Rolando Ângelo Tenuto
Rolando Ângelo Tenuto, mais conhecido por Rolando Tenuto, ou simplesmente Tenuto, nasceu em 8 de fevereiro de 1915, na cidade de São Paulo. Era filho de João Tenuto e de Marieta Buangermino Tenuto.
Graduou-se, em 8 de dezembro de 1938, na primeira turma da Escola Paulista de Medicina (EPM), hoje, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Dedicou-se à carreira universitária, ingressando, em janeiro de 1939, como assistente voluntário da clínica neurológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Aprendeu muito com Adherbal Pinheiro Machado Tolosa, que havia substituído o catedrático Enjolras Vampré , falecido durante uma aula que proferia, três semanas antes de completar 53 anos, em 17 de maio de 1938.
À época, o hospital-escola da FMUSP era a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Nessa instituição de ensino dedicou-se à neurocirurgia sob a orientação de Carlos Gama , substituindo-o temporariamente na chefia da secção de neurocirurgia, quando Carlos Gama se encontrava na Bahia.
Em janeiro de 1945, com a transferência da FMUSP para o recém-criado Hospital das Clínicas (HC), Rolando Tenuto não somente fez parte da primeira equipe de emergência de neurocirurgia, como também foi nomeado assistente extranumerário e chefe da secção de neurocirurgia desse hospital-escola. O serviço, ainda em estado embrionário, reunia apenas um médico recém-formado e um estudante do 6o ano. Em 24 de fevereiro desse ano ocorreu a primeira intervenção neurocirúrgica no HC, que se constituiu numa exérese de tumor extradural lombar.
Até 1953 a seção de neurocirurgia não possuía instalações fixas. Seus leitos eram localizados parte na clínica neurológica e parte na 3ª ou 1ª clínica cirúrgica. Contudo, devido à expressiva atuação de Rolando Tenuto, o serviço cresceu e se desenvolveu, galgando reconhecimento dentro do hospital.
Em setembro de 1952, o Conselho de Administração do HC decidiu que a traumatologia cranioencefálica passasse à alçada do setor de neurocirurgia que, nessa época, já contava com nove membros.
Em fevereiro de 1953 foram inauguradas sala cirúrgica e sala de recuperação pós-operatória, destinadas exclusivamente ao setor de neurocirurgia. Com os leitos para pacientes neurocirúrgicos concentrados na clínica neurológica, o setor de neurocirurgia passou também a ter unidade do ponto de vista físico. Além das instalações já mencionadas, a neurocirurgia contava com uma unidade de neurorradiologia e outra de eletroencefalografia, integradas física e funcionalmente à clínica neurológica. Com tais recursos, nesse mesmo ano, foi iniciado o programa de residência médica em neurocirurgia.
Rolando Tenuto esteve, em 1951, três meses na Europa, estagiando nos serviços do professor Olivecrona, na Suíça; professor Petit-Duttaillis, na França; e professor Dogliotti, na Itália.
Galgou a condição de doutor, em 1954, defendendo tese intitulada Iodoventriculografia: Aplicações ao Diagnóstico das Afecções Cirúrgicas da Região do Terceiro Ventrículo e da Fossa Craniana Posterior. Em 1958, através de concurso de provas e títulos, conquistou a livre-docência em neurologia.
Tenuto foi autor ou coautor na realização de mais de 50 trabalhos científicos e participou de 57 congressos nacionais e internacionais da especialidade. Fez parte de 11 bancas examinadoras de concursos. Conquistou o prêmio Austregésilo da Academia Nacional de Medicina, em 1951; prêmio Enjolras Vampré, Pravaz-Recordatti; e prêmio Legião Brasileira de Assistência, em 1966.
Rolando Tenuto tornou-se, em 1o de março de 1956, chefe do setor de neurocirurgia e catedrático de clínica neurocirúrgica da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Sorocaba da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (FCMSPUC). Foi também 1º secretário do Departamento de Neuropsiquiatria da Associação Paulista de Medicina (APM) e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, presidindo essa entidade no biênio 1964-1966.
Rolando Ângelo Tenuto foi um dos pioneiros da neurocirurgia no Brasil e neurocirurgião de rara habilidade. Faleceu na cidade de São Paulo, em 14 de junho 1973, aos 58 anos. Seu nome é honrado como patrono da cadeira nº 110 da augusta Academia de Medicina de São Paulo, assim como através do Decreto no 11.783, de 21 de fevereiro de 1975, passou a dar nome a uma rua no bairro de Santo Amaro da capital paulista.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
Parte dos dados aqui consignados foi gentilmente fornecida pelo sr. Maurílio José Ribeiro da Secção de Denominação de Logradouros do Arquivo Histórico Municipal da Prefeitura de São Paulo, e pela sra. Celeste Maria B. Leme de Calais, supervisora de Recursos Humanos da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Sorocaba da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (FCMSPUC).
Adherbal Pinheiro Machado Tolosa foi presidente da Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1960-1961, e é o patrono da cadeira nº 25 desse sodalício.
Enjolras Vampré foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1921-1922, e é o patrono da cadeira nº 54 desse sodalício.
Antonio Carlos da Gama Rodrigues foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1944-1945.
Foto da ficha microfilmada obtida gentilmente no acervo do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
Antonio Austregésilo Rodrigues Lima foi membro titular da Academia Nacional de Medicina e presidiu essa entidade em três ocasiões entre 1934-1937; 1945-1947; e 1949-1951. Seu nome é honrado num prêmio oferecido por esse silogeu ao melhor trabalho de pesquisa original, sob pseudônimo e inédito, acerca de clínica, patologia e experimentação neurológica ou neuroendocrinológica