Vinício Paride Conte
Vinício Paride Conte, nasceu em Urupês, estado de São Paulo, em 10 fevereiro de 1930. Prestou concurso de habilitação (vestibular), em janeiro de 1948 e, em março, matriculou-se no primeiro ano do curso médico. Graduou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 1953.
Desde a infância praticou esportes como futebol de campo, de salão, natação (competiu na MacMed), tênis e atletismo (corrida não competitiva e deambulação).
Iniciou suas atividades profissionais no Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP. Em agosto de 1950, como acadêmico do terceiro ano médico, ingressou no serviço de gastroenterologia do HCFMUSP. Nessa ocasião demonstrou atenção especial aos problemas da patologia da vesícula biliar. No início da década de cinquenta, um dos assuntos em evidência era o das colecistopatias crônicas não calculosas. Criou-se um grupo de trabalho para estudar o problema, especialmente para desenvolver métodos para o diagnóstico da afecção. Essa investigação estendeu-se por vários anos e, em 1961 e 1962, foram publicados os primeiros trabalhos relacionados ao assunto. Nessa mesma linha de estudos, em 1964, utilizou pela primeira vez, no Brasil, a colecistocinina como estímulo motor da vesícula biliar, o que permitiu com segurança o diagnóstico de discinesia mecânica desse órgão. O resultado dessa investigação foi motivo de tese inaugural defendida na FMUSP, em 1966.
A partir de 1956, surgiu o interesse pela laparoscopia como propedêutica diagnóstica das afecções hepatobiliares e peritoneais, técnica que foi um dos primeiros a utilizar no Brasil.
Em 1971, estudando a fisiopatologia do confluente duodenobiliopancreático, foi agraciado com o premio “João Gomes Xavier”.
A partir de 1971 passou a integrar o recém-criado grupo de estudos das pancreatites crônicas, particularmente as de origem etílica, atividade essa que deu origem a vários trabalhos publicados.
A partir de 1972, do estreito relacionamento mantido com os elementos do setor de esôfagologia do Departamento de Cirurgia, passou a interessar-se pelo estudo dos pacientes com megaesôfago chagásico. Observando vários casos de colelitíase nesses pacientes, surgiu a ideia, como hipótese de trabalho, da eventual correlação da causa e efeito entre as duas afecções. O desenvolvimento dessa investigação possibilitou a realização da tese de livre-docência, aprovada pela FMUSP, em 1999.
Após sua formatura, em dezembro de 1953, fez internato (1954) e residência (1955), essa última pela cadeira de terapêutica clínica no Serviço de Gastroenterologia. Em 1956 foi designado para ocupar o cargo de assistente de clínica médica no pronto-socorro do Hospital das Clínicas, onde permaneceu dois anos. Não deixou, no entanto, de frequentar o Serviço de Gastroenterologia, desempenhando as mesmas funções anteriores. O estágio no pronto-socorro possibilitou-lhe adquirir novos conhecimentos e estender a experiência adquirida durante o internato e a residência.
Com a extinção da cadeira de terapêutica clínica em 1960, passou a exercer suas atividades na primeira Divisão de Clínica Médica. Em 1961 transferiu-se para a segunda Divisão de Clínica Médica, onde permaneceu até 1967. Nessa época, com a criação da enfermaria geral, passou a integrar esse novo serviço onde participou dos cursos de Clínica Propedêutica e de Gastroenterologia, ministrados aos alunos do terceiro e quarto ano da FMUSP e residentes da especialidade.
Em 1970 passou a pertencer à disciplina de gastroenterologia, onde exerceu suas funções até o ano 2000, ocasião de sua aposentadoria compulsória, aos 70 anos de idade.
Durante cinco anos foi responsável pelo ambulatório e ensino dos estudantes, estagiários, internos e residentes dessa disciplina. Nos impedimentos do coordenador, professor dr. Agostinho Bettarello, assumia suas funções. De 1970 a 1977 foi responsável pela coordenação do curso de prégraduados para os alunos do terceiro e quarto anos.
Exerceu a função de docente nos cursos de Formação de Especialistas em Gastroenterologia. Quando o Conselho Federal de Educação reconheceu o curso de mestrado, tornou-se professor regente de disciplina (boca, orofaringe, vias aéreas superiores, vesícula e vias biliares; e Peritoneoscopia – parecer no 362/74 MEC/CFE – até maio de 1976, quando deixou a instituição.
No Hospital das Clínicas ocupou o cargo de médico supervisor de dezembro de 1980 até 1999. Na Sociedade de Gastroenterologia e Nutrição de São Paulo ocupou o cargo de primeiro tesoureiro de 1981 a 1983; o mesmo cargo na Federação Brasileira de Gastroenterologia e na Comissão Organizadora dos Congressos Mundiais de Gastroenterologia realizados em São Paulo, em 1986. Foi tesoureiro do II Meeting Internacional de Pâncreas realizado em São Paulo, em 1986.
Ao lado das atividades didáticas e administrativas, atuou em prol da classe médica, junto à Associação Paulista de Medicina, de 1971 a 1977, inicialmente integrando sua diretoria, na qualidade de primeiro tesoureiro (1971-1973); depois, fazendo parte das Comissões de Finanças e Fiscais e, finalmente, como presidente do Departamento do Clube de Campo (1975-1977).
Montou seu consultório em 1957, no Instituto de Gastroenterologia de São Paulo (IGSP), na rua Silvia no 276, até 1977. A seguir, no Imeg, à Av. Brigadeiro Faria Lima nº 1960, até 1989. Depois, na mesma avenida, na Clínica Médica Paulista, até 1993. Atualmente, mantém seu consultório no Hospital Israelita Albert Einstein.
Alguns títulos foram acumulados no decorrer da vida, como por exemplo o de sócio jubilado da AMB2 (1999); fundador do IGSP (1957); membro fundador do Ibepege3 (1977); médico do corpo clínico do Hospital São Camilo desde 1960; do Hospital Sírio-Libanês desde 1966; do Hospital Alemão Oswaldo Cruz desde 1967; do Hospital 9 de julho desde 1967; e do HIAE4 , desde 2004.
Em outubro de 2006, o Cremesp5 outorgou-me o diploma de “Dedicação Profissional pelos 50 anos de trabalho médico ao povo paulista”.
Vinício Paride Conte teve participação em diversos congressos e colaborou na realização de teses, além de ter participado em bancas examinadoras. Publicou 51 trabalhos científicos em revistas nacionais e 5 em revistas estrangeiras; e escreveu capítulos em livros, tais como Farmacodinâmica, Gastroenterologia, Temas em Afecções Bílio-Pancreáticas, Terapêutica Clínica, Monografia – Doença de Chagas, Gastroenterologia Clínica, Clínica do Indivíduo Idoso, Manifestações Digestivas da Moléstia de Chagas, Semiologia Digestiva, Manual de Gastroenterologia Clínica.
NOTAS:
Biografia e foto foram fornecidas pelo autor.
Pequenas inserções e adaptações do texto ao perfil desta secção, assim como as notas de rodapé foram feitas pelo Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
AMB – Associação Médica Brasileira.
Ibepege – Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas de Gastroenterologia.
HIAE – Hospital Israelita Albert Einstein.
Cremesp – Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.