Roberto Oliva
Roberto Oliva especializou-se em otorrinolaringologia e trabalhou na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Nesse nosocômio fazia parte do Departamento de Otorrinolaringologia, criado em 1913, e que teve por primeiro chefe Henrique Lindenberg, especializado na Alemanha e Áustria.
Em 1914, um ano após a fundação da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, foi criada a cadeira de otorrinolaringologia com suas instalações nas dependências da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, sendo convidado Henrique Lindenberg para sua chefia.
Roberto Oliva e outros renomados otorrinolaringologistas integravam, nessa ocasião, a equipe do professor Lindenberg que era constituída por Schmidt Sarmento , Mário Ottoni de Rezende , Francisco Hartung, Silvestre Passy, Paula Santos, Ângelo Mazza, Silvio Ognibene, Antônio Vicente de Azevedo e Ernesto Moreira.
Henrique Lindenberg chefiou o Departamento de Otorrinolaringologia até sua morte, ocorrida em 1928. Desta data em diante foram constituídos dois grupos de otorrinolaringologistas: Paula Santos tornou-se catedrático de otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de São Paulo, que se estabeleceu no Instituto Radium, enquanto o Serviço de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo passou a ser chefiado por Schmidt Sarmento, que também possuía especialização no exterior, em Berlim e Viena.
Roberto Oliva ficou atuando na equipe de Schmidt Sarmento, ao lado de Mário Ottoni de Rezende, Ernesto Moreira, Francisco Hartung, Rebelo Neto, José Eugênio de Paula Assis, Plínio de Mattos Barretto , Jorge Fairbanks Barbosa, Silvestre Passy, Paulo Saez, Vicente de Azevedo, Arnaldo Barrella e Ângelo Mazza.
Em 1933, com o falecimento de Schmidt Sarmento, Mário Ottoni de Rezende assumiu a chefia do Serviço de Otorrinolaringologia, modernizando-o. Roberto Oliva, que tinha uma aprimorada formação austríaca com os professores Neuman e Alexander, tornou-se o subchefe do serviço.
Quando Mário Ottoni de Rezende completou 60 anos, pensou em renunciar em favor dos mais jovens. Entretanto, num almoço organizado por Roberto Oliva, foi feito um apelo a que ele permanecesse no cargo, o que aconteceu, retirando-se somente aos 70 anos, em 1953.
Roberto Oliva era dotado de vasta cultura. Presidiu e participou como relator ou comentarista de inúmeras sessões de otorrinolaringologia realizadas na Associação Paulista de Medicina, estando consignadas na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia as dos anos 1934, 1935, 1936, 1939, 1940, 1942, 1943 e 1947.
Publicou sete trabalhos na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, hoje, Brazilian Journal of Otorhinolaryngology. Dentre eles tem-se como exemplo: “Estudo Anatomoclínico do Rochedo (Em Torno de Alguns Casos de Pedrosite )”.
Roberto Oliva ingressou na Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, em 15 de junho de 1919, tendo tido a honra de ser o 42º presidente desse sodalício, exercendo um mandato anual entre 1943-1944.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
Adolpho Schmidt Sarmento foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1929-1930 e é o patrono da cadeira nº 89 desse sodalício.
Mário Ottoni de Rezende foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1936-1937 e é o patrono da cadeira nº 126 desse sodalício.
Antônio de Paula Santos é o patrono da cadeira nº 59 da Academia de Medicina de São Paulo.
Plínio Freire de Mattos Barretto é o patrono da cadeira nº 91 da Academia de Medicina de São Paulo.
Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 3 (2): 93-102, 1935.