Sylvio Azambuja de Oliva Maia
Sylvio Azambuja de Oliva Maia, mais conhecido por Sylvio Maia nasceu no ano de 1866, era filho do doutor João Carlos de Oliva Maia e de Ernestina Macedo de Azambuja.
Graduou-se em medicina e exerceu sua profissão na cidade de São Paulo, destacando-se pela sua educação não somente como médico, mas também como chefe de família.
Era simpático, cortês, afável e de agradável trato. Segundo seu contemporâneo e biografo Rubião Meira, era “alto e magro, possuía cabeleira preta que o tornavam um belo homem”.
Casou-se, em 1866, na cidade Piracicaba (SP), com Sophia Tobias de Aguiar, sua prima.
Dedicou-se à obstetrícia sendo diretor da maternidade, tempo em que essa casa de saúde – de aspecto precário – se localizava na ladeira de Santa Efigênia. Contudo, devido à sua grande influência social e auxiliado pela generosidade das damas da alta sociedade paulistana, conseguiu fundar uma nova maternidade na rua Frei Caneca – Maternidade São Paulo – onde todos os recursos da ciência da época se achavam reunidos. Aí, na condição de diretor, deu ao novel nosocômio sua feição e sua alma.
Sylvio Maia foi um consagrado parteiro e durante diversos anos era a última palavra na especialidade, pois associava seu notório conhecimento médico à sua personalidade afável e carismática.
Ao lado de Amâncio Carvalho, José Valeriano de Souza, Meira de Vasconcelos, Américo Braziliense, José Frederico Borba, Buarque de Holanda e tantos outros que honraram São Paulo com seus trabalhos, foi professor da Escola de Farmácia e Odontologia de São Paulo.
Sylvio Maia pertenceu à Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser presidente durante um mandato anual entre 1908-19094 .
Nesse sodalício, Sylvio Maia integrou a comissão organizadora, presidida por Arnaldo Vieira de Carvalho, para a realização do I Congresso Médico Paulista. O evento foi realizado na capital de 4 a 9 de dezembro de 1916, tendo como temas oficiais as principais endemias e epidemias presentes em terras paulistas: tuberculose, lepra, disenteria, febre tifoide e ancilostomose. Os temas de cirurgia e os diversos aspectos da higiene urbana também estiveram presentes. O I Congresso Médico Paulista contou com a participação de médicos, veterinários, dentistas, parteiras, farmacêuticos e engenheiros oriundos de várias regiões do país. Junto ao evento foi realizada uma Exposição de Higiene, na qual foram apresentados produtos farmacêuticos, químicos e alimentícios.
Por ocasião da fundação da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, Sylvio Maia foi contratado, em 17 de janeiro de 1917, para ser o primeiro lente da cátedra de obstetrícia (1917-1924). Desenvolveu a função embora não tivesse grande inclinação ao magistério. Ademais, nessa ocasião, já estava se retirando das atividades clínicas, além de ter se tornado lavrador e proprietário de fazendas, o que lhe absorvia tempo com outras preocupações.
Assim se referiu Rubião Alves Meira: “Era muito estimado pelos alunos e respeitado por todos os que viviam sob sua direção. Nunca abandonou o lugar de diretor da Maternidade, onde sempre se dedicou, mesmo nas horas de maior atrapalhação que suas lavouras lhe davam, e conservou o lugar até o seu falecimento. Mas da faculdade ele se retirou cedo, após alguns ensinamentos”.
Cientificamente produziu pouco, escrevendo alguns artigos para a “Revista Médica de São Paulo” editada por de Victor Godinho e Artur de Mendonça .
Sylvio Maia foi sucedido através de concurso, na cátedra de obstetrícia, por Raul Briquet que, com notória capacidade didática e vasta cultura médica, deu grande desenvolvimento ao ensino da especialidade.
Com o falecimento de Sylvio Maia, São Paulo privou-se não somente de um dos mais notórios obstetras de seu tempo, mas também de um homem reto, justo, bondoso, fidalgo, sereno, pacífico e empreendedor.
Sylvio Maia faleceu em 10 de abril de 1933.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
A foto foi obtida no Museu Histórico “Professor Carlos da Silva Lacaz” da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Domingos Rubião Alves Meira foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante meio mandato anual entre 1905-1906 e um mandato anual entre 1911-1912, e é o patrono da cadeira nº 51 desse sodalício.
Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1924-1925, é o patrono da cadeira nº 100 desse sodalício.
Sylvio Maia havia sido vice-presidente durante um mandato anual na gestão antecedente de João Alves Lima entre 1907-1908.
Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante dois mandatos anuais entre 1901-1902 e 1906- 1907, e é o patrono da cadeira nº 11 desse sodalício.
Arthur de Mendonça foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1903-1904.
Raul Carlos Briquet é o patrono da cadeira nº 52 da Academia de Medicina de São Paulo.
Dados obtidos no jornal o Estado de São Paulo – Edição de 16 de abril de 1933 (domingo), página 12.
Sylvio Maia faleceu em 10 de abril de 1933, aos 67 anos.