Mestre Adelino Ângelo, Universalista, por Acad. Guido Arturo Palomba
Eis novamente em São Paulo o grande Mestre Adelino Ângelo (português de nascimento, reside no Porto), o gênio da pintura contemporânea, a prestigiar as posses das diretorias da Associação Médica Brasileira (AMB) e da Associação Paulista de Medicina (APM).
Aqui esteve em 2008, quando promoveu maravilhosa exposição, a inaugurar a Pinacoteca da APM, com cerca de cem telas vindas de Portugal.
Os que conhecem a obra do Mestre sabemos que sua grande paixão é pintar figuras da miséria, andrajosos, esmoleres, desvalidos da razão: são Cristos vivos do século XXI, seres anônimos que não estão pregados à cruz sacrossanta, mas às encruzilhadas da vida que os esconjurou. Seus rostos escavados pelas agruras cotidianas e seus físicos definhados pelas necessidades de todo o gênero, ao serem transportados às telas, ganham os céus, pois tornam-se venerados pelos admiradores boquiabertos.
Como Sigmund Freud, pai da Psicanálise, que fez da desgraça da alma um monumento escrito da psicologia, Adelino Ângelo, filho do Impressionismo Universal, faz da miséria humana maravilhosas obras de arte. Freud adentrou o psiquismo e, prenhe de mitologia grega, criou os seus Édipos, tal como Adelino Ângelo, prenhe do mundo, mostra-nos criaturas desconhecidas, mas repletas de significados psicológicos.
O que Freud descreveu dos recônditos mentais, Adelino Ângelo expressa com tela e tinta!
Nato em Portugal, não é, todavia, pintor português, mas do mundo: não é nacionalista, mas universalista. Sua obra abrange vasta gama temática, a deitar raízes na vida cigana, na loucura, nos Cristos desta época, nos nômades, nas paisagens, lembrando, de caminho, que Mestre Adelino Ângelo é um dos mais importantes retratistas contemporâneos.
Eminentemente impressionista, vale a pena recordar que se trata de exímio desenhista, que nos confidenciou: “o mais importante sempre foi o desenho, pois somente assim é que se faz obra didática, pedagógica e científica”.
Há quem diga, e com justas razões, que estamos nos avindo com gema preciosa do mesmo quilate de El Greco, de Goya, de Caravaggio. Sim. Porém, Adelino Ângelo tem o privilégio de dominar a luz que somente Sorolla e Bastyda conseguiu e de usar da cor intuitivamente, como poucos até hoje o fizeram, para atingir excepcional grau de profundidade emotiva. Sua obra (são quase cinco mil trabalhos espalhados pelo mundo), não temos dúvida em afirmar, ficará para todo o sempre, como patrimônio da humanidade.
Artigo em homenagem à Senhora Lá-Salett Magalhães, esposa dedicada do Mestre Adelino Ângelo