Roque Monteleone Neto
Roque Monteleone Neto nasceu na cidade de São Paulo, no dia 9 de agosto de 1946. É filho de Maria de Lourdes e de Domingos Aimone Monteleone, família de imigrantes italianos vindos ao Brasil, no final do século XIX e, inicialmente, estabelecidos nas cidades de São Carlos e Sorocaba. Cursou o primário no Colégio Dante Alighieri; o ginásio e o colegial no Colégio Estadual de São Paulo, também chamado “Ginásio do Estado de São Paulo”, fundado em 1894, tendo sido o primeiro ginásio instalado na cidade de São Paulo, localizado no Parque Dom Pedro.
Formou-se em 1971, na XVI Turma da Faculdade de Medicina de Sorocaba, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Fez pós-graduação (mestrado e doutorado) e realizou a livre-docência em genética, na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), onde ingressou por concurso na carreira docente em 1974.
Atuou como professor visitante e pesquisador no Departamento de Genética Médica da Universidade da Columbia Britânica, Vancouver, Canadá, de 1978 a 1980, e transferiu-se em 1982, mediante concurso, para a Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde é professor adjunto.
Idealizou, coordenou e foi pesquisador do “Projeto Cubatão: Anomalias Congênitas e Poluição Ambiental”, de 1982 a 1986, trabalho que teve ampla repercussão pública e científica, nacional e internacional, e constituiu-se no tema de sua tese de livre-docência na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, ocasião em que teve, na banca examinadora, a honrosa presença do professor dr. Ruy Laurenti.
Roque Monteleone Neto foi diretor de pesquisa da Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento do Estado de São Paulo, de 1987 a 1989, onde priorizou os projetos e ações relacionadas com a recuperação da degradação ambiental da Mata Atlântica em Cubatão, inclusive, coordenando a parte brasileira de um projeto de cooperação com a Alemanha nesse mesmo assunto, e o projeto de desenvolvimento dos padrões técnicos do programa nacional de controles de emissões veiculares.
Ocupou vários cargos no Ministério da Saúde durante o período de 1991 a 1996, nas gestões do ministro dr. Adib Domingos Jatene, ressaltando as ações de recuperação ambiental e assistência à saúde em Duque de Caxias (RJ) e levantamento das condições de biossegurança na rede nacional de laboratórios públicos.
Atuou como assessor técnico da delegação brasileira junto à Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Estocagem de Armas Bacteriológicas (Biológicas) e à Base de Toxinas e sua Destruição (1991-2003). Nesse trabalho participou em mais de 20 reuniões internacionais, no âmbito das Nações Unidas, em Genebra, sobre o fortalecimento e revisão da referida convenção, ressaltando-se sua participação como moderador escolhido para as discussões plenárias sobre monitoramento contínuo por instrumentos e por pessoal.
Por várias vezes, durante o período de 1994 a 1998, foi inspetor das Nações Unidas no Iraque, na área biológica (medicina, agronomia, veterinária, farmácia e biologia), tendo inclusive atuado na equipe de coordenação dessa área, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, durante o ano de 1997.
Roque Monteleone Neto atuou como chefe da delegação brasileira na Reunião Plenária do “Missile Technology Control Regime – MTCR”, Helsinki (2000), e, posteriormente, foi designado pelo secretário-geral da ONU, DD. sr. Kofi A. Annan, membro do Colégio de Comissários da Comissão de Monitoramento e Verificação das Nações Unidas – UNMOVIC, de 2000 a 2003, tendo sido também instrutor em cursos de treinamento de inspetores dessa Comissão em Paris, Viena (quatro vezes), Ottawa, Genebra e São Paulo (três vezes).
Foi diretor do Departamento de Assuntos Nucleares e Bens Sensíveis do Ministério da Ciência e Tecnologia, durante o período de 2000 a 2002 (gestão do embaixador Ronaldo M. Sardemberg), quando realizou a consolidação da implantação da Autoridade Nacional relacionada à Convenção de Proibição de Armas Químicas e dos controles de tecnologias e bens de uso duplo nas áreas nuclear, biológica e de
vetores.
Em 2005 foi apontado pelo secretário-geral das Nações Unidas, DD. sr. Kofi A. Annan, para compor o grupo de peritos do comitê estabelecido pela Resolução 1.540, do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, com o objetivo de prevenir e combater a proliferação de armas de destruição em massa, inclusive por atores não estatais e, em 2006, escolhido por seus pares para exercer a coordenação de tal comitê.
Roque Monteleone Neto publicou na literatura nacional e internacional especializada mais de 40 artigos técnico-científicos e mais de 15 de divulgação em jornais e revistas. Foi apresentador convidado e conferencista em mais de 15 reuniões técnico-científicas internacionais, onde se destacam as participações nos seminários científicos da Otan/Nato –Organização do Tratado do Atlântico Norte, do qual o Brasil não é membro; no “First Global Meeting of the InterAcademy Medical Panel (IAMP): Bioterrorism and the Role of the Academies”, realizado na Academia Francesa de Medicina, Paris (2002), apresentando o tema “Biological Weapons and the Health Sector”; e na terceira sessão do “World Commission on the Ethics of Scientific Knowledge and Technology (COMEST)”, realizado no Rio de Janeiro, em 2003, apresentando o tema “Biology and Codes of Conduct”.
Durante o período de 1997 a 2004 recebeu as seguintes medalhas e condecorações brasileiras: Medalha do Pacificador e Ordem do Mérito Militar, ambas do Ministério do Exército; Ordem do Rio Branco, do Ministério de Relações Exteriores; e Ordem do Mérito da Força Aérea, do Ministério da Defesa.
Em 25 de outubro de 2017 foi eleito para ocupar a cadeira nº 76 da Academia de Medicina de São Paulo, cujo patrono é Arnaldo Amado Ferreira (1935-1975) e o fundador Ruy Laurenti (1999-2015).
NOTAS:
A biografia foi fornecida pelo autor e a foto foi obtida por ocasião de sua posse, que ocorreu em 21 de junho de 2018, no anfiteatro nobre da Associação Paulista de Medicina.
Pequenas inserções e adaptações do texto ao perfil desta secção, assim como as notas de rodapé foram feitas pelo Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
Ruy Laurenti foi o primeiro ocupante da cadeira nº 76 da Academia de Medicina de São Paulo, que tem como patrono Arnaldo Amado Ferreira.
Adib Domingos Jatene foi o primeiro ocupante da cadeira nº 29 da Academia de Medicina de São Paulo, que tem como patrono Euryclides de Jesus Zerbini.
Nato: North Atlantic Treaty Organization.