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Tertúlia Acadêmica de julho debate o câncer de próstata

14.07.2023 | Tertúlias

Na última quarta-feira, 12 de julho, a Associação Paulista de Medicina sediou mais uma edição da Tertúlia da Academia de Medicina de São Paulo. O evento teve uma palestra sobre o tema “Câncer de Próstata – Diagnóstico Laboratorial”, com o professor Titular de Clínica Médica e Medicina Laboratorial da Escola Paulista de Medicina/Unifesp, Adagmar Andriolo.

Como de praxe, o encontro foi apresentado pelo presidente da AMSP, Helio Begliomini. “Temos a honra de receber hoje Adagmar Andriolo, formado na Escola Paulista de Medicina, que se dedicou à vida acadêmica na FMUSP e hoje é professor Titular na mesma universidade em que se formou. Além disso, é revisor e editor de artigos, livros e revistas científicas.”

Panorama dos casos

O acadêmico palestrante iniciou a apresentação reforçando que o câncer é uma das doenças que mais causam mortes prematuras no mundo – antes dos 70 anos de idade. Segundo ele, o número de casos vem aumentando em todo o planeta: em 2020, o Global Cancer Observatory registrou a estimativa de 19,3 milhões de novos casos, além de apontar que uma em cada cinco pessoas terá câncer durante a vida.

Anualmente, 9,6 milhões de indivíduos acabam vindo a óbito em decorrência da enfermidade.

“O câncer de mama feminino, de pulmão, cólon e reto, próstata e câncer de pele não melanoma são os que mais ocorrem. Correspondem a quase 50% de todos os cânceres no mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, de 2023 a 2025, a cada ano, teremos 704 mil novos casos de câncer no Brasil. Isso representa um aumento de 10% a 12% em relação aos anos anteriores. Considerando a população em geral, temos o câncer de pele não melanoma como o principal, representando 31% de todos os casos no Brasil, e esse provavelmente é o preço que pagamos por ser um país tropical e que usa pouco filtro solar”, explica o professor.

Na população do sexo masculino, a maior quantidade de incidências é em relação ao câncer de pulmão e próstata (2,7 milhões de novos casos por ano). De acordo com Andriolo, o câncer de pulmão ainda é alto nos homens por conta de um histórico de tabagismo, e haveria 95% de redução desse problema caso o vício fosse interrompido, pois os componentes da droga são exorbitantemente nocivos à Saúde.

Próstata

“A próstata fica situada abaixo da bexiga, à frente do reto e envolve parte da uretra. Podemos afirmar que o câncer de próstata é, em sua maioria, curável ou pode ser controlado. Mas, até a década de 1990, o diagnóstico era difícil, pois só era feito a partir da ocorrência de eventos envolvendo a metástase. Quando o indivíduo tinha uma metástase óssea, algum membro quebrado, ia-se examinar a fratura e assim era descoberto o câncer. Porém, a doença já havia se espalhado, e ainda assim, essa detecção só era possível nesses casos grandes”, especifica o palestrante.

De acordo com ele, o principal fator de risco da patologia é a idade, visto que a incidência aumenta significativamente a partir dos 50 anos, e cerca de três quartos dos casos ocorrem a partir dos 65 anos de idade. Pode-se apontar também os fatores genéticos (mutações no BRCA1 e BRCA2), tabagismo, obesidade, exposições a derivados de petróleo e aminas aromáticas (substâncias presentes na carne grelhada e bem passada, devido à degradação das proteínas) como agravantes das células cancerígenas.

“Se diagnosticarmos enquanto a doença está em estágio inicial, apenas na glândula, o indivíduo terá uma sobrevida de 75% em dez anos, por isso, a importância de fazer um diagnóstico precoce”. Adagmar Andriolo ressalta o repúdio que os indivíduos do sexo masculino nutrem em relação ao principal exame para detecção de tumores na próstata: “O exame de toque retal é o principal para detectar tumores no início, além de ser minimamente invasivo; mas, há muito machismo e estigma associados a essa prática. Precisamos trabalhar e combater esse preconceito na população masculina”.

PSA

Há cerca de 30 anos, surgiu o antígeno prostático específico (PSA) – glicoproteína produzida primariamente pelas células epiteliais da próstata –, apontado pelo professor como o marcador bioquímico mais utilizado até o momento para diagnósticos, estadiamento, evolução, recorrência e resposta ao tratamento. Entretanto, este não diferencia o tumor indolente (menor agressividade) do insolente (maior agressividade).

“É necessário que os profissionais de Saúde especifiquem ao paciente que há alguns fatores que podem elevar o PSA, para que ele paciente não os faça antes do exame, evitando o diagnóstico errado. Infecção urinária, trauma perineal – ciclismo e hipismo – e ejaculações há menos de 48h são algumas das causas de elevação do antígeno prostático específico”, alertou o profissional.

Em conclusão, o acadêmico mostrou um estudo realizado pelo British Journal of Cancer, que descobriu uma relação direta do tamanho do dedo da mão com a próstata, ou seja, se o dedo indicador for maior que o anelar, há menor risco de desenvolver câncer de próstata. Isso ocorre porque o comprimento do dedo indicador é inversamente relacionado à exposição à testosterona intrauterina; e esses baixos níveis de testosterona antes do nascimento aparentemente são uma proteção contra as células cancerígenas da próstata.

Texto: Comunicação – APM

Fotos: Alexandre Diniz