Ruy Yukimatsu Tanigawa
Lugarejo agrário, absolutamente desprovido de qualquer recurso material, a inexistência de energia elétrica significava a falta de tudo que se poderia imaginar em conforto e bem-estar em uma habitação.
Nesse cenário, às 4h:30 do dia 13 de agosto de 1952, pelas mesmas mãos da parteira do pai Tetuo Tanigawa, passa a existir Ruy Yukimatsu Tanigawa, na bucólica área rural de Penápolis, região noroeste do estado de São Paulo.
Para a mãe Reiko Banai, a vida pregou uma peça dolorosa. O outro parto com assistência médico-hospitalar resultou em natimorto, daquele que seria o irmão e também em histerectomia total; por isso o Ruy ficou como seu único filho.
Nesse mesmo lugarejo Ruy Tanigawa frequentou escola até o terceiro ano do grupo escolar, concluindo o estudo primário na cidade de Penápolis.
Posteriormente, novo lar em São Paulo, seguido do Golpe de 1964, que modificou sobremaneira a rotina familiar com seguidas mudanças de endereços que dificultaram a solidificação de amizades e praticamente inviabilizou os estudos.
A adolescência conflituosa, cheia de questionamentos, reflexões, inquietude interior e precocemente muito trabalho, marcou o período de “rua” como a Universidade da vida, moldura do quadro que a experiência lhe proporcionou.
Aos 17 anos veio a convicção da necessidade do desenvolvimento intelectual e também o despertar da vocação para a medicina; a consciência de que só restava correr e recuperar o tempo distante dos bancos escolares o levou a matricular-se em um “curso de madureza”, que em dias fora fechado por irregularidades. Esse fato foi determinadamente positivo.
Nessa época recebeu sábia orientação para entrar em curso pré-vestibular, o que possibilitou a eliminação das matérias do curso “madureza ginasial” e, nesse mesmo ano, com a maioridade e a carta de emancipação, as matérias do colegial.
No ano seguinte ingressava na Faculdade de Medicina da Fundação do ABC, e muito em função do aparente marasmo das atividades acadêmicas quando comparadas com a vida até então, o levaram novamente às reflexões e questionamentos. O início do segundo ano, terrivelmente maçante, cadeiras básicas discutíveis e essencialmente teóricas. Novas reflexões, principalmente no caminho do ensino que tinha sido ofertado pelo curso pré-vestibular que tinha frequentado. Conseguiu manter-se controlado por mais um ano e depois se rendeu e assumiu a carreira de professor de química com o nome “Tanigawa”.
Lecionou no maior curso pré-vestibular do País, para mais de 20.000 alunos, auxiliando a muitos ao ingresso nas melhores universidades.
A concomitância do exercício de professor e de estudante, em período integral, pareceu ser insana a todos, todavia a vida atribulada e exaustiva o deixavam feliz – era a sua velocidade.
Nos anos 70 o pensamento vigente era a superespecialização da medicina, diferente daquilo que havia idealizado na adolescência, de quando deu a guinada na vida, resolvendo estudar e escolhendo, por vocação, a medicina.
O internato com preceptores e professores altamente motivados para o ensino, entretanto, direcionados para e especialização dos futuros médicos – e não raro – era perceptível a visão da fragmentalização do ser humano, enfatizando a doença e, em menor importância, o doente.
Nessa época, também de reflexões, teve o contato com a homeopatia e a acupuntura que foram apresentadas com a visão totalitária do enfermo, valorizando o doente.
Em 1981 obteve o título de especialista em homeopatia, a seguir, tornou-se professor e também diretor da Associação Paulista de Homeopatia. Nesse mesmo ano integrou um grupo de médicos com a missão de fazer da acupuntura um ato médico.
Pela aplicabilidade em doenças prevalentes; elevada resolutividade e necessidade da devida capacitação dos médicos, em 1995, veio o reconhecimento da especialidade “acupuntura” pelo Conselho Federal de Medicina, e, em 1998, a integração no rol de especialidades da Associação Médica Brasileira (AMB).
Pela acupuntura atuou conjuntamente para a elaboração de provas para titulação e elaboração de programa de residência médica. Foi membro do Conselho Científico e Deliberativo da AMB.
Implantou o Serviço e a Residência Médica em Acupuntura do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, onde atua como coordenador.
Ruy Tanigawa foi presidente da Associação Médica Brasileira de Acupuntura e do Colégio Médico de Acupuntura. Presidiu congressos nacionais e internacionais.
Pela Associação Paulista de Medicina (APM) exerceu o cargo de diretor do Departamento de Tecnologia da Informação; diretor secretário-geral e, atualmente, diretor primeiro-secretário. Exerce também o cargo de conselheiro da Fundação Oncocentro de São Paulo.
Participa do Movimento Mundial pela Paz e pelo Desarmamento Nuclear e, no Brasil, através da APM, vem promovendo a itinerante Exposição Hiroshima – “UM AGOSTO PARA NUNCA ESQUECER”, da qual é o curador.
Pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) foi diretor corregedor adjunto; coordenador das delegacias da capital e, atualmente, exerce o cargo de coordenador de fiscalização.
Ruy Tanigawa possui títulos de especialista em homeopatia, acupuntura e nutrologia.
É coautor do capítulo do livro “Diagnóstico e Tratamento” de Lopes AC2 (capítulo 1 volume 1, São Paulo – Editora Manole, 2005); e coautor do livro Desenvolvendo a Técnica de Bombeamento Iônico (Editora Ícone, 1998).
Fez especialização em educação e prática educativa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1998-2000).
Casou-se durante a graduação com Wilma Yamaguti Tanigawa e tiveram um casal de filhos. A filha, Sley Tanigawa Guimarães, é médica acupunturista, e Ryan Yukimatsu Tanigawa é médico patologista.
Em 7 de março de 2012, sentiu-se honrado por tornar-se um dos novos acadêmicos da Academia de Medicina de São Paulo
NOTAS:
Biografia e foto foram fornecidas pelo autor.
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.