PortugueseEnglishSpanish
Biografia

Rodolpho de Freitas

Rodolpho de Freitas nasceu em São Paulo em 1899, e cursou o ensino primário e secundário na rede pública estadual. Era o mais novo de uma família de dez filhos. Era sobrinho do senador Herculano de Freitas. Ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e nela estudou até o 3º ano. Seu pai era professor de direito constitucional e ex-diretor da Faculdade de Direito da USP. Em virtude de nomeação para exercer o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro, onde Rodolpho de Freitas concluiu os três anos restantes na Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, diplomando-se em 1927.

Durante o tempo de acadêmico foi interno do professor Jorge de Gouveia, quem praticamente introduziu a urologia no Brasil.

Voltando a São Paulo, trabalhou na Santa Casa de Misericórdia no serviço do professor Ayres Netto e, em 1933, com a fundação da Escola Paulista de Medicina (EPM) por Octávio de Carvalho, tornou-se cofundador, sendo por ele indicado para ministrar a disciplina de urologia.

Rodolpho de Freitas amou sua terra natal. Foi combatente no Movimento Constitucionalista de 1932 e também tomou parte no movimento revolucionário de 1964.

Em 1937 voltou à cidade do Rio de Janeiro, onde trabalhou por algum tempo no Hospital São Francisco de Assis, sob a chefia de Jorge de Gouveia. Lá, submeteu-se a um concurso público de livre-docência na disciplina de urologia, então regida por Alcindo Figueiredo Baena.

Retornou a São Paulo e instalou efetivamente a cátedra de urologia na EPM, ministrando aula inaugural em 18 de março de 1937 para os alunos do 5º ano, que versava sobre “Definição, Conceito e Relações de Urologia”. Realizou a primeira cistectomia radical no Brasil. Atuou como professor catedrático durante 32 anos (!), até a sua aposentadoria compulsória, em 1965. Teve o mérito de se cercar de excelentes colaboradores que o auxiliaram no desenvolvimento da especialidade na EPM. Exerceu também a chefia do serviço de urologia do Hospital do Mandaqui.

Rodolpho de Freitas escreveu um livro sobre Cirurgia Conservadora nas Nefropatias, obra que lhe proporcionou uma cadeira na Academia de Medicina de São Paulo. Dentre outras entidades a que pertenceu salientam-se: Associação Paulista de Medicina, Associação Médica Brasileira e International College of Surgeons.

Publicou, em colaboração com seu assistente Afiz Sadi, que haveria o substituir na disciplina, cerca de 40 trabalhos científicos, muitos em revistas do exterior.

Igualmente, foi editor-associado do livro Urologia Clínica e Cirúrgica de autoria de Afiz Sadi.

Participou e apresentou trabalhos em mais de uma dezena de congressos no Brasil e no exterior. Foi correspondente brasileiro da revista Urologia Internacionalis editada na Basileia. Representou oficialmente, em 1952, a delegação brasileira em dois congressos do International College of Surgeons realizados em Madrid e em Buenos Aires.

Em 1961, no congresso da Sociedade Internacional de Urologia, apresentou, em colaboração com seus assistentes, 11 trabalhos científicos.

Fez parte de várias bancas examinadoras de concursos em São Paulo e noutros estados do país, quer para doutoramento, docência-livre ou cátedra. Teve a honra de ser escolhido como paraninfo de três turmas de médicos na Escola Paulista de Medicina: a 1947, 1953 e 1957.

Em seu comovente discurso como paraninfo da turma de formandos de 1957 assim consignou: “(…). A falta de espírito de classe generalizada entre os médicos; o abandono por parte dos médicos de posições, de situações, de prerrogativa que só eles possuíam, tiveram como resultantes a proletarização do médico, a mercenarização do médico, a desconsideração da classe médica que perdeu a majestade de seu sacerdócio, a posição de preeminência social que sempre desfrutou.

O médico está se tornando um vendedor de diagnósticos, um vendedor de tratamentos. Desapareceu a figura respeitável do médico de família, do amigo, do conselheiro, daquele que se voltava tanto para os problemas físicos, para as queixas e os sofrimentos oriundos das doenças, quanto para os problemas morais, do espírito, da alma de seus clientes.

(…). Ide, praticai e professai a medicina. Sede humanos e não vos esqueçais jamais a palavra que de meu Pai recebi e que como pai espiritual transmito a cada um de vós: Nunca se esqueçam que o médico não pode ser medíocre”.

Rodolpho de Freitas exerceu a medicina com dignidade, probidade e honra; foi humano em todos os seus aspectos. Ao despedir-se da cátedra em 1965 – no auge de sua atividade mental e intelectual – pronunciou uma bela oração: “Missão Cumprida”, recordando sua fecunda carreira docente e profissional. Faleceu em 1974.

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.