Rubens Monteiro de Arruda
Rubens Monteiro de Arruda nasceu em 15 de janeiro de 1922, na cidade de Barretos (SP). Era filho de Wladimir Rodrigues de Arruda e de Nisia M. de Carvalho e Silva de Arruda.
Destacou-se nos estudos desde cedo, recebendo, como consequência, diversos prêmios. No Grupo Escolar de Barretos graduou-se em primeiro lugar, fazendo jus ao Prêmio Maria Parassu Borges. Formou-se, em 1939, no Colégio do Estado de São Paulo. Ingressou, em seguida, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), instituição em que se graduou em 1946.
Ainda enquanto acadêmico, em 1944, começou a trabalhar como estudante estagiário na 1ª Clínica Cirúrgica, sob a orientação dos professores Alípio Corrêa Netto e Euryclides de Jesus Zerbini. Além desses, também devotou grande gratidão ao seu professor de anatomia, Renato Locchi. Essa experiência faria com que dedicasse sua carreira à atividade cirúrgica e a esse serviço. Aí conquistou todos os postos por trabalho e mérito, atingindo o cargo de chefe do Grupo de Pulmão e Mediastino, em 1978.
Atuou no Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital São Luiz Gonzaga, localizado no bairro de Jaçanã (1947-1972), à época de seu ingresso, dirigido pelo professor Euryclides de Jesus Zerbini. O trabalho de Rubens Monteiro de Arruda foi fundamental para o progresso e projeção desse grupo, especializado em cirurgia da tuberculose.
Rubens Monteiro de Arruda era muito dedicado ao paciente, determinado no trabalho, persistente, sério e de prazeroso relacionamento com seus companheiros médicos e paramédicos.
Em 1952 defendeu sua tese de doutoramento na cadeira de anatomia da FMUSP, chefiada pelo professor Renato Locchi, intitulada Observações Anatômicas sobre a Distribuição Bronquial nos Lobos Inferiores no Homem, recebendo aprovação com distinção, grau 10.
Sua dedicação à carreira universitária o faria submeter-se, em 1958, ao concurso de docência-livre, ocasião em que defendeu a tese Lobectomia, Toracoplastia e Ressecção Segmentar no Tratamento das Lesões Tuberculosas do Lobo Superior.
Rubens Monteiro de Arruda era dotado de sólida formação familiar; tinha grande preocupação social e era muito sensível aos problemas comunitários. Em 1962, trabalhando na Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro, ocorreu-lhe pela primeira vez a ideia de ali criar uma escola de medicina. Aceitou esse desafio e não hesitou nesse desiderato, embora estivesse vivendo fortes conquistas em sua carreira universitária.
Assim, planejou e executou não somente a base do ensino médico dessa nova instituição de ensino, como também sua estrutura financeira. Em 28 de janeiro de 1970 surgia a Faculdade de Medicina de Santo Amaro (FMSA), com aprovação do Ministério da Educação e Cultura, concretizando com fé e muita dedicação um grande desafio. Rubens Monteiro de Arruda tornou-se o primeiro diretor dessa novel instituição de ensino e o paraninfo da primeira turma, graduada em 1976, assim se expressando em seu discurso: “Esta Faculdade nasceu pobre, numa casinha, hoje folclórica e romântica”.
Rubens Monteiro de Arruda, professor livre-docente de cirurgia torácica da FMUSP e da FMSA, promoveu salutar intercâmbio entre essas duas escolas de medicina. Cinco anos depois da graduação da primeira turma, em 1981, o conjunto da Faculdade de Medicina de Santo Amaro alcançou o número de 6.000 alunos, prova de que os objetivos estavam sendo atingidos.
Participou, organizou e ministrou diversas aulas em congressos médicos. Ingressou na Academia de Medicina de São Paulo em 21 de março de 1973. Dentre outras funções que exerceu salientam-se: 2o
tesoureiro do Capítulo de São Paulo do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (1961-1963); atuação destacada na Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, integrando o Departamento de Cirurgia Torácica. Como dirigente desse departamento presidiu o Congresso de Cirurgia Torácica efetivado em outubro de 1981, em São Paulo. Fez parte também da Comissão Científica do XXI Congresso Brasileiro de Pneumologia e Tisiologia realizado em novembro de 1982, em São Paulo. Foi vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia no biênio 1981-1982.
Apesar de sua fama e destaque entre seus pares, Rubens Monteiro de Arruda viveu sua vida de maneira simples e autêntica, com a humildade cândida dos vitoriosos. Nunca deixou de praticar a autocrítica e a autoanálise de seus atos. Exigia o máximo de si mesmo e dessa forma se sentia bem. Era de fácil relacionamento com seus colegas de trabalho.
Sua conduta era exemplo no ambiente universitário, pois tinha preceitos éticos inatacáveis. Em sua família foi um esposo dedicado e amoroso, sempre se referindo à sua esposa, filhos e netos com admiração e carinho sinceros. Foi primeiro a perceber a moléstia que o vitimaria. Entretanto, enfrentou-a com altivez, estoicismo e nobreza de caráter. Faleceu em 21 de janeiro de 19845, aos 62 anos. Deixou magníficas lições de conduta no ambiente universitário, postura profissional, enfim, de vida.
Seu nome é honrado como patrono da cadeira nº 123 da augusta Academia de Medicina de São Paulo; dá nome ao Centro Acadêmico e a um Prêmio do melhor trabalho acadêmico-cirúrgico apresentado no Congresso Médico-Acadêmico da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro; e a um Centro de Saúde na cidade de São Paulo.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
A fotografia foi uma cortesia do acadêmico Paulo Kassab, titular da cadeira nº 7 da Academia de Medicina de São Paulo, cujo patrono é Mathias Octávio Roxo Nobre.
Alípio Corrêa Netto foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1947-1948, e é o patrono da cadeira nº 12 desse sodalício.
Euryclides de Jesus Zerbini é o patrono da cadeira nº 29 da Academia de Medicina de São Paulo.
Renato Locchi é o patrono da cadeira nº 42 da Academia de Medicina de São Paulo.
Informação obtida no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.