Sergio Florentino de Paiva Meira
Sergio Florentino de Paiva Meira, mas conhecido por Sergio de Paiva Meira ou simplesmente por Sergio Meira, nasceu no estado da Paraíba, em 1857. Era filho de João Florentino de Paiva Meira e de Maria Augusta de Paiva, ambos nascidos em Itabaiana (PB).
Fez seus estudos preparatórios em Recife (PE), de onde migrou para a cidade do Rio de Janeiro. Aí, em 1875, se matriculou na Faculdade de Medicina, graduando-se em 1880. Iniciou sua vida profissional como interno e assistente dos professores Torres Homem e Visconde de Saboia.
Transferiu-se para Campinas (SP), em 1881, onde clinicou até 1888. Casou-se com Adelaide Egydio de Souza Aranha, filha de tradicional família campineira. Teve um renomado filho médico, Sérgio de Paiva Meira Filho, que seria, em 1916, professor da disciplina de anatomia topográfica, operações e aparelhos da Faculdade de Medicina de Cirurgia de São Paulo, assim como, em 1930, professor da disciplina de técnica operatória .
Sérgio Florentino de Paiva Meira radicou-se na cidade de São Paulo, onde viveu até o seu falecimento. Além de médico foi fazendeiro e possuiu várias propriedades agrícolas. Nessa atividade atuou por muito tempo como diretor da Sociedade Paulista de Agricultura.
Ainda durante o Império foi nomeado inspetor geral de Higiene de São Paulo, agência estadual criada em 1891 e voltada para questões de saúde pública. Com a reforma dos serviços, foi nomeado diretor de Higiene de São Paulo, em 30 de julho de 1892, permanecendo nesse órgão, mesmo após a proclamação da República, por aproximadamente 3,5 anos (21/8/1889 a 21/3/1893), sendo sucedido por Emílio Marcondes Ribas (1862-1925).
Homem dotado de farta cultura e grande atividade administrativa, Sérgio Meira foi o organizador do laboratório de análises químicas do Instituto Bacteriológico. Com a colaboração do professor Le Dantec, organizou a Farmácia do Estado. Outrossim, organizou a Policlínica e a “Gota de Leite”. Foi ainda diretor da clínica da Beneficência Portuguesa; médico e mesário da Santa Casa de Misericórdia e membro da Comissão Permanente do Instituto Pasteur, além de exercer outros cargos com grande brilho e eficiência.
Sérgio de Paiva Meira e Mathias de Vilhena Valladão , dois renomados representantes da classe médica paulista no final do século XIX, foram os grandes entusiastas e protagonistas da fundação da insigne Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.
Sergio de Paiva Meira, juntamente Amarante Cruz , Erasmo do Amaral , Ignácio Marcondes de Rezende , Mathias de Vilhena Valladão formaram uma comissão encarregada de redigir os Estatutos do sodalício, sendo apresentados na Assembleia Extraordinária de 18 de fevereiro de 1895, quando foi definida a data de 7 de março de 1895 para a instalação do sodalício. A reunião preparatória para a criação da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo ocorreu em 24 de fevereiro de 1895, no escritório de Sérgio Florentino de Paiva Meira, situado na Rua de São Bento nº 230, onde também foi a primeira sede da entidade.
Nesta reunião preparatória estiveram presentes diversos outros expoentes da classe médica paulista como Theodoro Reichert, Luiz Pereira Barreto, Ignácio Marcondes de Resende, Pedro de Resende, Amarante Cruz, Cândido Espinheira , Erasmo do Amaral, Luiz de Paula, Marcos de Oliveira Arruda e Evaristo da Veiga .
