Purification”, (ed.), Clifton, Human Press, 1990, páginas 451-457); 2. “Biologia das Metástases: Aplicações Clínicas” (Chammas, R.; Torloni, H. e Brentani, R. R. In: “Tratado de Oncologia Genital e Mamária” de F. Abrão. Editora Roca, 1994).
Dentre outros cargos e funções que exerceu salientam-se: diretor fundador do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer de São Paulo (1983-2005); presidente da Fundação Antonio Prudente, mantenedora do Hospital A. C. Camargo e coordenador do Centro Antônio Prudente para Pesquisa do Câncer, um dos centros de pesquisa, inovação e difusão da Fapesp; presidente interino do Conselho Diretor do Instituto de Radiologia Hospital das Clínicas da FMUSP; membro do conselho da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); e diretor presidente da Fapesp desde 2010.
Brentani idealizou e implementou o primeiro curso de pós-graduação em um hospital privado brasileiro, o Hospital do Câncer A. C. Camargo. Em quase cinco décadas de ensino e pesquisa contribuiu para a formação de centenas de alunos. Obteve, após a sua aposentadoria, o merecido título de professor emérito da FMUSP.
Brentani recebeu condecorações, salientando-se a de comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico (1988) e a grã-cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (2006), ambas concedidas pelo presidente da República do Brasil.
Foi considerado um dos mais importantes pesquisadores brasileiros de sua época e um dos mais premiados na área do câncer. Dentre suas conquistadas, destacam-se: Prêmio Costa Júnior da Academia Nacional de Medicina (1982); Prêmio Governador do Estado de São Paulo (1982); Prêmio Múcio Athayde de Combate ao Câncer da Academia Nacional de Medicina (1983); Prêmio Rheinboldt-Hauptmann de bioquímica do Instituto de Química da USP (1995); Prêmio Nacional de Seguridade Social (2001); Prêmio Ciência e Cultura (2006); Prêmio Scopus em Medicina (2007); Prêmio Ciência e Cultura da Fundação Conrado Wessel (2007); e três meses antes de seu falecimento recebeu o Prêmio Octavio Frias de Oliveira na categoria “Personalidade de Destaque” (2011), promovido pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) em parceria com o Grupo Folha.
Ricardo Brentani proferiu diversas conferências. Ainda um mês antes de seu falecimento havia participado da Fapesp Week, em Washington, quando discursou sobre o tema “Molecular Genomics and Genetics in the Management of Cancer“.
Ingressou como membro titular da Academia Brasileira de Ciências, em 29 de março de 1995. Tornou-se membro honorário da Academia de Medicina de São Paulo, ingressando nesse sodalício em 30 de junho de 1992. Outrossim, foi membro titular da Academia Nacional de Medicina, ingressando nesse sodalício em 29 de outubro de 2002, onde ocupou a cadeira nº 85 da Secção de Ciências Aplicadas à Medicina, sob a patronímica de Antonio de Barros Terra.
Ricardo Renzo Brentani foi um destaque da ciência mundial. Era casado com a também cientista Maria Mitzi Brentani, consórcio que lhes deram quatro filhos: Hugo, Helena, Alexandra e Barbara; e dez netos.
Faleceu em 29 de novembro de 2011, aos 74 anos, vítima de infarto do miocárdio. Seu corpo foi velado no Anfiteatro José Ermírio de Moraes do Hospital A. C. Camargo e sepultado no Cemitério do Morumbi.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
José Barros Magaldi é o patrono da cadeira nº 50 da Academia de Medicina de São Paulo.
Antonio Cândido de Camargo presidiu a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1915-1916, e é patrono da cadeira nº 66 desse sodalício.
Fapesp: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.