Luiz Pereira Barreto foi aclamado presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo e, ao tomar posse, convidou Mathias de Vilhena Valladão e Sergio Florentino de Paiva Meira para ocuparem os cargos de secretários. A entidade tinha como objetivos zelar pelos interesses da classe médica e contribuir para que nela reinasse a solidariedade. Segundo a ata dessa primeira reunião, cada um dos seus associados contribuiria com seu “manancial científico obtido em sua vasta clínica e no acurado estudo de seu gabinete desta arte para o ensinamento de todos”. A Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi instalada em 15 de março de 1895, no edifício da Faculdade de Direito de São Paulo, gentilmente cedido pelo seu diretor, o Barão de Ramalho.
Já na gestão presidida por Carlos José Botelho, Sérgio Florentino de Paiva Meira era seu secretário e participou, juntamente com outros confrades, da comissão organizadora do 4o Congresso de Medicina e Cirurgia que, infelizmente, apesar dos esforços, foi cancelado pela falta de recursos .
Sérgio Florentino de Paiva Meira teve a honra de presidir a Sociedade de Medicina de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante dois mandados anuais não consecutivos, entre 1902-1903 e 1909-1910, sendo seu oitavo presidente.
Sérgio Florentino de Paiva Meira faleceu na cidade de São Paulo, em 30 de abril de 1917, aos 59 anos. Após o seu falecimento, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo resolveu homenageá-lo, instituindo o Prêmio Sérgio Meira, destinado a galardoar a melhor tese de doutoramento apresentada pelos alunos que se graduavam pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.
Seu nome é também honrado numa rua, no bairro de Santa Cecília, da capital paulista.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
João Florentino de Paiva Meira bacharelou-se pela Faculdade de Direito em 1851, sendo logo nomeado procurador da Comarca de Pilar (PB). Afiliado ao Partido Liberal, foi deputado e juiz da província do Ceará; senador pela Paraíba em 1880, e, no ano seguinte, recebeu a nomeação de governador da província de Minas Gerais. Também ocupou o cargo de ministro da Marinha, em 1882. Em seu primeiro casamento, João Florentino teve seis filhos, sendo três homens e três mulheres: Sérgio Florentino, médico, radicado em São Paulo; João Florentino, farmacêutico e fundador da Escola de Farmácia e Odontologia de São Paulo; Gentil Augusto, almirante da Marinha de Guerra do Brasil; Maria Amélia, Emília, professora, e Sarah.
João Vicente Torres Homem é o patrono da cadeira nº 70 da Academia de Medicina de São Paulo.
Sérgio Florentino de Paiva Meira Filho foi também diretor da Faculdade de Medicina de São Paulo (1930-1932) e é honrado com a patronímica da cadeira nº 111 da Academia de Medicina de São Paulo.
Emílio Marcondes Ribas é o patrono da cadeira nº 56 da Academia de Medicina de São Paulo.
Mathias de Vilhena Valladão presidiu a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo por um mandato anual entre 1898-1899, e é o patrono da cadeira nº 13 desse sodalício.
Luiz Gonzaga de Amarante Cruz foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de São Paulo, e é o patrono da cadeira nº 97 desse sodalício.
Erasmo do Amaral foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo.
Ignácio Marcondes de Rezende foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo.
Theodoro Reichert foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo.
Luiz Pereira Barreto foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1895-1896, e é o patrono da cadeira nº 1 desse sodalício.
Pedro de Resende foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo.
Luiz Gonzaga de Amarante Cruz foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, e é o patrono da cadeira nº 97 desse sodalício.
Cândido Espinheira foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, e é o patrono da cadeira nº 129 desse sodalício.
Luiz de Paula foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo.
Marcos de Oliveira Arruda foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo.
Evaristo da Veiga foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, e é o patrono da cadeira nº 107 desse sodalício.
Carlos José Botelho foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser seu segundo presidente num mandato anual entre 1896-1897, e é o patrono da cadeira nº 55 desse sodalício.
Esse congresso foi realizado em 1900, no Rio de Janeiro. A cidade de São Paulo sediou apenas em 1907, um Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, no qual a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi responsável por sua organização.